Guia da Semana

De Los Angeles


Homem de Ferro parece ter sido feito tão milimetricamente quanto a armadura de seu personagem. Não há espaço para erros e a construção, literal, do personagem conquista mesmo quando não há batalhas ou elementos de ação. No centro das atenções está o milionário Tony Stark (Robert Downey Jr.), o criador de um dos heróis mais famosos da Marvel, que estréia com seu primeiro filme solo. Embora cheio de "primeiras vezes", Homem de Ferro empolga do começo ao fim.b

Desde o primeiro filme dos X-Men - com Hugh Jackman vivendo Wolverine -, não havia uma escalação de herói dos quadrinhos tão perfeita quanto a de Robert Downey Jr. para o papel de Tony Stark, ou melhor, do Homem de Ferro. Todo o bastidor polêmico que cerca o ator parece emprestar uma aura curiosa ao personagem, também constantemente assediado pela imprensa, mas sem o elemento drogas atribuído a Downey Jr., Stark constrói armas. Stark entrega morte. Stark é mais playboy que Hugh Hefner (aliás, vivido no filme por ninguém menos que Stan Lee). Entretanto ele sofre na pele o que suas armas podem provocar e resolve fazer algo para mudar isso. No meio do caminho, porém, ele é "forçado" a inventar a armadura Mark I. Era isso ou a morte.

A genialidade de Stark só é comparada à sua surpreendente ingenuidade no mundo dos negócios. É aí que entra Obadiah Stane (Jeff Bridges em ótima forma, mas com barba de Matthew McConaugey em Reino de Fogo), ex-sócio do pai de Stark, o sujeito corporativo que pensa na empresa acima de tudo. Embora óbvio para leitores dos quadrinhos, a construção do vilão demora um pouco e ajuda no ritmo do filme. Aliás, esse é um dos grandes trunfos de Homem de Ferro: ele não depende em nada da versão em quadrinhos e segura as pontas por conta própria.

Os efeitos da ILM são um espetáculo à parte e a armadura do herói é de tirar o fôlego. Fica difícil descobrir se é mais empolgante ver a construção do traje ou as cenas de vôo. A alegria demonstrada por Stark com o "brinquedo novo" contagia a platéia claramente. A ligação, porém, só perde para uma ótima seleção de piadas envolvendo Stark e seus robôs-assistentes. As sacadas são inseridas cirurgicamente no roteiro e conduzidas sem erros pelo diretor e ator John Favreau (Zathura), que também atua como o segurança de Tony Stark. Essa não é a primeira aventura da Marvel da qual ele participa, já que foi o advogado sócio de Matt Murdock em Demolidor.

Homem de Ferro pode ser comparado a uma boa montanha-russa. O espectador paga para assistir a um mergulho na mente de um gênio da engenharia, um herói por opção e torce para que exista mais uma série de loopings e ladeiras depois da última curva. O segundo filme é inevitável. Afinal, ele é Tony Stark, dono da armadura mais desejada do mundo.
Quem é o colunista: Fábio M. Barreto adora escrever, não dispensa uma noitada na frente do vídeo game e é apaixonado pela filha, Ariel. Entre suas esquisitices prediletas está o fanatismo por Guerra nas Estrelas e uma medalha de ouro como Campeão Paulista Universitário de Arco e Flecha.

O que faz: Jornalista profissional há 12 anos, correspondente internacional em Los Angeles, crítico de cinema e vivendo o grande sonho de cobrir o mundo do entretenimento em Hollywood.

Pecado gastronômico: Morango com Creme de Leite! Diretamente do Olimpo!

Melhor lugar do Brasil: There´s no place like home. Onde quer que seja, nosso lar é sempre o melhor lugar.

Atualizado em 21 Mai 2015.