Guia da Semana

A sétima edição do DocBsAs, festival de documentários realizado em Buenos Aires, terminou sem a presença brasileira. O país não constava na lista dos países que poderiam de participar do Fórum de Produção e nenhuma produção nacional foi exibida na Mostra de Documentários. Durante os 12 dias do evento - entre 16 e 27 de outubro - foram exibidos 47 filmes.

O DocBsAs é um evento dedicado à produção de documentários independentes e está dividido entre o Fórum de Produção e a Mostra de Documentários. No primeiro, produtores latino-americanos podem participar de workshops e têm a oportunidade de inscreverem seus projetos para concorrer a prêmios.

Além disso, o público pode participar de classes e palestras com importantes figuras do gênero cinematográfico. Entre os convidados deste ano, esteve o diretor chileno Patricio Henríquez, o diretor do Festival de Lyon, Jean Perret, e o diretor do Festival de Marselha, Jean-Pierre Rehm.

A mostra de Documentários foi dividida em 10 seções e contemplou desde retrospectivas de importantes diretores de documentários (como o alemão Hartmut Bitomsky e o antropólogo francês Stéphane Breton), até filmes que tiveram destaque recentemente em importantes festivais internacionais.

Dentro do último grupo, está o documentário chileno Calle Santa Fe, de Carmen Castillo, apresentado em Cannes. No filme, a diretora empreende uma viagem ao seu país em busca de respostas para o assassinato de um companheiro que participou de um movimento revolucionário na época da ditadura chilena.

Outro filme imperdível é Cronica de uma mujer china, de Wang Bin, no qual uma idosa conta a sua história desde o início da Revolução Chinesa até o presente. Apesar das presenças chilena e chinesa, a predominância na mostra foi do cinema francês. Entre os 47 filmes exibidos, 16 foram produzidos ou co-produzidos pela França. Coincidência ou não, entre os organizadores do festival está a Embaixada da França na Argentina. A Alemanha apareceu em segundo lugar, com 12 filmes. A surpresa foi a exibição de apenas quatro filmes argentinos e a ausência de filmes brasileiros.

Entre os documentários argentinos mais destacados estão Ángeles caídos, de Pablo Rayero, e Linea Sur, de Fabián Fattore. O primeiro conta a história de três adolescentes de bairros pobres de Buenos Aires que tentam sobreviver por meio da música. Já no segundo, o diretor faz uma viagem à Patagônia argentina para buscar a fonte de inspiração dos contos e recordações do escritor Osvaldo Soriano.

E apesar de sua importância na produção de documentários, o Brasil não participou do DocBsAs. O festival não abriu possibilidades para que novos cineastas desse país pudessem concorrer com seus projetos, nem foram exibidos documentários de diretores brasileiros. Segundo Michelle Jacques-Toriglia, coordenadora do DocBsAs, a organização do evento visualiza filmes de diversos países, mas nem sempre é possível exibi-los pelo alto valor de seus aluguéis, ou porque os cineastas preferem apresentar seus filmes em festivais mais competitivos.

Em relação à participação no Fórum de Produção, aberto para apenas nove países - Chile, Uruguai, Paraguai, Equador, Peru, Venezuela, Bolívia, Colômbia e Argentina - Michelle explica que se deve a limitações financeiras e estruturais. Mas avisa que "para futuras edições, há planos de trazer o cinema brasileiro".

Enquanto isso, na 31° Mostra Internacional de Cinema em São Paulo - que termina dia 1º de novembro - é vasta a programação de documentários. E ao contrário do DocBsAs, o espaço é dedicado não somente às produções européias, mas também às latino-americanas, como Personal Che, do brasileiro Douglas Duarte e da colombiana Adriana Marino, além de Jogo de Cena, do brasileiro Eduardo Coutinho.

Atualizado em 6 Set 2011.