Guia da Semana

Foto: Agueda Amaral

Depois de dez anos, Beth Faria volta aos palcos como Shirley Valentine

Prestes a completar 68 anos, Beth Faria continua esbanjando alegria, vitalidade e espontaneidade. Toda essa energia aparece agora renovada, com sua volta aos palcos, no monólogo Shirley Valentine, em cartaz no Centro Cultural Banco do Brasil, em São Paulo. A apresentação conta com a direção de Guilherme Leme e texto do dramaturgo inglês Willy Russel, em um espetáculo de uma hora de duração.

A peça marca o retorno da atriz ao teatro, após quase dez anos afastada, por problemas pessoais e maternais. E se o público está ansioso (ou pelo menos curioso) pelo que vai encontrar, Beth já adianta que o sentimento é recíproco. "Pareço uma adolescente, estou ansiosa. Quero que o público me aprove. Eu tenho até insônia, fico pensando se ficou bom, se as pessoas vão gostar. Me sinto estreando na carreira de novo".

Sob medida

Para encarar a nova empreitada, a atriz se cercou das melhores companhias, selecionando a dedo Guilherme para assumir a direção. "Essa é a vantagem de ser velha, posso colocar banca, escolher o diretor, a produção e tudo que eu quiser", diz. Mas deixando as brincadeiras de lado, ela conta sobre a importância do diretor na escolha do texto. "Se hoje estou neste palco, com esta personagem, a culpa toda é dele. Nada mais justo ele me dirigir", afirma.

Foto: Agueda Amaral

O monólogo foi um desafio para a atriz

O texto em questão é um clássico das artes cênicas, escrito na década de 80, no qual Russel retrata uma dona de casa que decide combater o vazio de sua vida com uma viagem à Grécia, levando a plateia a um redescobrimento da personagem e seus sonhos, antes perdidos na rotina e no casamento. O diretor também foi responsável pela adaptação. "Ela é um monstro no cinema, já interpretou quase todas as mulheres do mundo. Eu quis juntar todas elas na Shirley", afirmou Guilherme.

A princípio, a atriz resistiu em fazer um monólogo em sua volta ao teatro. "Monólogo é um salto do trapézio sem rede. Mas acho que este estava escrito para mim. Já havia sido procurada por um produtor de São Paulo em 2008, para a mesma peça". A oportunidade para viver Shirley apareceu novamente durante uma leitura do texto no CCBB. "Chamei o Guilherme para dirigir a leitura dramatizada. Foi um sucesso surpreendente. Espero que os deuses do teatro recebam bem essa filha pródiga".

E se os mesmos deuses do teatro apreciarem montagens leves e divertidas, Beth está no caminho certo. "A coisa básica é tocar o coração das pessoas. A peça bate no coração e aí vai todo mundo jantar, feliz. É tanto abacaxi nessa vida que ninguém precisa de mais um. Nada de espetáculo de duas horas", brinca a atriz em uma alusão a duração breve do espetáculo.

Semelhanças

Foto: Agueda Amaral

Beth em cena do monólogo, marcado pela rapidez e leveza

Assim como acontece muitas vezes na relação entre atores e personagens, a vida termina imitando a arte. Essa identificação, no caso de Beth e Shirley, pode ser constatada na reinvenção. "Busco não me acomodar na vida e na carreira. Acredito apenas em ser legal e feliz", compara a protagonista, enquanto já anuncia planos futuros, mesmo no meio da correria da peça em cartaz. "Ainda está muito cedo para falar o que vou fazer depois que a temporada acabar. Mas não é porque eu voltei ao teatro que vou deixar a televisão e o cinema de lado", finaliza. O público agradece.

Atualizado em 6 Set 2011.