Guia da Semana

A maior parte dos fãs da franquia “Jogos Vorazes” provavelmente está só começando a ouvir falar de Goebbels e Tio Sam nas aulas de História, mas o conceito de publicidade de guerra não será problema nas provas de final de ano. No terceiro e penúltimo capítulo da saga, “A Esperança (Parte 1)”, a revolução anunciada no filme anterior se distorce e se submete às regras do marketing, tomando um rumo bem diferente de outras aventuras juvenis.

Jennifer Lawrence retorna ao papel de Katniss, irreconhecível em comparação à garota sorridente e desbocada que conquistou o Oscar e o mundo nos últimos dois anos. Sua heroína está mais calada, mais introvertida, e vive um dilema moral que lhe dá ares de insanidade: conduzir a revolução e derrubar a Capital, ou seguir seu instinto protetor e evitar a morte de inocentes?

O diferencial dessa personagem em relação a outros heróis de ação é justamente esse: ela não luta por um ideal, mas por um sentimento – o de revolta diante da violência. Por isso, não está totalmente do lado da revolução, nem do lado da Capital.

Jennifer Lawrence e Julianne Moore em Jogos Vorazes - A Esperança Parte 1

Após os eventos de “Em Chamas”, Katniss foi transportada para o Distrito 13, comandado pela presidente Alma Coin (Julianne Moore). Confrontos já estão acontecendo nos outros distritos e Alma planeja usá-la para unir todos os rebeldes contra a Capital. O curioso é que o discurso dessa líder da oposição, no palanque, não é tão diferente daquele usado pelo presidente Snow (Donald Sutherland), líder do governo atual.

Ao contrário do que esperava, Katniss não veste uma armadura para invadir a Capital, mas veste-a para gravar vídeos incitando o povo a lutar. Nessa patética missão, uma nova personagem se junta à equipe: a diretora Cressida (Natalie Dormer), uma espécie de guerreira em busca dos melhores takes.

Longe da arena dos Jogos Vorazes, o desafio pessoal de Katniss passa a ser negociar: com Alma, pelo resgate de Peeta (Josh Hutcherson) e de outros prisioneiros; com Snow pela vida de Peeta e pela paz. No calor do momento, porém, a garota faz promessas conflitantes, com as quais provavelmente terá que lidar no terceiro filme: será que ela continuará representando a revolução depois que seus interesses pessoais forem atendidos?

Josh Hutcherson em Jogos Vorazes - A Esperança Parte 1

É interessante notar que a figura de Peeta – um jovem em muitos sentidos fraco (moralmente inclusive) e aparentemente oposto à natureza de Katniss – funciona como um freio aos impulsos da heroína, mas também representa o povo oprimido a quem ela está protegendo. Pessoas do primeiro ao último distrito que jogam conforme o jogo, mas são tão vítimas dele quanto os rebeldes.

A primeira parte de “Jogos Vorazes – A Esperança” desenvolve as ideias de totalitarismo e revolução plantadas nos episódios anteriores, mas não entrega respostas simples. Apesar de sugerir um vilão convencional, o lado do bem parece ser o que esconde mais segredos... Mas só saberemos no ano que vem.

Assista se você:

  • Gostou dos dois primeiros filmes
  • Quer ver um filme político para jovens
  • Gosta de filmes futuristas que refletem sobre o presente

Não assista se você:

  • Não gostou dos primeiros filmes
  • Não gosta de franquias cinematográficas
  • Não gosta de filmes voltados para o público jovem

Por Juliana Varella

Atualizado em 25 Nov 2014.