Guia da Semana

Colaborou: Fábio Camargo

Foto: Gabriel Oliveira

Provavelmente uma das melhores opções na TV aberta nas noites de segunda-feira, o CQC ( Custe o que Custar) conquista a simpatia do público. Prova disso é a audiência arrebanhada pelo programa, que conseguiu dobrar as médias da Band no horário. A atração vai ao ar às 22h, ao vivo, sob o comando do apresentador formado em engenharia Marcelo Tas. Ao seu lado na bancada estão Marco Luque (integrante do humorístico Terça Insana) e Rafinha Bastos, que faz no teatro a peça A Arte do Insulto. Completam o time de repórteres irreverentes Rafael Cortez, Felipe Andreoli, Danilo Gentili e Oscar Filho.

O programa chegou ao Brasil fruto de uma franquia inaugurada na Argentina na década de 90. A estréia por aqui ocorreu em março passado e cada vez mais faz barulho com assuntos de interesse nacional. Para Marcelo Tas, "o público brasileiro estava pronto para receber este tipo de programa. As notícias são tão absurdas que o humor é uma maneira legal de ver o mundo, especialmente o Brasil". E é de forma irreverente e muito direta que os repórteres apuram denúncias, entrevistam políticos, conversam com celebridades e defendem a comunidade.

Mão na massa

Foto: Gabriel Oliveira
Nos bastidores, Marcelo Tas e Marco Luque se divertem na maquiagem

O programa é apresentado ao vivo e tem cerca de 2h30 de duração. É feito um pequeno intervalo no começo, depois segue um bloco extenso e posteriormente entra outra inserção comercial. Neste período, as matérias feitas na rua são exibidas e comentadas pelos três apresentadores. Marcelo Tas explica: "o programa é feito de uma maneira parecida como eu sempre trabalhei: é feito um roteiro com as melhores idéias e na hora H tem muito improviso, mas alguns comentários já foram pensados antes e estão no roteiro". Quem decide quais serão as matérias da semana, como serão feitas e quem irá à rua é o diretor Diego Barredo. Curiosamente, quem comanda o CQC no Brasil é um argentino!

Quanto ao quadro Proteste Já, Rafinha Bastos conta que os assuntos são escolhidos com apuração de informações de jornais de todo o Brasil e também denúncias. Ele revela que o programa chega a receber 1,5 mil emails por semana. Depois, a equipe levanta todas as informações antes de colocar o repórter na rua. "Algumas coisas mudam durante o processo, algumas matérias dão uma virada. O Proteste Já vai se construindo de acordo com os acontecimentos, mas saímos com muita informação", detalha o jornalista.

O Top 5, que seleciona cinco momentos marcantes da TV da semana anterior, é feito por cinco estagiários que monitoram os canais de televisão aberta durante o período. "Eles fazem este trabalho da casa deles. São feitos filtros do que eles selecionam e junto com a direção e os roteiristas do programa são escolhidos aqueles que irão entrar", comenta Marcelo Tas.

Rafinha Bastos é o único do time de apresentadores que também faz matérias. A explicação dos produtores do programa para o fato é simples: há dificuldade em administrar a agenda deles, que devem impreterivelmente ir à Band toda segunda-feira para a atração ao vivo. Ficaria quase inviável se todos fossem à rua. O próprio Rafinha conta que se dedica ao programa quase diariamente, sobrando apenas o domingo para atuar em seu projeto no teatro.

Quem tem medo do CQC?

Foto: Gabriel Oliveira
Repórter Danilo Gentili no estúdio minutos antes do programa entrar ao vivo

A maneira um tanto direta que os repórteres do CQC abordam os temas tem provocado descontentamento, principalmente na esfera política. Marcelo Tas é categórico: "quem impede a entrada do CQC é quem tem algo a esconder. Como sabem que não fazemos perguntas combinadas, tentam barrar, mas sempre damos um jeito".

Rafinha Bastos, que já confrontou algumas autoridades em seu quadro Proteste Já, afirma que quando é recebido da maneira correta, não há motivo para ser indelicado. "Quero ir lá e ser ouvido para fazer com que as autoridades cumpram o trabalho delas, nada mais do que isso. Muito pior é se abster, pois o programa está em rede nacional", pontua. E ainda completa que o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, é um exemplo dos que não falam ao CQC, ao contrário do ex-prefeito Paulo Maluf, que nunca fugiu de uma câmera. "O CQC está criando um estigma: os artistas estão amando e os políticos, odiando", observa o apresentador.

O futuro do CQC

Os sete homens de terno preto e óculos escuros prometem trazer muitas novidades para o programa. Marco Luque, que participa da bancada de apresentadores, afirma já ter alguma coisa em vista para também participar das matérias na rua: "acho que eles estão me segurando na manga para alguma coisa para o futuro". O humorista, que faz sua estréia na televisão, diz que demorou para se sentir à vontade em frente às câmeras e que se sente muito melhor quando interpreta personagens, como no espetáculo humorístico Terça Insana.

Com o fim do quadro do Repórter Inexperiente, de Danilo Gentili, novas atrações estão por vir, mas nenhum dos integrantes revela como serão e quando entrarão no ar. Marcelo Tas deu a dica de que novidades virão na época das eleições e que não serão entrevistas com políticos, ele apenas concluiu cheio de ironia: "mal posso esperar".

CURIOSIDADES
 Os apresentadores e repórteres só podem ser fotografados caracterizados com o terno preto. As roupas são idênticas, e as iniciais de cada um na camisa e na parte de dentro dos sapatos diferenciam as peças.

 Rafinha Bastos já foi atleta profissional de basquete e passou duas temporadas jogando nos Estados Unidos.

 Marco Luque, por sua vez, era jogador de futebol. Chegou a atuar na segunda divisão do Santo André e até a jogar na Espanha.

 Marcelo Tas já conhecia o CQC de outros países há cerca de 10 anos e era fã da atração. Quando foi escalado para ancorar o programa no Brasil, a equipe que trabalharia ao lado dele estava praticamente pronta.

 O time de repórteres/humoristas começou a ser montado no fim de 2007.

 Marcelo Tas afirma que adoraria se houvesse uma versão para o rádio do programa. "Eu seria o primeiro a abraçar a causa", afirmou.

 A platéia do CQC acomoda 140 pessoas. As caravanas aguardam do lado de fora, ganham um lanche e a entrada no estúdio ocorre por volta das 21h15, quando as pessoas recebem instruções para se comportar durante o programa ao vivo. A fila de espera para assistir ao programa é de cerca de dois meses. As inscrições pode ser feitas no email: [email protected]


Atualizado em 10 Abr 2012.