Guia da Semana

Foto: Gabriel Oliveira

Francisco e Jesus Cristo, seu filho e sua devoção

Dizem que os artistas baianos não nascem, estreiam. No caso de Preta Gil, a frase vem bem a calhar. Para o melhor ou para o pior, você já deve ter visto este nome na mídia algumas vezes. Mas a verdade é que com muita irreverência e um senso de humor picante, a cantora não se deixa levar pelas críticas. "Sou uma mulher anti-rótulo", é o que costuma dizer, quando questionada sobre as notícias que saem sobre ela.

Sua última polêmica ocorreu durante a divulgação de seu bloco, "A Coisa tá Preta", que terminou sendo cancelado, devido à falta de autorização da prefeitura do Rio de Janeiro. Com o projeto engavetado, Preta não desanima, e já vai fazendo outros planos para o Carnaval, como conta nesta entrevista concedida ao Guia da Semana, na qual também fala sobre suas influências musicais, carreira, vida pessoal e muito mais. Confira!

Guia da Semana: O que foi que aconteceu com o bloco "A coisa tá Preta"?
Preta Gil: O bloco estava um sucesso! Mas para na rua surgiu uma tensão e a gente não conseguiu a autorização da Prefeitura do Rio. Agora estamos inventando alguma alternativa para agitar. Ele foge da coisa das marchinhas, do convencional e engloba tudo. Tem um cavaquinista, violão de sete cordas, samba-enredo, Jorge Bem, Tim Maia... A gente literalmente faz um show. Estou ansiosa para puxar esse bloco, não sei como vai acontecer. Nem que a gente fique batendo prato na rua, alguma coisa vai rolar nesse Carnaval.

Guia da Semana: Quanto você amadureceu desde o lançamento do seu primeiro CD, o Preta Porter?
Preta Gil: Eu amadureci muito. A estrada só faz a gente evoluir. É muito difícil acreditar em si mesmo. Precisa ir tijolinho por tijolinho, para chegar em um objetivo. As pessoas fizeram muito sensacionalismo no lançamento do disco. Focaram muito mais em cima do nu da capa. Então eu comecei tudo do zero, mostrando meu som, meu lado musical, humildemente.

Guia da Semana: Muita gente fala que você é polêmica. Você acha que faz jus a essa fama?
Preta Gil: Eu acho uma bobagem. Sou uma mulher anti-rótulo. Sou uma cantora e ouvem muito falar de mim, em polêmicas. Isso tudo é mito. Falam muito que sou isso ou aquilo e nada disso é verdade, ou é tudo verdade. Enfim, o que importa é que as pessoas ouçam a minha música.

Foto: Gabriel Oliveira

Preta requebra no meio do salão

Guia da Semana: Como surgiu o seu blog?
Preta Gil: Já tenho o blog há 5 anos. Acho que fui uma das pioneiras. As pessoas que vêm ao meu show estão todas lá. Elas ficam sabendo das novidades. Algumas das minhas músicas não estão em lugar nenhum, mas quando subo no palco, a galera já está cantando. Acho que no mundo que a gente vive, onde as pessoas estão cada vez mais se distanciando, a Internet é uma ótima forma de melhorar isso.

Guia da Semana: O que você diria sobre o "afoxé-funk"?
Preta Gil: É o meu ritmo. Meu coração bate nesse ritmo. É o agogô com o contratempo do afoxé junto com o suigando do soul-funk. Não é o funk carioca, que também é uma das influências, mas o soul-funk legítimo. Esse é o meu ritmo e um pouco de mim.

Guia da Semana: Quais são suas maiores influências na música?
Preta Gil: Uma pessoa que nasceu na minha casa, não tem como fugir do berço, que é meu pai Gil, meu tio Caetano, minha madrinha Gal e minha tia Bethânia, pessoas muito influentes na minha vida afetiva e artística. Também ouvi muitas coisas dos anos 80 também. Muita Madonna, Michael Jackson, Tina Tunner, Blitz e Paralamas. Gosto de música boa.

