Guia da Semana

Foto: Divulgação

Agridoce, de Sonekka, foi lançado na web após gravação do show de estreia

Não adianta ter dinheiro, o som tem que rolar. Aparecer nas rádios e disputar os primeiros lugares entre os tops não é tarefa fácil. Além de boa música, a banda precisa ter a visão de uma empresa, cuidar da imagem e estar disposta a investir nela, se necessário. "É um plano de marketing como qualquer organização o faria para se colocar no mercado. Até pagar pelo espaço. É tudo um grande negócio, e todo mundo precisa sobreviver". A frase é do cantor e compositor Sonekka, artista independente que chegou a emplacar uma faixa, Ela Só Pensa em Beijar, na trilha sonora de Amor e Intrigas, novela de Rede Record.

Afinado com tendências de mercado, Sonekka, adepto de mídias alternativas e que já até lançou um álbum pela internet, explica a visão do músico independente, que pode obter verba por meio da Lei Rouanet para investir em publicidade e, se necessário, comprar horários para promoção. Segundo o cantor, algumas rádios até fornecem nota fiscal caso o artista peça, já que não há problema algum investir em publicidade em um veículo que é concessão pública. E completa: "Ainda mais se essa verba for limpa, oriunda dos mecanismos legais de incentivo à cultura". Para ele, as FMs são um meio de comunicação como qualquer outro e precisam sobreviver. Mas avisa que "vai chegar um momento em que o músico pode precisar abrir a carteira".

Como a maior fonte de renda das emissoras é a publicidade, a programação precisa chamar a atenção e tocar o que o público quer ouvir. Na visão do próprio músico, a função das emissoras mudou com a tecnologia e as formas de relacionamento que existem. "Hoje, todo mundo é artista, tem Myspace, faz remix e gravação em casa. O público não ouve rádio para conhecer coisas novas. Quem faz esse trabalho é a própria internet com compartilhamento de arquivos, YouTube e outras redes", analisa.

Da garagem para o ar

Quem desejar ser o próximo grande fenômeno da música nacional precisa ter um bom papo, qualidade e, essencialmente, paciência. Há algumas diferenças de atuação entre as emissoras: das quatro rádios de São Paulo procuradas pela reportagem, apenas uma admitiu não trabalhar com venda de espaço para tocar a canção de trabalho, a Nova Brasil FM, que informou todos os dados necessários para envio do material, para que fosse verificado se a banda "entra no perfil da rádio". Em todas elas, contudo, é necessária uma reunião com os diretores artístico, de programação e os donos da emissora.

A Jovem Pan adota prática semelhante. Como explica Di, diretor de programação, é necessário enviar o material para a sede para ser avaliado. Enquadrada na proposta da rádio, é marcada uma reunião com os diretores, mas, segundo Di, "não sei se nessa reunião é falado algo sobre valores ou compra de espaço. O que conta mesmo é a proposta da banda e a qualidade do trabalho. Tem que apresentar um algo a mais, pois hoje o mercado musical tem muita gente".

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Na Metropolitana FM, o caminho foi um pouco diferente. Há a opção de submeter o trabalho aos diretores por meio de envio de mídia para o endereço da emissora, na Avenida Paulista, e agendar uma reunião. Ou, segundo sugestão da própria atendente, "posso te passar direto para o departamento comercial", abrindo o precedente para uma banda que tenha uma visão empresarial.

A Rádio Mix trabalha diretamente com departamento comercial. Indagada sobre emplacar uma nova música de trabalho de uma banda que busca se lançar no cenário, a atendente foi direta: "Envie um email para nosso departamento comercial que ela passará todas as opções, e marca com vocês e com a diretora artística". A direção artística da rádio, no entanto, afirmou que tal prática nao acontece, requisitando apenas o envio de material gravado e uma boa apresentação para avaliação.

Atualizado em 6 Set 2011.