Guia da Semana


Da dir. p/ esp: Yves Passarel, Fê Lemos, Dinho Ouro Preto e Flávio Lemos

Marcada musicalmente pelo rock'n roll, a década de 80 apresentou bandas como Barão Vermelho, Kid Abelha, Paralamas do Sucesso, Titãs, a extinta Aborto Elétrico que, após sua separação, resultou em Legião Urbana e Capital Inicial. Essa última, criada em 1982, hoje é formada por Dinho Ouro Preto (vocais), Yves Passarel (guitarra), Fê Lemos (bateria) e Flávio Lemos (baixista). A banda lançou em agosto de 2008 o CD e DVD Multishow Ao Vivo: Capital Inicial em Brasília, gravado na capital nacional. Esse trabalho foi o primeiro disco ao vivo com a presença de Yves Passarel e também marcou a comemoração dos 25 anos de carreira da banda.

Depois de dois anos longe dos palcos paulistas, o Capital voltou ao Credicard Hall, no fim de agosto, reunindo cerca de seis mil fãs que fizeram o show junto com o quarteto. Em meio aos ensaios para novos projetos e a preparação para o show na capital paulista, o guitarrista Yves Passarel conversou com a equipe do Guia da Semana, a respeito do trabalho gravado em Brasília, o estilo da banda e como o Capital Inicial continua conquistando diversos fãs em todo o país.

Guia da Semana: Depois de dois anos longe dos palcos de São Paulo, o que vocês esperaram desse show? (o show aconteceu no Credicard Hall).

Yves Passarel: Nós estávamos com uma expectativa bacana. Sempre gostamos de tocar em SP, porque é uma cidade bem rock'n roll e foi um show que ninguém tinha visto ainda, pois é o que gravamos ao vivo em Brasília. Tudo o que a gente colocou no DVD esteve no show. Não somente as músicas, mas também levamos o cenário inteiro. Foi um show bem bacana com um público bem legal! A energia era fantástica.


Guia da Semana: Como foi a produção do novo DVD, gravado em Brasília? E porque vocês escolheram a capital nacional?
Yves Passarel:
Foi uma produção gigantesca que marcou os 25 anos de carreira da banda. Primeiro que, musicalmente, ficamos um mês e meio só com os ensaios, porque não queríamos que absolutamente nada desse errado. Foram mais de 200 pessoas trabalhando com toda a produção. O cenário foi pensado de tal forma que pudéssemos levá-lo para os shows em todo o país, durante a turnê, após o lançamento do DVD. E tivemos o privilégio de, além do nosso cenário, termos um cenário natural: em frente o congresso nacional, com os projetos arquitetônicos de Oscar Niemeyer ao lado. Já a escolha de Brasília para a gravação, foi porque é o começo de tudo do Capital. Não tinha como não ser lá.

Guia da Semana: Vocês gravaram canções de sucesso da banda, além de composições do antigo Aborto Elétrico. Quais os critérios que vocês usaram na seleção das músicas para a gravação desse DVD?

Yves Passarel: Na verdade, a gente deu prioridade para as músicas do Capital dos anos 90. É claro que há algumas dos anos 80, como Independência e Fogo. Mas a maioria das canções é do fim dos anos 90 pra cá, como Dessa Maneira e Mais, por exemplo. Nós priorizamos um pouco mais o repertório dessa fase e fizemos também algumas homenagens a Cássia Eller, que também era de Brasília e gravamos Mulher de Fases do Raimundos.



Guia da Semana: Por falar na gravação desse sucesso do Raimundos, qual foi o motivo para a escolha dessa música?
Yves
Passarel: A banda Raimundos veio em uma geração seguinte e acredito que seja uma banda muito importante para o rock'n roll. Eu não sei como eles estão agora, mas essa música marcou muito o rock nacional e a gente gosta muito da canção e quando ela rola no show você vê que o público agita e pula muito e a gente também gosta muito de tocar.

Guia da Semana: Como vocês fazem para adaptar o rock antigo dos anos 80 para o atual?
Yves
Passarel: A gente sempre tenta inovar. Eu acho que o grande lance de uma banda de rock, seja dos anos 80 ou 90, é fazer músicas novas. Ficar olhando para trás e vendo a sonoridade dos anos anteriores, faz com que você fique preso a uma fórmula. O Capital Inicial, desde a volta, se preocupou sempre em renovar o repertório e não ficar dependendo somente das composições dos anos 80. Isso é importante, pois quando a banda compõe coisas novas, tenta não cair no modismo. Eu acho que o Capital tem uma linha própria e não vamos agora ficar na linha emo ou outro estilo, porque somos o que construímos nesses anos todos. A banda já tem uma sonoridade própria, reconhecida por quem gosta da gente. Eu acho que não adianta mais mudar agora o que é. Se você fizer músicas novas e ficar renovando, reciclando, você vai sempre estar melhorando.


