Guia da Semana

Zeca quer voltar mais para o "povão" com o novo disco


Foi assim, assertivo e bem humorado, que Zeca Pagodinho sentenciou o fim do terno branco que marcou a turnê do Acústico MTV 2 - Gafieira. Com o recém-lançado Uma Prova de Amor, Zeca quer ficar mais à vontade, com o pé no chão, como canta nos versos de uma das faixas do álbum: "Todo sujeito pacato, dado à simplicidade / Quanto mais perto do luxo, mais longe ele fica da felicidade".

Para marcar a volta à fase "mais povão", como ele mesmo definiu, Zeca comemorou o lançamento do disco, em 27 de setembro, do jeito que mais gosta: com uma bela feijoada. Como também era dia de São Cosme e São Damião, o cantor resolveu homenagear os santos e distribuiu doces e brinquedos para as crianças na rua.

As gravações do novo trabalho foram marcadas por muitas parcerias e alguns momentos emocionantes. Além dos amigos de sempre, como Nelson Rufino, Serginho Meriti e Mauro Diniz, Uma Prova de Amor também contou com participações muito especiais, como João Donato em Sambou... Sambou e Jorge Ben Jor, que cantou junto com Zeca uma oração a Ogum. A Velha Guarda da Portela, sempre presente, gravou um pot-pourri com três de suas antigas canções.

O CD é dedicado a Regina Casé, amiga do sambista. Além de ter sido presença constante nos estúdios, a atriz ainda tocou todos os dias a faixa-título do disco para o pai, pouco antes de ele falecer. Regina assina até o release de divulgação do disco. Logo após terminar os ensaios para os shows da nova turnê, Zeca conversou com o Guia da Semana. Confira a entrevista abaixo!

Zeca garante que o novo show já vai começar "pegando fogo"


Você disse que queria voltar mais para o povão. O que é isso pra você, o que quis dizer?
Zeca:
Voltar mais eu, mais Zeca, tava muito arrumadinho! De terno, não sei o quê. Eu estava cantando muito paradinho ali. Cara, eu gosto de movimento, de cantar samba da antiga, de cantar partido alto. O Gafieira foi muito bacana, que levou uma roupagem que muita gente não conhecia do samba, deu uma moral pro samba. Mas eu gosto de voltar a cantar o Talarico (Ladrão de Mulher, do disco Um dos Poetas do Samba, de 1992), Não Sou Mais Disso (do disco Deixa Clarear, de 1996), voltar pra isso.

Mas é diferente então fazer samba para rico e samba para pobre?
Zeca:
Ah, é um pouquinho. O rico demora mais pra se animar, o pobre já chega animado. [fala arrastado, cantando] Não me incomoda, mas demora mais para o show esquentar.

Então o que a gente pode esperar desse novo show, o que vai ser diferente?
Zeca:
Agora é o chapa quente! Já vamos entrar pegando fogo! [risos]

Mas Zeca, pelo menos aqui em São Paulo, os preços dos shows não estão muito populares não...
Zeca:
É? Não sei... Isso aí eu nem sei, cara! Isso eu "tô" por fora, não é a minha parte.

E você vai continuar se apresentando de branco?
Zeca:
Ah, não! Cada dia eu sou um. Eu não vou ficar só de branco, não sou pai-de-santo, nem médico! [risos]

Quando você lançou o disco, você homenageou São Cosme e São Damião. Você tinha feito algum pedido pra eles?
Zeca:
Eu não peço nada, só peço saúde pra eu poder trabalhar.

O que foi mais emocionante durante a gravação desse disco: o que aconteceu com a Regina Casé, a oração para Ogum com Jorge Ben Jor ou gravar com a Velha Guarda da Portela?
Zeca:
Foi tudo muito emocionante. Mas o mais emocionante foi a história da Casé e a história do Ben Jor fazendo a oração, que foi do ca***** também! A Velha Guarda já grava comigo há 23 anos, essa emoção eu já tenho todo ano.

Atualizado em 6 Set 2011.