Guia da Semana

Banda Mantiqueira: Indicação ao Grammy e turnê no exterior
Foto: Gabriel Boieiras e Silvio Aurichio

Ao redor do mundo, reverencia-se o talento do músico brasileiro. Por aqui, como já dizia o saudoso Tom Jobim, fazer sucesso parece pecado. Pecado ou simples desatenção do público, a música instrumental brasileira não sabe o que é um período de estiagem há décadas. O Guia da Semana traz um breve perfil de alguns ícones do gênero, que continuam dando mostras de brilhantismo e renovação.

Pau Brasil

Quando os primeiros integrantes do grupo Pau Brasil decidiram congregar ritmos americanos, europeus, latinos e africanos conferindo a essa fusão um toque genuinamente brasileiro, a idéia que tinham na cabeça era o Manifesto Antropófago, criado por Oswald de Andrade e apresentado durante a Semana de Arte Moderna de 22, de onde surgiu a inspiração para o nome do conjunto.

Desde a década de 70 na estrada, o grupo, que já foi composto por mais de uma dezena de músicos como Roberto Sion, Azael Rodrigues e os geniais Lelo e João Eduardo Nazário, participou dos principais festivais de jazz e música instrumental da Europa. Hoje, o conjunto conta com Teco Cardoso (saxofone), Ricardo Mosca (bateria), Paulo Belinatti (violão), o remanescente Rodolfo Stroeter (contra-baixo) e Nelson Alyres (piano), e aposta em novos trabalhos e parcerias com nomes da MPB como Mônica Salmaso, Dori Caymmi, Joyce e Naná Vasconcelos.

Ayres, membro do Pau Brasil
Ayres, também conhecido por comandar durante anos o programa Jazz & Cia, da TV Cultura, tem uma extensa trajetória de sucesso na música brasileira. Ainda que tenha permanecido distante dos holofotes da grande mídia, o pianista ajudou na formação de importantes conjuntos como a São Paulo Dixieland Jazz Band e a Orquestra Jazz Sinfônica. Com a experiência de quem já dividiu o palco com ninguém menos do que Dizzy Gillespie, Ron Carter, The Platters e Benny Carter, Ayres continua a povoar os principais clubes de jazz do país, acompanhado ou não do Pau Brasil.

Jazz Sinfônica

Recriar arranjos clássicos e adaptar composições consagradas, dando-lhes novas roupagens é um dos chamarizes da Orquestra Jazz Sinfônica, de São Paulo. Criado no início da década de 90 por Eduardo Gudin e Arrigo Barnabé - célebre pianista e compositor paranaense -, o conjunto instrumental costuma convidar grandes personalidades do cenário musical brasileiro e internacional para a série de apresentações realizada no Memorial da América Latina.

Ao promover a aproximação de talentos individuais como o guitarrista John Pizzarelli, a cantora Jane Monheit e o magistral Paulinho da Viola de uma verdadeira orquestra com ares de big-band, a Jazz Sinfônica presenteia o público com um formato diferente, que raras vezes o próprio artista tem a oportunidade de integrar. Além de um time competente, formado por mais de 80 músicos, a orquestra conta com a regência dos maestros João Maurício Galindo e do experiente Cyro Pereira.

Banda Mantiqueira

Desde os primórdios de sua história, o jazz é intensamente identificado com a imagem das big bands, tradicionais conjuntos que costumavam animar de festas a velórios pelas ruas de Nova Orleans. Na primeira metade do século, as big bands encontraram em Benny Goodman, Count Basie e Duke Ellington seu maiores expoentes. Hoje, não tão incensadas quanto antigamente, tais bandas se reinventam, sem deixar de recorrer ao balanço do swing e do dixieland.

Mantiqueira: brasilidade nos arranjos
Exemplo de dinamismo e sofisticação musical, a Banda Mantiqueira casa gêneros tipicamente brasileiros, como samba e bossa nova, à gafieira e ao choro, sem perder as bases jazzísticas. Seu naipe de metal dialoga docemente com percussão e cordas, dando vida a composições de Cartola, Nelson Cavaquinho, João Bosco, Pixinguinha e até Villa-Lobos, entre outros mitos da música brasileira. Turnês pelo exterior e uma indicações ao Grammy são reflexos do reconhecimento que a Banda Mantiqueira tem obtido em terras estrangeiras, que infelizmente no Brasil se limita apenas ao círculo da música instrumental.

Zimbo Trio

Em 2006, durante a Virada Cultural, um dos eventos mais importantes do calendário paulistano, uma extensa fila contornava o Teatro Municipal da cidade em busca de ingressos para assistir a apresentação do Zimbo Trio, o respeitado grupo formado pelo pianista Amilton Godoy, o baterista Rubinho Barsotti e o contrabaixtista Itamar Collaço. Em mais de três décadas de trabalho dedicado à música, emulando o melhor da sonoridade genuinamente nacional, o Zimbo Trio arrebanhou uma legião de admiradores e seguidores de diversas faixas de idade, como se pode comprovar em seus shows.

Atualizado em 6 Set 2011.