Guia da Semana

Foto: Getty Images

Quando assistimos a uma novela, série, filme ou peça de teatro, sempre tentamos imaginar como deve ser a vida de quem transformou a arte em seu ganha-pão, profissão e estilo de vida. Imaginamos o quanto a vida dessas pessoas deve ser interessante, badalada, cheia de viagens, festas, a atenção da mídia, trabalhos interessantes e tantos outros benefícios que tornam a carreira atrativa para milhares de pessoas.

Grande parte desse fascínio advém da necessidade de ídolos, de modelos em que a sociedade possa se espelhar, sonhar, aspirar, querer para si um estilo de vida diferente do seu cotidiano. A arte tem esse poder; de fazer com que através dessa magia o espectador passe a sonhar.

Mas essa história de glamour, de fama, de ser conhecido, em tempos em que o ator passou a ser um símbolo a ser celebrizado é a história de uma minoria. A profissão de ator ao passo que é uma das mais excitantes também é recheada de dificuldades e muitas incertezas. Não basta apenas ter boa formação, talento, mas um histórico recheado de boas histórias e muita bagagem para poder criar, viver um personagem. É tarefa árdua e que exige constante aprendizado, reinvenção de si mesmo e dos próprios conceitos para que o processo de criação não fique estagnado.

O que vemos hoje é uma horda cada vez maior de jovens se atirando na profissão sem preparo nenhum, achando apenas que o fato de ter um rosto bonito será a chave do seu sucesso. As escolas de teatro recebem todos os anos, uma quantidade cada vez maior de aspirantes a atores cujo único objetivo é tentar um papel na TV e se tornar famoso.

O que grande parte desses aspirantes não imaginam é que se para aqueles que tem preparo a carreira é difícil, o que dirá para aqueles que não tem preparo nenhum. A oferta de mão de obra é muito grande, tem muita gente boa lutando por seu espaço, por seu lugar ao sol e isso diminui bastante as chances de sucesso.

A profissão exige bons conhecimentos e contatos e uma certa respeitabilidade no trabalho já feito para que as coisas aconteçam. A rotina de um ator é repleta de tentativas até que se consiga um acerto, um trabalho, etc. E exige um cuidado com a imagem que projeta, a maneira de se portar, se vestir, a forma como se relaciona com outros profissionais e, principalmente, se fazer lembrar sempre. Os bons profissionais costumam refazer seu material há cada seis meses e reenviar para diretores, produtores de elenco, autores com o intuito de mostrar seu progresso, novos trabalhos que fez no período, etc.

São inúmeros testes e audições a que se submete na tentativa de emplacar um trabalho. Até que a tão sonhada oportunidade na TV aconteça e ele se projete para o grande público, o ator já fez inúmeros testes para publicidade, alguns pegou, outros não, já fez muito teatro e também já fez alguns testes para pequenos papéis em produções para TV e cinema.

E lógico que existem aqueles que não fazem parte desta grande maioria de que falo e que tem uma estrela iluminada e muita sorte que pode garantir com que ele não viva esta batalha diária que é a profissão.

Mas apesar de tudo isso, a carreira de ator é uma das mais fascinantes e prazerosas que já exerci. Tenho orgulho de dizer em qualquer cadastro que preencho que a minha profissão é ator, apesar da minha mãe achar que isso é apenas uma fase e que uma hora eu vou recobrar a razão e arrumar um emprego de verdade.

Portanto, para aqueles que desejam assim mesmo, apesar de todas as dificuldades, se tornar ator, saibam que é uma escolha que se toma com o coração e que você pode ser muito feliz num dos caminhos mais nobres de vida que é essa arte.

Quem é o colunista: Alexandre Pontara.

O que faz: Paulista, radicado no Rio, Alexandre Pontara é uma mistura de ator, dramaturgo e produtor cultural.

Pecado gastronômico: Bolo Negro e Tiramissú de Chaika.

Melhor lugar do Brasil: Paraty.

Fale com ele: capontara @uol.com.br ou acesse seu site

Atualizado em 10 Abr 2012.