Guia da Semana



Ozzy Osbourne é uma figura singular no mundo do rock. Envolto em uma mística quase sobrenatural, o auto-intitulado Príncipe das Trevas passou pelos altos e baixos do heavy metal mantendo a soberania que conquistou no início da década de 70, quando estave à frente do Black Sabath. De volta aos palcos brasileiros após 13 anos, o inglês deve levar uma multidão ao Palestra Itália, em São Paulo, e ao HSBC Brasil, no Rio de Janeiro.

Ao lado do Black Sabbath, Ozzy ajudou a consolidar o metal como uma das ramificações mais populares do rock, desenraizando-o do hard rock e do rock and roll sessentista. Contando com o virtuosismo de Tony Iommi, nome obrigatório em qualquer lista dos melhores guitarristas da história, o quarteto congregou riffs ásperos, doses cavalares de distorção, bateria ligeira e vocal no talo, parindo o lendário Black Sabbath (1970), álbum de estréia do grupo e marco fundamental do heavy metal.

Afundado nas drogas, Ozzy foi convidado a deixar o grupo em 1979, partindo, então, para trabalhos paralelos acompanhado por outros músicos em novas formações. Com o amigo e guitarrista Randy Rhoads - falecido em um trágico acidente de avião anos mais tarde -, empreendeu diversos projetos até firmar sua carreira solo.

Influências e influenciados

Fonte de inspiração para artistas que transitam entre o metal e as demais vertentes do rock, a trajetória de Ozzy e do Black Sabbath legou alguns dos maiores clássicos do gênero, hinos reinventados por nomes tão diversos quanto Cannibal Corpse ( Zero The Hero), Megadeath ( Paranoid) e System Of A Down ( Snow Blind), além do hilariante encontro entre Flaming Lips e Cat Power ( War Pigs).

Mas se não são poucos aqueles que pagam tributos ao Príncipe das Trevas, ele próprio revelou suas referências ao lançar um álbum repleto de versões, o controverso Under Cover, de 2005. O disco revela a influência que lendas do quilate de Beatles, Rolling Stones e Joe Walsh tiveram na formação de Ozzy. Sua voz inconfundível se faz ouvir no clássico Sympathy For The Devil, dos Stones, na belíssima For What It´s Worth, do Bufallo Sprigfield, e na pérola Sunshine Of Your Love, do Cream. Mas é em Working Class Hero e Woman, de John Lennon, e In My Life, dos Beatles, que a ascendência dos garotos de Liverpool se faz presente.

As Crias de Ozzy

Há mais de uma década, Ozzy batiza um dos festivais de metal mais importantes do planeta, o Ozzfest. Dividido ao longo dos anos entre a Europa e os Estados Unidos, o concerto organizado por sua esposa, Sharon, e por seu filho, Jack, reúne um leque variado de bandas e estilos, tornando-se responsável pela afirmação de nomes como Limp Bizkit, Slipknot, System Of A Down e Black Label Society. Pelos seus palcos, passaram ainda pesos pesados como Sepultura, Foo Fighters, Marilyn Manson, Slayer e Pantera, além, é claro, do próprio Ozzy Osbourne e do Black Sabbath.

O Big Brother dos Osbournes

Após abocanhar dezenas de prêmios, milhões de dólares, um morcego, uma cabeça de pomba, ter um festival com seu próprio nome e ditar tendências no universo do metal, Ozzy demonstrava não ter mais nenhuma carta na manga. Isso até o lançamento de The Osbournes, reality show exibido na MTV e que acompanhou o dia-dia do clã Osbourne em seu momentos mais informais. Epidemia instantânea, a série conquistou fãs nos quatro cantos do planeta e mais uma vez projetou os holofotes sobre o cantor.

Ao expor a comicidade da família Osbourne em suas tarefas mais corriqueiras, a emissora não apenas colheu a maior audiência de sua história, como ajudou a renovar o público de Ozzy. Dono de um humor inato, o Príncipe das Trevas foi flagrado em situações surreais, ora impondo suas vontades, ora submetendo-se aos caprichos da matriarca Sharon e dos herdeiros Kelly e Jack, duas autênticas malas sem alça, espertas o suficiente para usarem o programa como trampulim para suas respectivas carreiras.

Atualizado em 6 Set 2011.