Guia da Semana

Por Douglas Brito



Estudantes tentam forçar professora a entregar chave do cofre


Confira a entrevista com a atriz Eliana Guttman

Logo ao ler a sinopse da peça Querida Helena, pode-se perceber que o tema é polêmico: até onde quatro jovens podem chegar para atingir o seu objetivo? É essa pergunta que o público se faz ao decorrer do espetáculo, que varia da alegria e da amizade ao terror e tristeza.

O péssimo desempenho na prova de matemática do exame final pode complicar o ingresso de três alunos na faculdade, um deles está ali mesmo só pelo prazer e desafio de conseguir a chave do cofre do colégio - onde estão as provas - que está com a professora Helena Sergueivna. Um tema típico de filme de terror é transmitido aos espectadores, mas não na forma de suspense e medo, mas sim com um apelo psicológico, que mexe conosco e nos faz pensar sobre certas atitudes.

Passado no ano de 1981, em São Petesburgo, na Rússia, a história traz muito do que acontecia na época do fim da Guerra Fria, um sentimento de imenso vazio pelos jovens comunistas. A professora, uma senhora com um caráter e honestidade inegáveis, não se deixa abater pelo discurso empreendedor e revolucionários de seus alunos e, ao mesmo tempo, algozes. Eles se queixam da morosidade e do estilo comunista de ser: viver com o que é necessário, sem nada complementar. Enquanto os três rapazes e a garota sonham com carros de luxo, grandes casas e muito poder.

É esse embate de opiniões soviéticas da década de 80, que encaixa-se perfeitamente nos dia de hoje do cenário brasileiro: o jeitinho nosso de arranjar tudo, a corrupção e o suborno. Será que para conseguir o sucesso é necessário ser desonesto? Tanta desigualdade e miséria só pode ser evitada com roubo? E o que mais se assemelha com o nosso país é a questão do perdão, seja pela inocência do povo ou o sentimento de culpa da professora, que mesmo sendo ameaçada, insultada e encurralada ainda acredita e perdoa os garotos, como se fossem inocentes e precisassem de ajuda, pobre Helena. Assim como no Brasil, que permite que um presidente que sofreu impeachment volte a se eleger, que um político influente no Regime Militar tenha mais de 50% dos votos para governador e prefeito.

Para entender um pouco mais sobre o nosso dia-a-dia, para refletir sobre a política e a sociedade, para ver como se comporta o ser humano e principalmente, para descontrair e curtir um bom espetáculo e um ótimo programa. Vale a pena conferir!

Atualizado em 6 Set 2011.