Guia da Semana

Foto: TV Globo/Rafael França

Adriana ganhou o prêmio Melhores do Ano (Faustão) e Prêmio Contigo de Televisão

As novelas de Manoel Carlos são famosas por revelarem novos nomes à TV brasileira. Com Viver a Vida não foi diferente. Um rosto chamou atenção da crítica e do público. Ao mesmo tempo que causou polêmica, Adriana Birolli conquistou os telespectadores com a personalidade forte da desbocada Isabel.

Ainda colhendo frutos positivos após o término da trama, a atriz de 22 anos volta a São Paulo com a peça Manual Prático da Mulher Desesperada, após uma temporada de sucesso em Curitiba. Baseado na fusão de três contos da escritora e jornalista Dorothy Parker, a história narra o desespero da solteirona Alice, que se vê sozinha em uma noite de sábado.

Feliz com o sucesso de Isabel na telinha, Adriana falou ao Guia da Semana no qual revela de onde tirou inspiração para viver a jovem, confessa a admiração por Lilia Cabral e os caminhos que pretende seguir após a produção global.

Guia da Semana: Como surgiu o convite para a peça Manual Prático da Mulher Desesperada?
Adriana Birolli: Tenho uma produtora de teatro desde 2004 e este projeto foi uma ideia do meu sócio, o Ruiz Bellenda, que traduziu e adaptou o texto e dirigiu o espetáculo. Sou fã do trabalho da Dorothy Parker, seus textos são muito ricos, humanos e com um humor magnífico. Apesar de literários, permitem uma boa transposição para o palco.

Guia da Semana: O que mais te chamou atenção no papel de Alice?
Adriana: Sua solidão, o desespero e a forma selvagem com a qual enfrenta esta situação. Ela não se entrega, está sempre buscando uma saída. E deste desespero é que vem a comédia do espetáculo.

Guia da Semana: Já viveu na vida real uma situação parecida com a da personagem?
Adriana: A Alice representa todas as mulheres. Quem de nós nunca esperou um telefonema de um homem? O odiou depois de ele prometer que a amaria para sempre e não cumpriu? Não se depilou antes de sair de casa? Não tem um amigo gay ou dançou com um cara só para não ficar parada numa festa? Infelizmente já passei por várias situações destas e acredito que continuarei passando.

Foto: Fernando Torquatto

Na papel da solteirona Alice em Manual Prático da Mulher Desesperada

Guia da Semana: Existe alguma semelhança entre a sua personagem do teatro e Isabel?
Adriana: Não existe a menor semelhança. Isabel é uma patricinha, de 20 anos, que mora do Leblon; a Alice é uma executiva paulista de 30 anos de idade. A única semelhança é que foram escritas por dois cronistas da alma humana: Manoel Carlos no caso de Isabel e Dorothy Parker no caso de Alice. Sorte minha poder atuar com um material tão rico tanto na televisão quanto no teatro.

Guia da Semana: Você começou sua carreira no teatro. Acha que para garantir uma boa formação, o ator deve passar pelo tablado?
Adriana: Sem o trabalho no palco não existo. É como se eu não respirasse. Já fiz 18 peças e acredito que jamais teria dado conta da Isabel se não tivesse o preparo que o palco me deu. Foi muito difícil ser irônica, agressiva e explosiva como a Isabel. No palco, se o público não gostar, boceja, conversa e até vai embora. O ator de teatro tem que estar preparado, não há desculpa de 'estou aprendendo'. Trabalhar sob esta pressão prepara para a televisão.

Guia da Semana: Como foi a preparação para Isabel?
Adriana: Foi intensa. Antes da novela começar me preparei assistindo vários filmes com personagens desajustados. Dois me ajudaram bastante: Mademoiselle, com Jeanne Moreau, e Verão Assassino, com Isabelle Adjani. Estudava as cenas de madrugada, decorava textos em cima da hora. Fui muito ajudada pelos diretores e especialmente pela Lilia Cabral, a atriz mais generosa que conheço. Uma deusa, uma diva de pés no chão. Devo muito a ela.

Guia da Semana: A Isabel sempre entrava em confusões, até mesmo agressões físicas. Como eram elaboradas essas cenas?
Adriana: Com muito ensaio, respeito entre os atores e cuidado por parte da direção. A cena onde a Isabel apanhou de cinto da Teresa me colocou despida diante da equipe, às seis da manhã, gravando durante horas. Em nenhum momento me senti constrangida, ao contrário, foi muito liberador. Na cena da briga com a Ellen, eu e a Dani Suzuki combinamos de nos estapear de verdade, para ser mais real. Ela embarcou comigo e foi legal. Adorava quando chegavam estas cenas, era muito divertido fazê-las.

Guia da Semana: Você acha que a personagem fez tanto sucesso porque a sociedade não está acostumada a ouvir verdades?
Adriana: Sim, as pessoas não conseguem responder quando não gostam de algo por causa da etiqueta social e acabam engolindo muita coisa. Quando surge um personagem que fala o que quer, causa estranhamento, indignação e até admiração. Me sinto privilegiada, afinal, no meu primeiro trabalho em novela das oito encarnei alguém que polarizou as opiniões.

Guia da Semana: Qual o final que você gostaria que fosse dado a sua personagem?
Adriana: Um final feliz, onde ela fosse aceita do jeito que é e achasse alguém que se divertisse com seu jeito. Principalmente se ela não tivesse que ouvir: 'Não provoca Isabel', cada vez que abrisse a boca.

Foto: TV Globo/Márcio de Souza

Ao lado de Paloma Bernardi e sua inspiração, Lilia Cabral, durante gravações

Guia da Semana: Qual a maior mudança que você enxerga no seu trabalho desde o início da novela até agora?
Adriana: Minha confiança aumentou. Sinto-me mais livre diante da câmera. Meu respeito pela televisão é imenso. Quando você ama aquilo que faz, tudo fica mais fácil.

Guia da Semana: Você foi premiada tanto na TV como no teatro - Melhores do Ano (Faustão), Prêmio Contigo de Televisão e Troféu Gralha Azul (teatro). O que significa para você receber as três premiações?
Adriana: Ganhar prêmios é um estímulo incrível, uma dádiva e uma questão de sorte também. Mas é preciso estar consciente de que um prêmio não vai ajudar a atuar melhor. Se surge uma dificuldade na cena não vai adiantar pensar: 'Ah, eu sou uma atriz premiada, esta dificuldade vai passar'. A situação não vai mudar. Atuar exige esforço, dedicação e principalmente humildade. Receber um prêmio é algo maravilhoso e inesquecível. É sentir na pele o significado da palavra gratidão.

Guia da Semana: Após a novela, a que você pretende dar mais destaque na sua carreira?
Adriana: Ao meu trabalho de atriz, seja em qual veículo for. Quero fazer muitas novelas, filmes e muitas peças, sem preferência.

Guia da Semana: Qual seu maior objetivo como atriz?
Adriana: Inspirar quem me assiste.

Serviço:
Teatro Jaraguá
Endereço: Rua Martins Fontes, 71 - Bela Vista.
Telefone: (11) 3255-4380.
Temporada: 28 de maio a 18 de julho de 2010.
Horário: Sexta, 21h30; sábado, 21h; domingo, 19h.
Preços: Sextas e domingos, R$ 50,00; sábados, R$ 60,00.

Atualizado em 1 Dez 2011.