Guia da Semana

Los Angeles


Tamanho não é documento para Reese Witherspoon. Com 1,56 de altura, a estrela de Legalmente Loira acumula um sucesso atrás do outro, consegue criar os filhos da maneira como imaginou (mesmo depois do divórcio com Ryan Phillippe) e, de quebra, tem deixado o mundo de queixo caído, com as campanhas publicitárias da Avon. Dividindo seu tempo entre atuação e produção, Reese pegou o gosto pela comédia física e avisa: "O importante é sempre ser uma pessoa aberta a novas possibilidades profissionais".

Sempre pensando na felicidade de seus filhos Ava, 9 anos, e Deacon, 5, Reese conversou com o Guia da Semana para falar de seu mais recente sucesso, Surpresas do Amor - que ainda está em primeiro nas bilheterias norte-americanas -, quando relembrou a infância e explicou como funciona seu jeito de ser, pensar e trabalhar. Sempre alternando muito bom-humor e uma postura bastante séria, também comentou sobre o sua situação atual proporcionada pelo sucesso, que garante toda a autonomia para escolher projetos e curtir as crianças, afinal, "não vejo razão para pensar em casamento agora". O momento é bom e ela sabe.

Qual a primeira coisa que passa pela sua cabeça quando o assunto é festa, especialmente nos feriados de fim de ano?

Reese Witherspoon:
Primeiramente, pânico! (risos) Quando comecei a pensar no Natal, entrei no Starbucks e tive um ataque de pânico, pois não sabia o que fazer. Foi hilário. Depois que me acalmei, claro. Mas, o mais interessante é que isso tudo passa, a família chega, a gente sobrevive a tudo aquilo, aí, quando conseguimos colocar todo mundo para correr, estamos naquele estado tão cansado, que precisamos de um feriado só para descansar ou para mais festas. (risos).

Esse tipo de situação a deixa apreensiva?

Reese Witherspoon: Não muito. Pensando com mais calma, posso dizer que sou um tipo de pessoa atirada, digamos assim. Encaro quase tudo.

Inclusive programas natalinos em público, como ir ao cinema, por exemplo?

Reese Witherspoon:
Minha família tinha o hábito de ir muito ao cinema na época e, especialmente, no dia de Natal.

A idéia era assistir a filmes natalinos ou coisas familiares?

Reese Witherspoon:
Nada disso, valia tudo, até O Poderoso Chefão, se fosse o caso (risos). Filmes animadores para a época. É o mesmo que assistir a Sexta-Feira 13 nas férias. Melhor ainda se é na véspera da viagem para o acampamento de verão (risos). De qualquer forma, acredito que essa seja uma atividade importante, independente do filme, afinal, você sai e faz alguma coisa com a família, ao invés de se limitar a presentes e comida. Ficar junto é objetivo. Claro que, quando meus filhos resolvem assistir ao mesmo DVD pela décima vez no mesmo dia, isso passa do limite, mas é a vida (risos). Aliás, perdi a conta de quantas vezes já vi Wall-E.

Aliás, como funciona o processo de decisão na família para saber quem fica com as crianças em cada momento de descanso ou data comemorativa?

Reese Witherspoon:
Temos uma espécie de acordo informal que é ditado pelo desejo das crianças. Tentamos sempre tomar a decisão que os deixe mais felizes, confortáveis e animados. Essa postura mostra a eles como "gente grande" deve se comportar sem atritos desnecessários. Acho muito ruim a perspectiva de envolvê-los em algum desafeto que não tenha a ver com as ações ou escolhas deles, sabe. Somos muito afortunados nesse aspecto. E o melhor é a inexistência de algo formal ou escrito. Acontece por ser o melhor jeito mesmo.

A química entre você e Vince Vaughn foi fundamental para seu último sucesso, não? Como isso aconteceu?

