Guia da Semana

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Um verdadeiro retrato do Brasil é o que melhor define a Coleção Brasiliana. Originalmente publicada pela Companhia Editora Nacional, entre 1931 a 1993, "ela nasce de um sentimento nacionalista, em um período em que se estudava e repensava o país", conta o historiador e pesquisador Israel Beloch. Mas hoje em dia, a maior parte dos livros da série estão esgotados e inacessíveis.

Para preservar e facilitar o acesso a essas publicações, foi criado o portal Brasiliana Eletrônica, no qual Beloch é editor-chefe. A ideia é simples: disponibilizar o riquíssimo acervo em formato digital. O projeto nasceu há quatro anos, mas começou a ser colocado em prática há cerca de um ano.

Desenvolvido pela UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), conta com o apoio do Ministério da Educação, da FINEP (Financiadora de Estudos e Projetos) e da FAPERJ (Fundação de Amparo à Pesquisa do Rio de Janeiro).

São 415 volumes de autores brasileiros e estrangeiros que retrataram o país em diversas áreas do conhecimento, passando pela história, sociologia, antropologia, geografia, ciências econômicas, políticas e naturais. "Muitas das obras são de viajantes europeus que descreveram o Brasil desde o século 16 até o 19", afirma Beloch.

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No site, já estão disponíveis 80 volumes em dois diferentes formatos: fac-símile, com fotografia da edição original, e texto com a ortografia atualizada. Dos livros que já estão no portal, Beloch destaca um dos mais antigos, o Tratado Descritivo do Brasil em 1587, escrito pelo viajante português Gabriel Soares de Sousa. Entre os títulos contemporâneos, merece atenção a História Econômica do Brasil, do brasileiro Roberto Simonsen, publicado em 1937.

Digitalização e reedição crítica

Antes de integrar a lista da Brasiliana Eletrônica, os livros passam primeiro por um processo de digitalização e fotografia, que transforma o texto em imagens. Depois, é feita a revisão ortográfica, atualização da gramática e padronização final. O trabalho árduo é feito por uma equipe de 15 revisores, editores, coordenador e um comitê editorial com quatro pessoas.

As obras não são só digitalizadas, mas recebem uma verdadeira reedição crítica em formato eletrônico, segundo o coordenador geral do projeto, Carlos Vainer, explica "Cada livro contará ainda com texto explicativo, apresentação do autor e sua trajetória bibliográfica, que serão incluídos nos próximos anos", salienta.

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Pesquisadores especializados podem usufruir uma ferramenta de busca bastante específica, que consegue identificar, por exemplo, quantas vezes aparecem a palavra "tupi-guarani", na publicação. Para os professores universitários ou do Ensino Fundamental, as referências podem ser usadas para ilustrar em aula determinado momento histórico vivido pelo país.

Os 80 primeiros livros escolhidos para ganhar a versão on-line são, principalmente, da década de 1930, por conta da Lei de Direitos Autorais. Carlos Vainer explica que todos os livros digitalizados até então já são de domínio público, ou seja, já se passaram mais de 70 anos da morte dos seus autores. Para as outras obras, uma equipe de advogados já está sendo escalada para iniciar o processo de negociação.

Se tudo der certo, o projeto se prepara para a segunda etapa, ainda mais ambiciosa. "Daqui a três ou quatro anos, a ideia é agregar outras obras que mereceriam estar numa Coleção Brasiliana, por serem fundamentais para o conhecimento da história e sociedade brasileira, mas que estão em outras editoras", garante.

Atualizado em 6 Set 2011.