Guia da Semana

Los Angeles


Roland Emmerich gosta de contar histórias que vão de alienígenas à independência norte-americana. Entenda um pouco melhor como funciona a mente de um dos maiores nomes do "cinema pipoca", em uma entrevista exclusiva ao correspondente do Guia da Semana, onde o simpático diretor alemão fala sobre trabalhos como Stargate e 10.000 a.C., explicando como gosta de fazer seus filmes.

Você gosta de discutir seus filmes com jornalistas e amigos?
Roland Emmerich:
Para ser honesto, não sou uma pessoa muito pública e não gosto de falar sobre meus filmes. Adoro fazê-los, mas ficar falando é horrível. Ficaria horas falando sobre cinema, contanto que de filmes dos outros. (risos).

Seus filmes são sempre grandiosos, não há simplicidade. Por quê?
Roland Emmerich:
Acabou se tornando meu estilo, é como gosto de pensar. Toda vez que penso num filme, surgem imagens grandiosas e fantásticas. É bem automático. Prefiro visualizar uma espaçonave gigante pairando sobre a cidade e, daí para frente, trabalhar no roteiro que conta como as pessoas vão reagir a isso. Faço o que gosto e, às vezes, preciso me convencer. O que é bem divertido.

E para convencer os outros? Especialmente roteiristas e atores...
Roland Emmerich:
É muito difícil convencer as pessoas de uma idéia até que elas vejam o que vislumbrei. Sou muito visual e muita gente acha que isso só significa gostar de imagens complexas. Na verdade, é como se eu imaginasse tudo em desenhos, em vez de roteiros ou linhas de diálogo. Às vezes, vejo alguns filmes inteiros na minha mente antes de conversar com alguém a respeito.

De onde vem essa fixação pelo Egito?
Roland Emmerich:
Usei elementos de Stargate em 10.000 a.C.. Não tinha dinheiro naquela época e precisei improvisar demais. Mas quando fiz 10.000 a.C., tudo estava diferente e pude ousar mais visualmente. Ter dinheiro nessa hora ajuda muito.

Outro tema bastante recorrente são os heróis e ações capazes de derrubar deuses e inimigos virtualmente invulneráveis. Qual a raiz dessa idéia?
Roland Emmerich:
É um tema que faz parte da minha vida, mas não há uma agenda pessoal ou coisa do tipo. São conceitos em que acredito e que migram para os filmes. Hitchcock gostava de loiras. Eu gosto de brincar com essa idéia. Gosto de pensar em heróis que promovem a unidade das pessoas. Infelizmente, nosso mundo tem pouquíssimas pessoas capazes de fazer isso de forma positiva.

Sua predileção por piadas segue a mesma linha?
Roland Emmerich:
Gosto de ver meus personagens se divertirem. Para gostar realmente de um personagem, o público precisa rir com ele em algum momento. Sem forçar a barra. Isso gera identificação e é algo que sempre procuro inserir.

Leia as matérias anteriores do nosso correspondente:

  • Mark Wahlberg: múltiplos talentos

  • John Moore: desbocado e comprometido com o entretenimento.

  • Corey Feldman: direto dos filmes dos anos 80, ator volta em Garotos Perdidos 2


    Quem é o colunista: Fábio M. Barreto adora escrever, não dispensa uma noitada na frente do vídeo game e é apaixonado pela filha, Ariel. Entre suas esquisitices prediletas está o fanatismo por Guerra nas Estrelas e uma medalha de ouro como Campeão Paulista Universitário de Arco e Flecha.

    O que faz: Jornalista profissional há 12 anos, correspondente internacional em Los Angeles, crítico de cinema e vivendo o grande sonho de cobrir o mundo do entretenimento em Hollywood.

    Pecado gastronômico: Morango com Creme de Leite! Diretamente do Olimpo!

    Melhor lugar do Brasil: There´s no place like home. Onde quer que seja, nosso lar é sempre o melhor lugar.


  • Atualizado em 6 Set 2011.