Guia da Semana

A primeira coisa que nos vem à cabeça quando pensamos em Literatura Russa é que a leitura é praticamente impossível. Isso faz com que, muitas vezes, deixemos de conhecer um título incrível por achar que não vamos conseguir compreendê-lo ou que o prazer de ler será transformado em algo extremamente cansativo.

Entretanto, os escritores russos possuem algo de especial: eles não são distintos e peculiares apenas pela escrita, mas pelas próprias pessoas que foram ou são, o que os torna a personificação de suas próprias obras. Isso, sem dúvidas, faz com que nós, leitores, consigamos enxergar um pouco do que eles são por dentro... E essa é uma experiência impagável.

Assim, para que você conheça alguns dos maiores nomes e se aproxime dessa literatura incrível e profunda, o Guia da Semana lista os escritores que você deveria ler. Confira:

LEON TOLSTOI

Tolstoi era conde e nasceu em uma família rica. Ficou órfão muito cedo, ainda na infância, e foi criado e educado por perceptores. Devido ao sentimento de vazio que sentia, alistou-se ao exército e, no início da vida adulta, passou a investir boa parte do tempo (e dinheiro) em bebida, jogo e prostitutas. Mais tarde, repudiou profundamente essa fase.

Mais velho, preocupado com a precariedade da educação no meio rural, criou uma escola para filhos de camponeses. O escritor mesmo escreveu grande parte do material didático e, ao contrário da pedagogia da época, deixava os alunos livres, sem excessivas regras e sem punições.

Teve 13 filhos de um casamento extremamente complicado e, depois de ter se dedicado imensamente à vida familiar, passou a escrever e tornou-se imensamente famoso logo com os primeiros títulos - Guerra e Paz, e Anna Karenina.

Bem sucedido como escritor, atormentava-se com questões sobre o sentido da vida e, por isso, passou a viver de forma simples como os camponeses.

Indicações de obras: Guerra e Paz, Anna Karenina, Ressurreição.

FIÓDOR DOSTOIÉVSKI

Dostoiévski é considerado um dos maiores autores da história da humanidade, posição de extrema responsabilidade e reconhecimento. Entretanto, engana-se quem pensa que sua vida foi tranquila e maravilhosa.

Na juventude, participou de um grupo intelectual revolucionário e foi acusado de conspirar contra o imperador da Rússia e condenado à morte. Apenas quando já estava posicionado para ser fuzilado, teve sua pena transformada em trabalhos forçados e o fato o marcou e mudou completamente sua história.

Suas obras exploram a autodestruição, humilhação e assassinato, além de analisar estados patológicos que levam ao suicídio, à loucura e homicídios.

Indicações de obras: Crime e Castigo, Os irmãos Karamázov, Diário do Subsolo, O Idiota e Os Demônios.

DANIIL KHARMS

Em suas obras, protestava contra o realismo socialista e, por pouco, não acabou passando pela mesma situação que Dostoiévski. Assim, com a censura, já que não conseguia mais escrever como queria para a literatura adulta, passou a escrever livros infantis - e chocou as autoridades.

Os contos fizeram muito sucesso com o público infantojuvenil, afinal, o autor adotou um humor sombrio e tragicômico para contar situações banais. Em um de seus mais famosos, diversas velhas lançavam-se pela janela só para satisfazer a curiosidade de saber o que a velha anterior estava olhando. Mais adiante, o narrador, cansado de ver as mulheres morrendo, vai para a feira. O título? “Velhas que caem”.

Indicações de obras: Esqueci como se chama, Os sonhos teus vão acabar contigo, As velhas que caem.

NIKOLAI GOGOL

Gogol foi um contista genial, romancista e teatrólogo, além de um dos fundadores da moderna literatura russa. Levou à Russia o realismo fantástico e escreveu livros considerados obras primas, como "O Capote" e "O Retrato".

O gosto pela leitura veio através de seu pai e a crença e religião de sua mãe - o que mais tarde transformou-se em um apego pelo misticismo extremamente doentio. Conheceu o grande poeta Alexandre Pushkin, que influenciou obras que ainda não haviam começado a ser escritas.

A sua obra reflete o lado moralista das questões que dizem respeito à condição humana, trágica e inapelavelmente prisioneira na sua jaula.

Indicações de obras: O Capote, O Retrato, Arabescos e Almas Mortas.

ANTON TCHEKHOV

O escritor inventou uma nova forma de escrever contos: com o mínimo de enredo e o máximo de emoção. Em suas histórias, criava atmosferas, registrando situações que não se encerravam no final dos relatos - diferente do gênero da época, intrigante, com desfechos inesperados. Com uma visão de mundo ora humorística, ora poética, ora dramática, Tchekhov captou momentos ocasionais da realidade, fatias de vida, pequenos flagrantes do cotidiano, estados de espírito da gente comum. A genialidade de sua arte era transformar incidentes laterais e aparentemente insignificantes da existência individual em representações perfeitas do destino humano. Suas histórias não tinham o fanatismo e a densidade de Dostoievski nem o idealismo de Tolstoi, eram apenas humanas.

Indicações de obras: A Gaivota, As três irmãs, A festividade e A arte da simulação.

Por Nathália Tourais

Atualizado em 28 Out 2015.