Guia da Semana: O que você acha das bandas atuais como Fresno, NXZero? Você acha que elas também fazem um rock como o Capital Inicial? Acredita que essas bandas podem dar continuidade ao legítimo rock?
Yves
Passarel: Acredito que sim. Muitas pessoas ficam taxando as bandas de determinados nomes. É a coisa mais comum, mas eu acho o NX Zero uma banda ótima de rock 'n roll. O Fresno também, eu já vi eles tocando e a gente até já tocou juntos e eles fazem rock sim. E fazendo rock'n roll, tocando o estilo, eu fico muito feliz!


Guia da Semana: O que vocês acham de tantos jovens serem seguidores da banda, já que vocês surgiram em uma outra geração?
Yves
Passarel: Isso faz parte dessa renovação que eu falei. Porque se a gente ficasse tocando só coisas do passado, ai você só tocaria para pessoas que conheceram a banda somente naquela época. O que o Capital Inicial fez, foi gravar discos novos com músicas novas. Então o publico renova também. O repertório se renovou. E quanto às bandas se basearem na gente, eu acho que é preciso ter uma referência, não somente em nós, mas também em outros grupos nacionais e internacionais. É bom ouvir de tudo um pouco para montar seu estilo e seu repertório.

Guia da Semana: O tempo que ficam na estrada ajuda a terem mais ideias para projetos futuros e também na consolidação do trabalho?
Yves
Passarel: Isso ajuda e muito, porque a gente passa mais da metade do ano juntos, na estrada, tocando. É muito tempo fora de casa. Sempre rola alguma composição que acontece na hora. Agora estamos ensaiando para a gravação do novo disco e as ideias foram vindo enquanto viajávamos juntos.

Guia da Semana: Quais as principais influências da banda?
Yves
Passarel: É difícil falar da banda em si, porque cada integrante tem suas próprias influências. Mas, eu gosto muito de Led Zeplin, Black Sabbath, escuto muito do Red Hot Chili Peppers, porque sou muito fã de um guitarrista que já fez parte da banda, chamado John Frusciante.



Guia da Semana: Apesar da banda ser rotulada como rock'n roll, vocês também escutam outros estilos musicais?
Yves
Passarel: O que eu mais escuto é rock, mas não tenho preconceito conta outros estilos. Eu escuto alguns reggaes. Mas te falar que sou fã de hip hop ou MPB, isso não muito, apesar que Lenine é um cara muito legal, que faz um som muito bacana. Eu acabo ouvindo um pouco de tudo, mas o que eu mais escuto é rock, não tem como fugir disso.

Guia da Semana: No começo de agosto, a Pitty lançou seu novo trabalho Chiaroscuro. Ela disponibilizou em seu site duas canções do trabalho, antes mesmo de ser lançado. O que você acha de muitos músicos disso. Acredita que isso possa ajudar na divulgação do trabalho?
Yves
Passarel: Eu acho que é natural, você tem que apresentar seu trabalho de uma forma que as pessoas o conheça. É o caminho natural para quem disponibiliza suas músicas novas e isso ajuda em muito na divulgação, sendo um contato direto com o público, porque assim ele pode conhecer o trabalho e se gostar acaba comprando o disco. É bacana mostrar isso para o seu público.

Guia da Semana: O que há de diferente no Capital Inicial de hoje com o Capital de 25 anos atrás?
Yves
Passarel: Eu não sei exatamente te dizer, porque eu não estava no Capital há 25 anos atrás, mas o que eu acompanhei da banda até eu fazer parte dela, a partir de 2001, é que aquela garra que eu vejo no Dinho (vocalista), no Flávio (baixista) não mudou. São sempre mais diretos possíveis, tanto nas músicas, quanto nas letras.

Guia da Semana: Vocês já têm em mente projetos futuros?
Yves
Passarel: Estamos ensaiando para a gravação do novo disco. A previsão para começarmos a gravar é em outubro ou novembro. O lançamento está previsto para depois do carnaval em 2010. Esse trabalho terá somente canções inéditas.


Fotos: Divulgação

Atualizado em 6 Set 2011.