Guia da Semana

Foto: Getty Images


Muito se fala a respeito da origem da música. Estudiosos do assunto apresentam suas teses, músicos filosofam nos bares da cidade tentando chegar a um acordo, leigos chutam palpites. Mas de onde será que vem a música? Quem foi o primeiro a organizar com a voz algumas notas numa pauta imaginária?

Talvez, em uma bela manhã de domingo, Deus resolveu dar umas lições de música a alguns passarinhos. Canários, curiós, bem-te-vis e uirapurus sentados nas nuvens ouviam com atenção os ensinamentos do mestre. Talvez um deles tenha ido fazer a lição de casa lá na Terra e, enquanto assobiava as notas aprendidas nas alturas, foi surpreendido por um papagaio-ladrão. O bicho lhe roubou a melodia. Daí para frente é lenda.

Ou não. Ou foi um Homo Sapiens que achou um pôster de alguma banda de rock desenhado na parede da caverna. Deixou barba e cabelo crescerem, usou pedaços de madeira para construir sua guitarra e passou a se defender dos animais no melhor estilo voz rouca e acordes pesados. Não tinha urso que aguentava a barulheira.

Quem sabe foram os chineses que inventaram a música. (Essa teoria se baseia na simples ideia de que toda invenção a gente tende a atribuir aos chineses).

Também existe a chance da música ter nascido na natureza. Um dia, alguns sapos se reuniram na beira da lagoa para coaxar. Primeiro, eles faziam barulhos sem sentido nem sequência harmônica. Mas ventava muito. Dois gravetos se desprenderam de uma ávore. Tendo o vento como maestro, os sapos passaram a obedecer ao comando dos gravetos. Em poucos minutos, o coaxo virou música. Nascia ali o primeiro coral da história da humanidade.

Será que a música nasceu na guerra? Há milhares de anos, dois povos travavam uma batalha para conquistar um território. Eram vários guerreiros em seus cavalos esperando a ordem de ataque de seus líderes. Mas um cavalo impaciente começou a bater as pernas. O cavalo do inimigo respondeu. E eles ficaram nessa de bater pernas como dois músicos quando brincam de conversar por meio de som no palco. Então, todos os cavalos seguiram o exemplo. Nascia ali a música e, de brinde, o contraponto.

Acho que não. O mais provável é que o mar trouxe uma garrafa até certa ilha, onde um náufrago morava já havia alguns anos. Ele apanhou a garrafa, levou-a até a boca e assoprou. E gostou do que ouviu. Naquele dia, o náufrago desistiu de pescar. Passou horas assoprando a garrafa em busca de melodias agradáveis. Ali, nascia a música e o primeiro flautista de que se tem registro.

Há quem acredite que a música nasceu com as baleias. Lá nas primeiras páginas da nossa história, elas decidiram se reunir em algum lugar do oceano para fazer aquele som tão peculiar. Na platéia, de corvina a tubarão. No final do show, as baleias foram aplaudidas em pé pelos peixes que conseguiam saltar da água. Naquele dia, os peixes-elétricos ficaram responsáveis pela amplificação. Que som! Alterou até a estrutura de alguns pedaços de terra. Assim nasciam a música e as ilhas.

A música também pode ter chegado até aqui sozinha, tocando ela mesma pelo curso da humanidade. Mas isso são apenas teorias. Na verdade, a música está sempre nascendo. Basta alguém tirar um violão da caixa. Todo dia tem gente fazendo parto de som. Para sorte de nossos ouvidos.

Quem é o colunista: Pedro Cavalcanti.

O que faz: Publicitário.

Pecado gastronômico: Qualquer prato preparado pela minha avó.

Melhor lugar do Mundo: Aqui e agora, como diria o Gil.

O que está ouvindo no carro, iPod, mp3: Ulisses Rocha, Pat Metheny, Chico Saraiva

Fale com ele: [email protected]

Atualizado em 6 Set 2011.