Não entendo o motivo do filme ter sido um fracasso nas bilheterias americanas. Aqui no Brasil, pelo que li, também não houve grande aceitação do público. No nosso país, até dá para entender. Dão pouca importância para o cinema e a grande procura é por tiro, porrada e bomba. O longa trata de temas muito bacanas: uma atleta tentando lidar com uma aposentadoria precoce, um garanhão galinha, um pai corrupto, um executivo indeciso e uma grávida histérica. São personagens com bagagem, com história para contar. Rola mais um romantismo do que comédia em si. E foi isso que deixou o filme tão interessante. Meu amigo, sentado na poltrona do meu lado no cinema, até disse que nunca torceu tanto para ver um beijo de um casal principal. Lembro dele falando que superou a torcida que ele tinha de ver um beijo entre Lucas e Jade (da novela O Clone). É incrível como os personagens nos dão a sensação de pessoas reais. E James L. Brooks consegue fazer a gente entrar na trama, refletir com os personagens, pensar o que faríamos no lugar deles e participar ativamente e emocionalmente durante aquelas horas.

Quero destacar que são poucos os filmes desse gênero que se tornam realmente bons. Alguns pecam pelo excesso de romantismo, tornando uma coisa melosa e chata. Outros esbaldam no riso e esquecem do romance. Como Você Sabe deixa essa mistura de gêneros no ponto certo. Você ri e também se emociona com os personagens. Tenho que destacar as cenas da Kathryn Hahn (que faz a secretária grávida). A atriz ficou com cara de mãe de verdade, achei impressionante. Já tinha assistido outros filmes com ela e a moça realmente tem talento. É um filme que não precisa que eu aponte algum defeito. Acho que a única coisa que eu colocaria era uma interrogação no título. Até porque, na história, nenhum dos personagens sabe de absolutamente nada. Todos eles parecem estar aprendendo e crescendo como pessoa. É um grande aprendizado, até para quem assiste. Mensagens embutidas, tais como fazer sexo sem camisinha não é prova de amor ou relevar uma frase dita por alguém num momento de raiva, são coisas que a gente parece ter que ver para aprender. E, se você for assistir no cinema, repare o silêncio do público no momento de término do filme. É a sensação de trabalho bem-feito, que não necessita de comentários. A trama agrada, e muito, o estômago de quem está com fome.

Quem é o colunista: Sou um apaixonado por música, cinema e adoro escrever.

O que faz: Faculdade de Jornalismo e colunista do Jornal Niterói TV.

Pecado gastronômico: Comida Japonesa.

Melhor lugar do mundo: Petrópolis.

O que está ouvindo no carro, iPod, mp3: Estou em um vício momentâneo de Maria Gadú e Tulipa Ruiz.

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