Guia da Semana

Os quatro rapazes ingleses tocam no filme Os Reis do Iê-Iê-Iê.

Considerados os integrantes da grupo musical mais popular do planeta, os ingleses John Lennon, Paul McCartney, George Harrison e Ringo Starr, conhecidos como The Beatles, sempre estiveram próximos ao cinema. O novo musical, Across The Universe, não chega a falar no quarteto, mas conta a história de uma geração através de suas músicas. O filme é protagonizado por Jude e Lucy, em uma menção às músicas Hey Jude e Lucy in the Sky with Diamonds. Este, porém, é um dos mais discretos a lidar com os astros de Liverpool.

Os músicos já foram retratados em diversas obras durante as últimas décadas. Em Febre de Juventude, de 1978, eles são pano de fundo para a história de adolescentes que tentam invadir o hotel onde estão os ídolos. Já Os Cinco Rapazes de Liverpool, de 1994, fala sobre Stuart Sutcliffe, o quinto Beatle. Pouco antes do sucesso, ele decidiu largar o grupo por duas paixões: a namorada e a pintura. No filme de 2000, Tudo Entre Nós, Lennon e McCartney são mostrados em um episódio real de 1976. Em uma noite, eles se reuniram para ver TV e falar sobre o passado.

As tragédias também estão retratadas, como em Chapter 27 (foto), ainda inédito. Nele, Jared Leto faz o papel de Mark David Chapman, o assassino de Lennon. O filme, com Lindsay Lohan, deve estrear nos EUA em março. Outra suposta tragédia é mostrada no alemão Paul Está Morto, de 2000. No filme, um menino de 12 anos, em 1980, descobre a lenda mais famosa do rock, sobre a morte de Paul McCartney, em 1966, decapitado em um acidente de moto. O garoto, então, começa a investigar e perceber que todas as pistas indicam mesmo que o verdadeiro Paul não está mais entre nós.

As pistas, porém, foram plantadas pelo próprio quarteto, que sabia fazer marketing pessoal, tanto que fizeram seus próprios filmes. O falso documentário Os Reis do Iê-Iê-Iê foi o primeiro deles, em 1964. Nele, eram mostrados os bastidores de um show que eles iriam fazer para a TV. Também com direção de Richard Lester, fizeram Help!, um ano depois. Menos aclamado pelos fãs, o filme foi uma produção bem maior, em que membros de uma seita perseguem Ringo. O baterista, aliás, é o grande astro dos filmes, já que no primeiro, a maior parte das cenas também gira em torno dele.

Não é diferente nos seguintes, como Magical Mystery Tour, feito para a BBC em 1967. Idealizado por McCartney, o filme foi feito sem roteiros, todo improvisado a partir da idéia de uma viagem de ônibus por Ringo e sua tia Jessie. No ano seguinte, os Fab Four foram parar no desenho animado Submarino Amarelo (foto). Lá eles foram para uma outra dimensão, em Pepperland, substituir a Sgt. Peppers Lonely Hearts Club Band, que foi presa pelos terríveis Azuis. Por último, em 1970, fizeram Let It Be, um documentário que acaba retratando o fim da banda.

Mas não foi apenas nestes cinco filmes que eles atuaram. Starr, por exemplo, que até mesmo se casou com a atriz Barbara Bach, tem no seu currículo a participação como ator em quase 30 produções, entre elas 200 Motels, em que faz o papel do músico Frank Zappa, que, não por acaso, também é ator e diretor do filme. George também fez suas aparições, como na comédia do grupo Monty Python, A Vida de Brian. Lennon, com sua mulher Yoko Ono, mais do que atuar, dirigiram alguns filmes de videoarte. Entre 1968 e 1972, foram dez produções do casal.

O que poucos sabem, porém, é a suposta história de mais um filme do quarteto. Muito antes de Peter Jackson levar às telas a trilogia de O Senhor dos Anéis, quase que o cineasta Stanley Kubrick (de Laranja Mecânica) o fez, segundo rumores. O filme seria produzido em 1967, mas foi deixado de lado ainda na fase de roteiro. O diretor já teria escolhido os atores ideais: Paul McCartney e Ringo Starr seriam Frodo e Sam, George Harrison faria o mago Gandalf, e para John Lennon, ficaria a missão de interpretar o Gollum (foto). Com o tamanho do projeto, e a mania de Kubrick de demorar nas filmagens, provavelmente o quarteto se separaria antes do resultado final.

A relação entre os Beatles e o cinema já mostra a grande importância do quarteto. Além da participação e da citação em diversos filmes, eles chegaram a receber indicações para o Oscar de melhor roteiro original em 1965, por Os Reis do Iê-Iê-Iê, perdendo para Papai Ganso, que hoje pouco é lembrado. Mesmo já passados mais de 37 anos do final do grupo, os rapazes de Liverpool ainda são capazes de fazer muita gente ir aos cinemas ou às locadoras para conferir os títulos sobre eles. Sinal de que a lista de filmes, que já é grande, ainda pode aumentar muito.

Atualizado em 6 Set 2011.