Reese Witherspoon:
Ele é um brincalhão inveterado. Aprendi um bocado sobre improvisação com ele. Ficamos apaixonados, seríamos pais, nos odiamos, cada um foi para seu lado, voltamos a ficar juntos, então, é uma bagunça só. Essa foi uma das razões que me levou a querer produzir esse filme com ele, que é animador justamente por ser diferente daquela dinâmica tradicional quando a gente só precisa aparecer, fazer as cenas e ir embora. Quem me dera todos os filmes fossem assim. Mas trabalhamos muito, aliás, ficamos focados no roteiro por quatro meses antes de filmar qualquer coisa.

Qual foi o segredo?

Reese Witherspoon:
Há uma idéia muito moderna nessa história, que é o lance de os personagens estarem juntos sem, necessariamente, estarem juntos, seja legal ou religiosamente. Muita gente teoriza a respeito, mas não é tão simples manter isso, afinal de contas, todos amadurecem e evoluem, então, fica praticamente impossível manter esse estado de animação suspensa durante muito tempo. Essa foi uma das coisas que motivou muito o nosso trabalho para descobrir quais os possíveis desdobramentos disso tudo. Senti muito desconforto em alguns momentos, justamente por ter que evitar pensar no futuro. É isso que eles fazem, tentam viver um eterno presente. Não gostaria de ter isso na minha vida.

Por falar nisso, Joaquin Phoenix anunciou a aposentadoria recentemente. Ficou surpreendida?

Reese Witherspoon:
Surpresa não seria o termo, afinal, respeito a decisão dele, mas acho que deve haver razões suficientes para ele tomar essa atitude. Sei de uma coisa: qualquer coisa que ele decidir fazer, vai dar certo, pois ele tem muita energia e força de vontade.

Quando você deixou de acreditar em Papai Noel?

Reese Witherspoon:
Você quer dizer que ele não existe? (risos). Foi frustrante. Certo dia, na segunda série, uma das minhas colegas de classe ficou brava com alguém e resolveu contar para todo mundo que Papai Noel não existia. A turma inteira começou a chorar desesperadamente. Foi um horror. Tudo bem que, no dia seguinte, ela tentou dizer que estava mentindo, mas o estrago estava feito.

Vince é gigante perto de você. Como isso funcionou? Aliás, tamanho já influenciou muito na sua vida?

Reese Witherspoon:
Bem (risos), encolher o Vince não foi possível, mas tentamos mesmo assim (risos). A diferença é muito grande mesmo, mas isso só deixou mais engraçado, pelo menos para a gente. Numa das cenas, estamos na cama e precisamos rolar e cair no chão. Digamos que a queda não foi tão controlada assim e parecia que uma árvore gigante havia caído em cima de mim (risos). Juro que gritei: "Madeiraaaa!". Mas, basicamente, o que aconteceu em cena foi o uso de rampas bem sutis que desapareciam em meio ao cenário ou, quando possível, eu subia em banquinhos ou caixas mesmo. Vai render um making of engraçado. A melhor parte de tudo isso, e que já aconteceu algumas outras vezes na minha vida, foi a cena da dança. Vince, literalmente, me segurou contra o peito e dançou enquanto me carregava para que ficássemos no mesmo quadro. E ele é um dançarino fantástico. Impressionante!

Uma das experiências de Surpresas do Amor envolve sua personagem precisar cuidar de uma criança e não saber bem o que fazer ali. Sendo mãe, foi difícil criar aquela situação?

Reese Witherspoon:
De maneira alguma. Não tenho sobrinhos e nunca tive muito contato com crianças. A primeira vez em que cuidei de um bebê, ou menos segurei por mais tempo, foi quando Eva nasceu [primeira filha da atriz com o ator Ryan Phillippe]. Demorou muito para eu ficar confortável com o papel de mãe de verdade.

O que foi mais difícil relembrar: os cuidados com nenéns ou enfrentar um pula-pula cheio de crianças bagunceiras?

