Guia da Semana

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As irmãs Dailyelen e Katyelen, que ganharam projeção com a balada Tem Quem Me Ame

Quando se fala em música sertaneja, logo vem à cabeça a imagem de duplas consagradas, sempre formadas por homens, como Chitãozinho e Xororó, Zezé Di Camargo e Luciano, ou até os primeiros nomes do gênero, como Milionário e José Rico. Mas há alguns anos esse cenário protagonizado por peões vem se transformando. Cada vez mais, vozes femininas roubam a cena e ganham destaque nesse universo.

Aproveitando a onda no sertanejo universitário, que traz uma levada mais pop e alegre, diversos talentos femininos despontaram na cena sertaneja e caíram nas graças dos fãs do ritmo. Ao contrário do panorama de alguns anos atrás, hoje é possível encontrar duplas femininas, cantoras solo e grupos de mulheres sertanejas. Entre os nomes de destaque estão Maria Cecília, parceira de Rodolfo; Ana Paula Félix; as irmãs Dailyelen e Katyelen (As Ellens); Paula Fernandes, entre outras.

"Eu encaro isso como uma vantagem para a nossa carreira. Quando nós iniciamos, há dez anos, encontramos muitas dificuldades por sermos uma dupla feminina, principalmente em relação à parte comercial. Os empresários não investiam em mulheres, pois não era comum na época", conta a paranaense Dailyelen, que sempre cantava ao lado de sua irmã nas rodas de viola que aconteciam entre os familiares.

Segundo Dailyelen, os investidores sempre davam prioridade para duplas masculinas, uma vez que o formato fazia mais sucesso na época. "Hoje o quadro mudou, pois existem várias cantoras sertanejas e isso só nos favorece. As vozes femininas são consideradas grandes revelações", diz. Dailyelen conta que o público que curte o som das irmãs é muito mais feminino do que masculino. "As mulheres se identificam com as nossas músicas, pois procuramos passar o desabafo da mulher", explica.

Sertanejo de saia

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Uma das mais populares gatas do sertanejo, a namorada de Rodolfo, Maria Cecília, faz a primeira voz da dupla

Já Maria Cecília, que começou a cantar por brincadeira na faculdade de zootecnia, não encontrou dificuldades para entrar no mercado, já que iniciou em 2007, no auge do sertanejo universitário. "Por causa da curiosidade das pessoas, as portas se abriram mais rapidamente. Ninguém estava acostumado a ouvir uma mulher cantando esse novo sertanejo. Com a curiosidade, começaram a ouvir e acabaram gostando", lembra.

Outra musa que está ganhando espaço nesse cenário musical é Ana Paula Félix, irmã de Bruno, da dupla Bruno e Marrone. A cantora começou como backing vocal da dupla em 1995, aos 17 anos. Em 2008, resolveu seguir carreira solo e lançou o CD intitulado Vai Subir Poeira, que traz uma levada sertaneja moderna, chamada por ela de "axénejo". Para Ana Paula, ser mulher e irmã de um artista consagrado dificultou ainda mais o ingresso no sertanejo.

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Backing vocal da dupla sertaneja do irmão, Ana Paula Félix lançou o disco solo Vai Subir Poeira, que traz uma levada moderna

"Todos acham que é mais fácil conquistar o sucesso por ser irmã de um sertanejo famoso. Tive mais dificuldade por ser irmã do Bruno e por ser mulher. As pessoas acreditam mais em homens. Além disso, acham que, só por ser irmã do Bruno, não tenho talento ou que não preciso de ajuda", diz. Ana Paula afirma que a nova roupagem do gênero facilitou a entrada de mais figuras femininas nesse mercado, embora ainda existam dificuldades.

"É sempre mais difícil para a mulher, não só no sertanejo. Sempre vemos muitos homens que fazem sucesso e poucas mulheres. Mas hoje existem duplas femininas, o que era difícil ver antigamente. Através do sertanejo universitário, quem tem uma levada mais para cima, as coisas ficaram mais fáceis para a mulherada", diz Ana Paula.

Atualizado em 6 Set 2011.