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Toni acaba de lançar o álbum solo independente Todo Meu Canto

Após 14 anos comandando uma das bandas de reggae mais tradicionais do Brasil, Tony Garrido acaba de lançar Todo Meu Canto, seu primeiro álbum solo. Misturando pop, funk, rock, e claro, reggae, o ex-vocalista do Cidade Negra agora se reinventa, permitindo-se prestar algumas homenagens (como a música Me Libertei, gravada por Tony Tornado na década de 70). Aproveitando esse novo momento, o cantor abriu o jogo para o Guia da Semana, em uma entrevista na qual fala sobre suas as expectativas em relação à nova fase, influência e engajamento antipirataria.

Guia da Semana: Como estão as expectativas em relação ao novo CD?
Toni Garrido: Estou amarradão. É sempre bom poder realizar um desejo e uma meta. Não foi pensado antes de sair do Cidade Negra. Foi uma situação que aconteceu, quis seguir adiante. O momento agora é de botar o trabalho na praça, juntar a equipe e estruturar uma turnê. Tudo isso gera uma adrenalina enorme. Aí vem a sensação de começar de novo. Mesmo com todo o risco, eu estava afim de viver isso.

Guia da Semana: O que te motivou a seguir a carreira solo depois de tantos anos no Cidade Negra?
Toni: Chegou uma hora em que decidimos que cada um devia seguir seu rumo porque a configuração não estava mais tão perfeita. E daí é seguir uma nova etapa da vida. Não foi uma coisa pensada. A relação não era a mesma dos tempos áureos, às vezes é difícil saber mudar. Não era o plano, não ficou nenhum tipo de rancor nem nada. Eu trabalhei durante 25 anos tocando em grupos e criando coletivamente. Quando saí, assimilei e fiz esse álbum com uma ideia pessoal, mas com uma mão coletiva nas composições, no ritmo, na produção.

Guia da Semana: Em algum momento você sentiu receio de sair da banda?
Toni: Não. Eu tenho consciência que é apavorante e ao mesmo tempo muito excitante. Algumas pessoas ao meu redor fizeram disso um drama, mas eu vejo como continuidade. Decidi fazer uma coisa com a minha cara. Então percebi que existia uma coisa que não cabia usar no Cidade, que é algo que eu sempre adorei: a música black. Além do reggae, que me deu tudo que eu conquistei, outras músicas negras me emocionam. Gravei esse CD com música negra, que é o que eu gosto e tenho intimidade para fazer.

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Após comandar 14 anos os vocais do Cidade Negra, o cantor mostra grandes expectativas em relação ao novo projeto

Guia da Semana: De onde surgiu o nome Todo Meu Canto?
Toni: Vem de uma canção no álbum chamada Me Libertei, interpretada pelo Tony Tornado em 71, que tem uma história muito legal. Eu estava ouvindo alguns álbuns com músicas black e cheguei nela. A princípio, eu pensei que fosse o Tim Maia cantando e adorei. Ela fala de força, de garra, de qualquer coisa. Não simplesmente de um cara falando da cor dele, mas sim de uma sensação de liberdade perante à vida. Pirei nela e tem essa frase na letra.

Guia da Semana: Mas ela tem algum significado pessoal para você, além da homenagem ao Toni Tornado?
Toni: Não. É algo muito distante disso. Eu me apaixonei por uma música e quando vi essa canção, senti que ela era familiar e pronto. O título não tem nada a ver com o fato de eu seguir solo. Não pensei nisso. A música tem muito mais nobreza que isso. E a minha relação com o Cidade passa muito distante desse tipo de baixaria. Não tenho nenhuma reclamação a fazer da minha fase ao lado deles, tive ótimos companheiros. Não estragaria uma história assim.

Guia da Semana: Quais são suas maiores influências musicais e o que tem ouvido?
Toni: Eu sempre ouvi muito Cassiano. Ele me levou a entender Stevie Wonder e achei inacreditável o trabalho dele. Tim Maia é tudo para mim na música. Clara Nunes, Adriana Calcanhoto... Gosto muito de cantoras. Gosto de Missy Eliot, uma banda chamada Vivendo do Ócio. Os últimos CDs que comprei foram da Kishas"a Cool e do Al Green.

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O seu novo álbum mistura diversos ritmos, como rock, reggae e funk

Guia da Semana: Então você costuma comprar CDs? Faz download de músicas e discos?
Toni: Eu não baixo música. Adoro comprar CD e não consumo pirata. Quero surrupiar o iTunes de todos os meus amigos que tenham o que eu gosto. Acho sensacional essa coisa de trocar bibliotecas musicais. Todo mundo comprando, legalmente, trocar com um parceiro... Isso é muito legal e não é pirataria. Estou entrando agora na Internet, até para fazer meu trabalho render mais. Se o CD está lá na rede, dando mole, é pra pegar mesmo. O que não é legal fazer é pegar o trabalho inteiro, pois desvaloriza o trabalho do músico e ele precisa da grana pra sustentar a família. Os técnicos, músicos e estúdios estão acabando por conta dessa onda toda.

Guia da Semana: Você é conhecido por ser uma pessoa engajada com diversas causas sociais, que fala o que pensa. Se considera polêmico?
Toni: Eu acho que me fizeram polêmico. Sou um cara comum, com talento normal, nunca fui gênio, sou esforçado, trabalhador. Antes de cantar eu já me exercitava como ator e a voz é uma coisa muito natural para mim. Não sou diferente, não fico falando mal de ninguém e não exponho minha vida pessoal por aí. Acho que sou politicamente correto e nem fico comprando briga. Tenho postura.


Atualizado em 6 Set 2011.