Guia da Semana

Los Angeles


Keanu Reeves é veterano em filmes de ficção científica. Atingiu o ponto máximo da fama justamente pelo papel de Neo, na trilogia Matrix e, agora, depois de um tempinho longe do estrelato, retorna às telonas como o alienígena Klaatu em O Dia em que a Terra Parou, remake do clássico de 1951, que aborda o fim dos tempos e a imbecilidade humana. Logo após o término das filmagens, o astro conversou com o Guia da Semana sobre o novo longa, filmes de ficção e até porte de arma!

Você já atuou em vários filmes do gênero Sci Fi antes. O que faz você continuar trabalhando no gênero?

Keanu Reeves:
Ficção científica é uma plataforma. É um veículo extraordinário para qualquer tipo de história. Pode ser um romance, um drama, um thriller ou uma comédia. Você pode imaginar o futuro e voltar para si mesmo, pois, ainda assim, é imaginação, mas que prevê o futuro de certa maneira. É uma grande plataforma para as histórias.

Qual é o objetivo de filmar um remake dessa magnitude?

Keanu Reeves:
É muito importante que nós revitalizemos filmes como esse, para que eles possam ser mostrados a novos espectadores.,Certamente, de outra forma, eles não parariam para ver um filme "velho" em DVD. Então, é uma espécie de trabalho necessário. Eu estou bem empolgado com essa idéia.

Recentemente, você esteve em Os Reis da Rua e interpretou um sujeito cercado pela violência. É muito difícil lidar com um assunto que é a realidade de muita gente?

Keanu Reeves:
Temos que deixar bem claro que toda essa violência do filme é ficcional. Não há nenhum tom de documentário ou de denúncia envolvidos. Entretanto, mesmo em se tratando de algo conceitual, os personagens mostram vários aspectos dessa violência, que também é uma maneira de se expressar sentimentos. Ela pode vir da polícia, que tem senso de controle e poder, por causa da natureza do seu trabalho. Mas também dá a impressão de domínio sobre determinados grupos, dos quais os policiais conseguem aquilo de que precisam - mesmo que seja só para prender alguém. Todavia, por mais extrema que a violência possa ser, ela não é transformadora ou satisfatória o suficiente para acalmar ímpetos.

Mas esse "modo de expressão" precisa ter limites, não?

Keanu Reeves:
A polícia precisa ter seu equilíbrio e balancear tudo de acordo com as necessidades da população. Sem esse conceito, tudo pode parecer abusivo. Felizmente, esse tipo de equilíbrio tem sido a norma na maioria dos casos. De qualquer forma, isso não espanta a corrupção e os exageros. Essa é uma falha humana, não só de policiais. É injusto dizer que só eles têm essa imperfeição moral e física.

Você concorda com o porte de arma?

Keanu Reeves:
Claro, por que não? (risos). Claro que não. Pelo menos, não para mim. É possível argumentar sobre os dois lados dessa situação. Não sou totalmente contra essa possibilidade, mas, com certeza, existem complicações e consequências. Pode não ser algo muito inteligente. Eu não tenho uma arma, por isso não sou qualificado para dizer quais razões levam alguém a ter uma arma em casa.

Quando seria válido para um cidadão comum usar uma arma?

Keanu Reeves:
Quando os Hunos estiverem descendo as colinas (risos). Na defesa pessoal, em último recurso. Assim não haveria crítica ou escapatória.

Você usou armas em vários filmes. O fato de não possuir uma arma na vida real não o incomoda na hora de filmar uma cena dessas? Você é bom de mira?

Keanu Reeves:
Trato o assunto com respeito, é o mínimo que posso fazer. Há um treinamento para filmes desse tipo chamado "atire ou não atire". Basicamente, é uma simulação de ação policial e várias pessoas aparecem - bandidos ou vítimas - e é necessário decidir se dispara ou não. E, se atira, há um laser que diz quanto tempo levou para decidir e em qual tipo de alvo você vacilou mais. Sou bom de tiro, sim. Sou um cara "não atire", mas quando o diretor manda atirar bastante, eu mandava bala. Sorte que Klaatu não precisa dar nenhum tiro, mas possui a melhor de todas as armas: conhecimento.

Leia as matérias anteriores do nosso correspondente:

  • John Lasseter: o salvador da Disney

  • Brendan Fraser: O nome da aventura

  • Dustin Hoffman: ficção e realidade


    Quem é o colunista: Fábio M. Barreto adora escrever, não dispensa uma noitada na frente do vídeo game e é apaixonado pela filha, Ariel. Entre suas esquisitices prediletas está o fanatismo por Guerra nas Estrelas e uma medalha de ouro como Campeão Paulista Universitário de Arco e Flecha.

    O que faz: Jornalista profissional há 12 anos, correspondente internacional em Los Angeles, crítico de cinema e vivendo o grande sonho de cobrir o mundo do entretenimento em Hollywood.

    Pecado gastronômico: Morango com Creme de Leite! Diretamente do Olimpo!

    Melhor lugar do Brasil: There´s no place like home. Onde quer que seja, nosso lar é sempre o melhor lugar.


  • Atualizado em 6 Set 2011.