Guia da Semana

Umbrella, da cantora Rihanna, foi um dos hits mais baixados legalmente em 2007


A derrocada das grandes gravadoras está em pauta há pelos menos uma década, quando o compartilhamento de músicas via internet firmou-se como um de seus principais vilões. No período de quatro anos, de 2002 a 2006, o mercado fonográfico brasileiro amargou uma perda de quase 50% de receita com a venda de CDs e DVDs. Em compensação, o setor acompanhou um crescimento vertiginoso no número de downloads pagos entre 2006 e 2007 - um aumento de arrecadação de 127%, ou cerca de 5,7 milhões de reais, segundo a ABPD, Associação Brasileira de Produtores de Discos. Se o mapa da mina pode ser a exploração do comércio de música digital, o grande desafio das gravadoras e artistas continua sendo a facilidade oferecida pela internet a quem está disposto a baixar arquivos ilicitamente.

O cerco aperta

Seguindo a tendência de países como Japão, Canadá, Coréia do Sul e Taiwan, os provedores de internet no Brasil têm procurado meios de restringir o tráfego de arquivos de áudio e vídeo que utilizem as tecnologias P2P e BitTorrent, as mais procuradas pelos internautas. Embora o objetivo primário da medida seja evitar que o uso da banda permaneça monopolizado pela troca de músicas e filmes em detrimento à navegação - estima-se que cerca de 80% do trânsito na rede de provedores envolva o compartilhamento de arquivos protegidos por lei -, as barreiras erguidas já despertam o descontentamento dos internautas.

Em comunidades de sites de relacionamento, fóruns e até no YouTube, os protestos contra os provedores são cada vez mais freqüentes. À dificuldade em atingir as antigas taxas de velocidade soma-se outro problema: os arquivos propositalmente adulterados. Álbuns baixados de fontes ilegais costumam revelar oscilações de volume entremeadas por mensagens ou ruídos pouco convenientes, além de muitas vezes não apresentarem as faixas do disco procurado.



Ainda que as gravadoras tenham registrado um aumento sensível no número de downloads legais, o compartilhamento de arquivos sem autorização segue como uma pedra no sapato da indústria fonográfica. A última pesquisa realizada pela ABPD, em 2006, sobre a música digital no Brasil, calculou que aproximadamente 1,1 bilhão de canções foram baixadas ilegalmente, a grande maioria proveniente de aplicativos como Emule, LimeWire e Shareaza, justamente os mais combatidos pelos próprios provedores. O número impressiona ainda mais se for levado em conta que para cada download feito de forma legal, outros 20 utilizam meios ilícitos.

Possíveis saídas

No crescente mercado da música digital, as gravadoras apostam na força da música pop. O gênero responde pelas primeiras posições entre as canções mais baixadas de forma legal em 2007. "Girlfriend", da canadense Avril Lavigne, "Umbrella", da cantora Rihanna, e "Flavor Of Life", da estrela japonesa Utada Hikaru, figuraram no topo da lista com números entre 6,6 e 7,3 milhões de downloads.

Outro segmento que tem dado um fôlego extra às gravadoras é a venda de músicas e ringtones para aparelhos celulares. No Japão, a telefonia móvel responde por 91% do mercado da música digital, um número que explica por que o país figura ao lado de Estados Unidos e Reino Unido como os principais consumidores desse tipo de produto. A iTunes Store, loja virtual da Apple, de olho na expansão do setor, disponibilizou milhares de músicas de seu acervo para serem convertidas em ringtones.

Atualizado em 6 Set 2011.