Guia da Semana


Por Thiago Kaczuroski


Um texto escrito em 1890, que até hoje interessa pessoas das mais diversas idades, principalmente jovens. O Retrato de Dorian Gray ganha uma nova adaptação, feita por Débora Dubois e Marcos Damigo, que fica em cartaz no Teatro Popular do Sesi de 22 de abril a 13 de agosto. O Guia da Semana conversou com ambos, que contaram como foi a preparação do espetáculo.

Débora, que dirige a peça, conta que a adaptação do texto aconteceu rapidamente. " Foram cerca de três meses de trabalho. No texto, especificamente, ficamos trabalhando uma semana" Marcos conta que o ritmo foi intenso: " fiquei uma semana, junto com a Lavínia Lorenzon e a Débora, e trabalhávamos doze, quatorze horas por dia ajeitando as falas, a dramaturgia, mas o texto ficou muito próximo do original".

A diretora conta que a idéia de adaptar o livro de Oscar Wilde surgiu depois de ver uma notícia. " Há alguns anos, dois jovens morreram ao usar anabolizante de gado. Essa busca pela beleza física a qualquer custo me fez reler o romance e perceber que ali as questões dessa beleza estavam muito vivas ainda. E o jovem tem muito disso". A peça foi montada visando principalmente este público, os adolescentes. " No Brasil temos peças adultas e infantis; este público adolescente tem muito poucas peças escritas e poucos grupos encenando".

Marcos afirma que o espetáculo tem uma preocupação especial com o público. " O primeiro cuidado é não subestimar o jovem, fazendo uma coisa rasa. Visitando fóruns na internet sobre o Dorian Gray, vi gente de 15, 16 anos com uma percepção, uma sensibilidade, que deixa muito ´adulto´ no chinelo". Marcelo diz que quer estabelecer uma relação não de "adulto para adolescente", mas de "gente para gente" com a peça.

Uma das coisas "jovens" do espetáculo é a trilha sonora, que vai da música clássica ao rock. " No palco teremos dois músicos, tocando piano e celo, e um DJ, que fará a sonoplastia da peça e a trilha sonora. Começa com um concerto de Rachmaninov e vai até a Björk, Metallica e Nirvana". Depois da temporada no Teatro Popular do Sesi, Débora quer levar a peça para outros lugares do país. " Pretendemos viajar, sim. Mas tudo depende de patrocínio. É uma peça grande, com cenários, aparelhagem, usamos quatro laptops em cena. É um espetáculo caro. Mas nossa vontade é levar para outras cidades".

Uma história de mais de 110 anos, sobre um jovem que não envelhece, mas sofre todas as frustrações e desvantagens de manter-se sempre com a mesma aparência. Uma história de um jovem, que não foi escrita exatamente para os jovens, e que interessa pessoas de várias idades há diversas gerações. O Retrato de Dorian Gray é uma coohance de conferir um dos clássicos da literatura mundial encenado em um local de fácil acesso e, melhor ainda, de graça!

Atualizado em 6 Set 2011.