Guia da Semana

Por Meriane Morselli


Eduardo Coutinho já reconhecido como um dos grandes documentaristas brasileiros. Comandou, entre outras produções, Edifício Master e Peões. Desta vez, cansado de mergulhar num extenso e demorado processo de pesquisas na fase de pré-produção, entrou de cabeça em seu novo filme. Sem pauta pré-definida, contando apenas com a sorte, o cineasta partiu com sua equipe para o interior da Paraíba e filmou O Princípio e o Fim. Saiba mais sobre a experiência de Eduardo Coutinho, que conversou com a reportagem do Guia da Semana. Confira!

Guia da Semana: De onde veio a idéia de fazer um filme assim, sem saber o que iriam encontrar pela frente?
Eduardo Coutinho:
Pensei no projeto em 2003 e comecei a filmar no ano seguinte. Eu queria apenas que o filme tivesse três requisitos: ambiente rural, que não houvesse pesquisa, pois estava cansado disso, e que fosse no sertão nordestino, devido ao forte imaginário das pessoas que moram lá. A idéia era basicamente esta. Fui para a Paraíba, fiquei num hotel e comecei a conhecer o lugar e as pessoas e optei pelo sítio Araçás.

Guia da Semana: Qual a maior dificuldade de filmar sem uma pauta pré-definida?
Eduardo Coutinho:
Acho que para isso é preciso principalmente gostar do acaso e contar com a sorte. Eu corria o risco de não achar o lugar ideal, as pessoas... Encontrei uma pessoa que morava naquela comunidade e mediou meu contato com os moradores, ela me contava como eram, mas eu nunca sabia o que iria encontrar, em que cenário, como era a pessoa, se iria querer falar ou não. Tudo foi improviso tanto para mim quanto para o entrevistado. Quando se elimina a pesquisa prévia, tudo é uma surpresa.

Guia da Semana: Você conseguiu as histórias que queria? O que você obteve lá superou as expectativas?
Eduardo Coutinho:
Na verdade, como não houve pesquisa, não imaginava nada. Era um filme aberto para tudo. Acabou saindo uma produção centrada na população mais velha, um retrato do sertanejo, mostrando facetas que eu não necessariamente procurava.

Guia da Semana: Qual foi o orçamento total e quantos dias de filmagem?
Eduardo Coutinho:
Gastamos mais ou menos R$ 700 mil. Depois de filmar a primeira semana, fiquei doente e voltei para o Rio. Depois voltamos e fizemos as três semanas que restavam.

Guia da Semana: Como as pessoas recebiam as novidades de um set de filmagem no interior da Paraíba?
Eduardo Coutinho:
O fato de ter encontrado uma mediadora facilitou tudo. Ela falava que éramos do bem e as pessoas acreditavam. Então isso foi logo superado. Lá eles não sabem o que é TV, filme, cinema e não perguntavam. A câmera ficava parada e logo os entrevistados ficavam à vontade para falar. Ninguém perguntava nada, em São Paulo ou no Rio as pessoas são muito mais curiosas em relação a isso.

Guia da Semana: Os entrevistados já conferiram o filme pronto?
Eduardo Coutinho:
Vão assistir no próximo dia 26 de novembro, vamos montar um telão e convidar a população para ver.

Atualizado em 6 Set 2011.