Reese Witherspoon:
Fiquei apavorada com aquele lugar. Foram duas semanas gravando aquela cena, mas o problema é quando algumas das crianças exageravam no salgadinho antes do trabalho e o resultado não era dos mais bonitos. Só consigo me lembrar dos gritos e da evacuação de emergência (gargalhadas). Nunca tenho muita chance de fazer essas comédias mais físicas, então houve seus momentos.

Outra coisa que não vemos com muita freqüência é seu lado mais sexy em cena. Embora seja uma comédia, Surpresas do Amor tem um pouco disso, especialmente na abertura. Como isso aconteceu?

Reese Witherspoon:
(risos) Vince é um maluco, foi idéia dele. Os personagens seriam apresentados de um modo diferente, mas, aí, ele veio com a idéia de eu ser bem sexy e dar em cima dele, enquanto ele seria um sujeito meio nerd e bobão. Eu não parei de rir quando ele terminou de me contar. A cena ficou ótima.

Você era uma garota medrosa na infância?

Reese Witherspoon:
Imagina! Eu era do tipo que pulava de uma ponte se desse na telha. Meu irmão mais velho vivia me incentivando e dizendo "vai lá, pula sem medo de ser feliz". E eu fazia. Nunca tive medo desse tipo de coisa. Para dizer a verdade, fiquei medrosa quando cresci.

Desses programas de família, o que era mais comum na sua juventude?

Reese Witherspoon:
Igreja, sem dúvida. Freqüentávamos bastante, então, vivia envolvida com as peças de teatro e outras atividades, digamos, culturais, que aconteciam lá dentro. Perdi a conta de quantos papéis fiz antes mesmo de ser atriz (risos).

Você se considera cinematograficamente poderosa?

Reese Witherspoon:
Esse é um conceito muito perigoso, afinal, não é possível saber do que se trata esse poder. Garanto que não é algo que eu busque ou preze mais que a felicidade dos meus filhos, por exemplo. Claro que é ótimo estar numa sala cheia de gente debatendo idéias e pedindo minha opinião, ou pensando em projetos com o meu estilo, mas isso é um pedaço muito pequeno da minha vida.

E pessoalmente?

Reese Witherspoon:
Acho que seja o mesmo princípio, especialmente em termos familiares. Contanto que eu sempre seja uma pessoa aberta a novas possibilidades profissionais com potencial positivo para minha vida, acho que sempre terei boa perspectiva. Se ser feliz é ter poder, pode ser, mas nunca encarei dessa forma. E tudo isso é variável também. Por exemplo: tinha uma idéia de como seria casamento, um ideal para essa vida a dois, mas nem sempre as coisas funcionam. Entretanto, nada disso invalida o que senti ou disse durante o tempo em que estive casada. Cada elemento da nossa vida tem uma forma, mas não necessariamente, será bonitinho como a gente imaginou na infância.

Pensa em se casar novamente?

Reese Witherspoon:
Não sei, talvez sim, talvez não. Não vi motivo para voltar a pensar nisso.

Leia as matérias anteriores do nosso correspondente:

  • Stan Lee: o mestre dos quadrinhos.

  • Roland Emmerich: diretor, produtor e roteirista

  • Mark Wahlberg: múltiplos talentos


    Quem é o colunista: Fábio M. Barreto adora escrever, não dispensa uma noitada na frente do vídeo game e é apaixonado pela filha, Ariel. Entre suas esquisitices prediletas está o fanatismo por Guerra nas Estrelas e uma medalha de ouro como Campeão Paulista Universitário de Arco e Flecha.

    O que faz: Jornalista profissional há 12 anos, correspondente internacional em Los Angeles, crítico de cinema e vivendo o grande sonho de cobrir o mundo do entretenimento em Hollywood.

    Pecado gastronômico: Morango com Creme de Leite! Diretamente do Olimpo!

    Melhor lugar do Brasil: There´s no place like home. Onde quer que seja, nosso lar é sempre o melhor lugar.


  • Atualizado em 1 Dez 2011.