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A nossa sociedade sempre se fascinou por acontecimentos pós-apocalípticos e como seria o mundo depois da destruição total. Muitos livros e filmes já trataram desse tema, mas poucos conseguem fazer uma história em que o motivo da destruição é a parte mais interessante da história. O livro The Road (A estrada), de Cormac McCarthy, conseguiu este feito e foca a história em sobrevivência e amor em um mundo dominado pelo medo e pela morte.
Situado nos Estados Unidos, alguns anos após um evento cataclísmico que dizimou quase toda a humanidade, um homem e seu filho decidem ir para o sul tentar encontrar outras pessoas boas como eles, pois sabem que não conseguirão sobreviver a outro inverno aonde se encontram. Durante todo o percurso, eles seguem a estrada, constante companheira que, além de trazer uma direção, traz também muitos perigos para os dois.
O mundo e os personagens que encontram no caminho são cruéis, e o pai sempre se protege de todos que encontra. O pai é uma pessoa cética, e sempre toma como princípio que as pessoas irão machucar ele e seu filho e, por esse motivo, evita qualquer contato. Já o filho, ainda mantém esperança de alguma moralidade ou bondade nas pessoas, além de tentar convencer seu pai a ajudar ou falar com todos que encontram. Esse equilíbrio entre os dois gera consequências no fim da história o que faz a construção dessa dinâmica valer a pena no término do livro.
McCarthy é bem descritivo quanto ao mundo ao redor dos dois, porém o foco principal da história é o relacionamento entre pai e filho. O histórico dos dois antes da destruição do mundo é citado algumas vezes, incluindo o destino da mãe do menino. Os motivos da destruição e como aconteceu só aparece em detalhes, somente para dar uma ideia do que pode ter acontecido, estimulando a imaginação do leitor para isso, porém, para os mais atentos, não é difícil descobrir.
O autor tem sucesso em mostrar que pequenos acontecimentos têm grandes consequências. O pai carrega uma arma com duas balas, ou para proteção ou para suicídio, caso o pior aconteça. Forçado a usar a arma, todo o plano do pai cai por terra, e o diálogo em que o pai tenta explicar pro filho a necessidade da arma é muito bem construído. É fácil se colocar na pele dele e imaginar o que você faria nessa situação. Ele também carrega sempre um carrinho de supermercado com alguns suprimentos, o que dificulta a locomoção, porém é indispensável para a sobrevivência. Essa problemática é constante durante o livro, algo perigoso que precisa ser feito para a sobrevivência, o que leva a vários acontecimentos que deixam o leitor grudado para saber o que acontece a seguir.
Cormac McCarthy, também autor do livro Onde os fracos não tem vêz, ganhou o pulitzer de ficção de 2007 com esse livro, que foi adaptado ao cinema e será lançado nos Estado Unidos ainda esse ano.
Com uma visão diferente de uma história já conhecida, diálogos excelentes e construção de uma narrativa que não deixa o leitor desgrudar do livro, The Road é imperdível. Recomendo!
O que faz: Gosto de assistir filmes, ficar em casa, ler, conhecer lugares novos e jogar videogame.
Pecado gastronômico: Sorvete de capuccino, feito em casa por mim e pela minha esposa.
Melhor lugar do mundo: Minha casa, em um sábado chuvoso, à tarde, com minha esposa, um computador e meus videogames..
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Atualizado em 26 Set 2011.