Guia da Semana

Foto: Divulgação


Para início de conversa, é bom deixar claro que Carros 2 não é uma continuação de Carros. A não ser pelos personagens principais, como Relâmpago McQueen, Tom Mate e Sally, trata-se de um outro filme completamente diferente. O que não deixa de ser uma coisa boa.

O primeiro Carros, com sua aura de Priscilla A Rainha do Deserto, não era grande coisa. Uma história tola, singela demais, boas sacadas perdidas num filme médio, não foi nem de longe uma das grandes obras da Pixar, sempre excelente no que faz. Desta vez, esses personagens são jogados em uma nova história, como que se tivessem caído de paraquedas. Mate e McQueen se veem (em especial o primeiro) enfiados numa trama de espionagem internacional nos melhores moldes de 007.

Como é de praxe (na Pixar e nos filmes de James Bond), uma incrível sequência de abertura apresenta o filme: o espião Finn McMissil (um Aston Martin com a voz inconfundível de Michael Cane) investiga segredos de um misterioso Professor Z, até que é descoberto e uma perseguição com muitas explosões e "mortes" se segue. Isso é James Bond. Isso é Carros 2. Vale lembrar que o Aston Martin é o carro-símbolo do agente secreto britânico.

Daí pra frente, imagens lindíssimas de lugares como Itália, Japão e Paris, onde se passam as corridas, se intercalam com a trama de espionagem industrial: um milionário inglês desenvolve um biocombustível capaz de substituir a gasolina. Para provar a eficiência de sua descoberta, convida os maiores carros de corrida do mundo para uma competição ao redor do globo. Mas o tal Professor Z não quer que o combustível vingue e, a mando de um misterioso carro, planeja destruir os competidores para desacreditá-lo. Essa é a base do filme e é nessa investigação ultrassecreta que Mate se vê enfiado por engano, seduzido sem querer pela bela Holley Caixadibrita (na voz rouca e sedutora de Emily Mortimer).

As mensagens de sempre da Pixar estão ali: valorização da amizade, seja sempre quem você é, esse tipo de coisa. O que não desmerece o filme. Muito melhor que o primeiro, Carros 2 não impressiona, mas diverte (principalmente nos momentos de humor e ação), traz boas sacadas (como os aviõezinhos-pombos em Paris ou o Papa-Carro dentro do Papamóvel), belas imagens (tanto das corridas quanto das "locações") e uma história um tanto complicada mas, novamente, melhor que a do primeiro filme.

Não vai superar outras obras da Pixar, não vai entrar pra história, não é melhor que Kung Fu Panda 2, mas também é um desenho pra meninos e, ao menos, consegue manter a emoção e a diversão enquanto dura. O que já é grande coisa. Seu roteiro inteligente (talvez até um pouco complexo demais para os menores), sua adrenalina constante e seus toques de humor fazem dele um bom filme. Troque os carros por gente de verdade e terá em mãos um filme de James Bond. E dos melhores.

Leia as colunas anteriores de Flávio St Jayme:

Kung Fu Panda 2

Evita

Piratas do Caribe

Quem é o colunista: Flávio St Jayme.

O que faz: Pedagogo de formação, historiador de Arte, empresário de profissão, artista plástico e escritor de realização, cinéfilo e blogueiro de paixão.

Pecado gastronômico: Batata frita, Coca Cola e empanados em geral.

Melhor lugar do mundo: Aquele onde a gente quer chegar. E a gente sempre vai querer chegar em algum lugar.

O que está ouvindo no carro, iPod, mp3: Sempre: Ludov, Matchbox Twenty, Maroon Five, Jay Vaquer, Belle & Sebastian, Coldplay, Robbie Williams, Pato Fu, Irreveresíveis, Glee, trilhas de filmes.

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Atualizado em 1 Dez 2011.