Guia da Semana

Gabriel Oliveira
Diogo Vilela em coletiva de imprensa do Otelo
"Apesar de ter sido escrita no século XVII, o espetáculo é contemporâneo porque trata da inveja humana". É assim que Diogo Vilela define a montagem onde dá vida ao emblemático Iago e divide a direção com Marcus Alvisi, "O mundo está muito violento, há uma banalização do mal. Shakespeare fala da dificuldade existente em nós, seres humanos, de aceitar a felicidade do próximo. É uma peça que fala da maldade", completa o ator. A consagrada obra do escritor inglês William Shakespeare recebe uma nova adaptação pela tradução de João Gabriela Carneiro e Leonardo Marona, em cartaz no teatro Raul Cortez, em São Paulo.

O drama conta à história de Otelo um mouro negro, comandante do exército de Veneza na guerra contra os turcos pela posse da ilha de Chipre. Contrariando as convenções e o protocolo militar, Otelo e Desdêmona, filha de um político influente de Veneza, se apaixonam e se unem, enchendo Brabântio, pai de Desdêmona, de desgosto. Da insegurança de Otelo, devido à sua cor e origem, nasce a baixa auto-estima que o leva a perder-se em ciúmes, plantado em cena pela maldade de seu ajudante, o alferes Iago. Causando a morte do mouro e de sua amada. "O meu personagem é invejoso. Aquele diabinho que envenena tudo e todos até conseguir o que quer. Por causa de um lenço e uma fofoca ele acaba causando uma tragédia e mudando a vida de muita gente", afirma Vilela.

A escolha pelo personagem Iago não foi aleatória. Apesar da identificação com as características psicológicas de Otelo, Diogo decidiu interpretar Iago a pedido de Paulo Autran. "O meu temperamento é totalmente "oteliano", porém, escolhi fazer o Iago por dois motivos. Primeiro porque achei que seria um grande exercício profissional. E principalmente, porque em outubro de 2007 quando o Paulo (Autran) estava doente, ele me mandou um recado, dizendo para eu fazer o antagonista. Dois dias depois ele faleceu. Não tinha como negar", esclarece o ator. Diogo interpretou aquilo como um aviso, principalmente porque o colega já havia feito Otelo em 1956. Hoje garante que a escolha foi certíssima, ainda mais com a benção premonitória de Autran. "Não me arrependo, tive uma aceitação muito boa do público. O espetáculo é um sucesso".

Além da platéia, o próprio Diogo se a apaixonou pelo personagem. A interação foi tamanha que o astro diz ser um dos seus trabalhos favoritos, mesmo com atuações marcantes nos palcos como: Diário de um Louco em 1997 e mais recente Cauby, Cauby, em 2006. Porém Otelo é a menina dos olhos do humorista, que também esta no ar como Arnaldo, no sitcom Toma Lá, Dá Cá, na Rede Globo. "Faria essa peça para o resto da minha vida. Ela é hipnótica, tem um ritmo alucinante. É um espetáculo que meche com todo mundo que assiste e faz", revela. E ainda garante que é necessário estar no momento certo da carreira para interpretar uma obra de Shakespeare. "Comecei a atuar com 12 anos, hoje estou com 51, me sinto amadurecido artisticamente para mergulhar de cabeça nesse papel", finaliza.

Para os apaixonados pela dramaturgia Shakespeariana, São Paulo oferece ainda mais dois espetáculos em cartaz do autor inglês: Hamlet, com Wagner Moura, no Teatro FAAP e A Megera Domada, com Cacá Rosset, no Teatro Sérgio Cardoso.

Ficha Técnica:
Texto: William Shakespeare
Direção: Diogo Vilela e Marcus Alvisi
Assistente de Direção: Marco Aurélio Monteiro
Elenco: Diogo Vilela, Marcelo Escorel, Marcella Rica, Reinaldo Gonzaga, Rubens de Araújo, Otto Jr, Alvise Camozze, Rose Abdallah, Marcos Damigo, Tatiana Cruz, Rafael Maia, Eduardo Muniz, Breno de Felippo, David Thami, Diogo Brandão e Salvatore Giuliano.
Tradução e Adaptação: João Gabriel Carneiro e Leonardo Marona
Cenário: Ronald Teixeira
Figurinos: Pedro Sayad
Iluminação: Jorginho de Caravalho
Direção de Ação: Dani Hu
Preparação Vocal: Elena Konstantinovna
Trilha Sonora: Diogo Vilela E Marcus Alvisi
Produção Executiva: Denise Escudero e Letícia Ponzi
Direção de Produção e Administração Financeira: Marília Milanez

Atualizado em 6 Set 2011.