Guia da Semana

De Los Angeles


Além de viver Tugg Speedman, um herói de ação decadente em Hollywood, Ben Stiller também assina a direção de Trovão Tropical, uma das comédias mais faladas de 2008 e que chegou a liderar bilheterias nos Estados Unidos. Depois de idealizar a história de um grupo de atores que precisa escapar das selvas do Laos durante as filmagens de um longa-metragem sobre o Vietnã, Stiller convenceu Steven Spielberg a produzir e também conquistou o apoio de Tom Cruise, que resolveu aparecer no filme.

Confira entrevista a nosso correspondente internacional!

Fábio Barreto: Tom Cruise surpreendeu no filme. Ele topou o personagem logo de cara? Como foi o convite?
Ben Stiller:
Na verdade, foi o contrário, ele já gostava muito do roteiro e acabou sugerindo a idéia para o papel. Ele disse: ´vocês tiram sarro dos atores, mas não falam nada sobre os executivos. Acho que podemos explorar isso." Então, Justin e eu aproveitamos para cobrir um buraco na história, afinal, esses caras estão perdidos na selva, mas por que ninguém vai procurar por eles? E foi aí que o executivo se encaixou perfeitamente! Mas qual foi minha surpresa quando ele recusou a oferta para interpretar o agente [que ficou com Matthew Mconaguey] e bateu o pé para ser o cartola do estúdio?

E ele ficou irreconhecível com toda aquela maquiagem!
Ben Stiller:
Isso foi muito engraçado, pois ele pediu para ter mãos grandes. ´E, além de grandes, têm que ser peludas. Ah, e o sujeito vai ser careca e gordo a ponto de ter mamilos!´ Todo mundo começou a rir, mas piorou quando ele começou a dançar durante o teste de maquiagem.

Qual era a música de fundo?
Ben Stiller:
Nenhuma! Ele começou a dançar espontaneamente. Eu achei que seria ótimo inserir isso no filme, realmente parecia divertido dançar com aquele cara. Tom foi fundamental para aquele personagem desde as primeiras idéias que deu quando leu o roteiro.

Por que filmar no Havaí?
Ben Stiller:
Além dos incentivos fiscais, tenho visitado o Havaí nos últimos dez anos, casei lá, então, amo o lugar! Também ajudou o fato de que boa parte do filme foi escrita lá, logo, o cenário acabou se incorporando à história. Mesmo antes de algum estúdio se interessar pelo filme, o Havaí foi a primeira locação que analisei por conta própria. Foi perfeito.

Foi complicado realizar essa idéia maluca?
Ben Stiller:
Para mim foi um tempão. Estou com essa idéia há uns 20 anos. Começou mais ou menos na época em que fiz uma ponta em Império do Sol. Todo mundo que eu conhecia estava fazendo filmes de guerra e indo para os campos de treinamento para filmar Platoon, por exemplo, e um bando de atores vivia essa "experiência transformadora" do campo de treinamento falso. Sempre achei que isso poderia ser engraçado, afinal, todo mundo se leva a sério demais e tudo ali é falso, pois eles não correm nenhum risco. Passei um bom tempo com apenas 30 páginas de roteiro, mas, aí, ralei um bocado para desenvolver o segundo ato. A conclusão eu já sabia como seria, então, foi o menor dos problemas. Depois de todas as adaptações, mudanças de rumo e da decisão sobre o tom certo para o filme, reescrevemos uma última vez e funcionou. Mandei para Spielberg dar uma olhada e ele gostou, achou diferente e topou correr o risco. Eu, simplesmente, adoro esse filme...

Você se sente mais confortável dirigindo ou atuando? Pretende seguir na carreira de diretor?
Ben Stiller:
Eu, realmente, amo dirigir, é a coisa de que mais gosto na profissão. Sempre quis seguir esse caminho desde criança, então, foi uma evolução natural. Gosto muito de atuar, mas dirigir esses caras é algo totalmente diferente e mais motivador. Sabe que é muito interessante, às vezes, ficar ali apenas vendo os caras no trabalho deles e pensando em como ajudá-los? Isso me fascina!

Leia as matérias anteriores do nosso correspondente:

  • Catherine Winder: Produtora fala sobre o trabalho com George Lucas na LucasFilm Animation

  • David Filoni: O diretor de The Clone Wars fala do trabalho com George Lucas

  • O Grande Dave: Leia a crítica da novo longa e Eddie Murphy


    Quem é o colunista: Fábio M. Barreto adora escrever, não dispensa uma noitada na frente do vídeo game e é apaixonado pela filha, Ariel. Entre suas esquisitices prediletas está o fanatismo por Guerra nas Estrelas e uma medalha de ouro como Campeão Paulista Universitário de Arco e Flecha.

    O que faz: Jornalista profissional há 12 anos, correspondente internacional em Los Angeles, crítico de cinema e vivendo o grande sonho de cobrir o mundo do entretenimento em Hollywood.

    Pecado gastronômico: Morango com Creme de Leite! Diretamente do Olimpo!

    Melhor lugar do Brasil: There´s no place like home. Onde quer que seja, nosso lar é sempre o melhor lugar.

  • Atualizado em 6 Set 2011.