Foto: Gabriel Oliveira

A Pietá tupiniquim

Guia da Semana: Você acha que sofreu muito preconceito por causa de comparações com o seu pai?
Preta Gil: Comparação não, porque acho que sou incomparável com meu pai (risos). Mas eu acho que eu vou sempre ser a filha do Gilberto Gil. Ele mesmo costuma brincar muito comigo nos lugares dizendo: "Eu sou o pai da Preta Gil". Da mesma forma que perguntam de dele para mim, perguntam de mim para ele. É muito bom ter artistas na família e ver todos brilharem.

Guia da Semana: Você é atriz, cantora, apresentadora, produtora... O que mais te atrai nisso tudo?
Preta Gil: Eu me experimentei. Sou cantora. Me formei em teatro e através dele foi que entrei na música. É com ela que eu me sinto mais feliz, mas adoro interpretar. Já fiz alguns trabalhos como atriz, depois de "sair do armário", como costumo dizer. Fiz musicais, duas novelas e estou indo...

Guia da Semana: Falando em atuar, o que achou de participar da novela "Os Mutantes"?
Preta Gil: Gostei muito, achei bacana. Curto a rotina de fazer novela, da disciplina de gravação. Mas atrapalha muito minha vida como cantora. Agora eu não vou fazer durante um bom tempo, pois quero minha agenda livre para fazer muitos shows e não ficar presa a um roteiro de gravação.

Guia da Semana: E do mundo de celebridades, de glamour e festas? Gosta de frequentar?
Preta Gil: Eu não sei, porque não vivo de glamour, nem de festa. Vivo de arroz e feijão, de criar meu filho, fazer meu marido feliz, de trabalhar. Sou uma mulher que vive nesse meio artístico e como qualquer ser humano, também vou a festas. A única diferença é que as que eu frequento são fotografadas. Não tenho essa cabeça. Sou filha de Tropicalista, não me deslumbro à toa.

Foto: Gabriel Oliveira

Interatividade com os fãs, marca da desbocada Preta Gil

Guia da Semana: Você se importa com o que falam de você na mídia? Acha que existe muito assédio?
Preta Gil: Acho que rola e é normal, depois de tudo que fiz e falei. O importante é sempre buscar amadurecimento em tudo isso e ir fechando a minha boca para falar e abrindo cada vez mais para cantar.

Guia da Semana: Mas e a polêmica com o pessoal do Pânico?Acha que eles foram longe demais?
Preta Gil: Sim, tanto que entrei com processo. Limites. Sou uma mulher que preza a liberdade de expressão, mas acima de tudo prezo principalmente o respeito. Temos que saber até onde podemos ir, em tudo. Eu tenho limites e não quero que ninguém me ofenda ou me diminua.

Guia da Semana: Eles abordaram a questão de peso. Isso ainda te incomoda muito?
Preta Gil: Sim, claro. Nenhuma mulher pode dizer que é totalmente resolvida com o corpo. Eu me acho bonita e gosto de mim do jeito que eu sou, daí para o passo de ser bem resolvida é uma outra história. É mentira. É muita hipocrisia dizer isso. Eu quero ser cada vez melhor e isso depende de mim. Claro que eu não queria ter as celulites que eu tenho na perna, mas tenho preguiça de fazer ginástica, então assumo as consequências. Se eu me empenhar, vou melhorar, enquanto isso vou me aceitando.

Guia da Semana: Você já comentou que a se cantora Ana Carolina é bi-sexual, você é penta. O que quis dizer com isso?
Preta Gil: Qualquer coisa que eu falar vai repercutir. Se eu disse que eu sou hexa, bi, penta, total flex, que eu sou a mulher rodízio, como que costumo dizer, vai repercutir. Eu sou artista e super criativa. Gosto de inventar coisas boas para serem ditas nas horas certas.

Bate Bola

Uma música: Grão
Pecado gastronômico:
Strogonoffcom arroz e batata frita
Um filme:
Repulsa ao sexo,vi quando era garota e ele mudou a minha vida
Ídolo:
Gilberto Gil
Hobby:
Ficar na Internet emcasa, deitada vendo televisão
Uma Bebida:
Coca-Cola

Um lugar: Salvador

Qualidade: Espontaneidade

Defeito: Minha língua grande

O quenão falta no seu iPod: Psirico
Eu nunca faria por dinheiro:
Passar por cima do outro

Se sua vida tivesse trilha sonora qual seria? "Andar com fé eu vou, que a fénão costuma falhar".



Atualizado em 6 Set 2011.