Guia da Semana



Coisa mais ridícula é a abordagem dessas campanhas antipirataria de filmes. Na última que vi, o cara chega em casa com um piratinha nas mãos dizendo "olha como sou esperto" para o filho. Aí o garoto conta que também é astuto, pois tirou uma nota dez pirata, colando na prova. Neste momento o homem se dá conta de como consumir pirataria é errado, errado e errado. Close no rosto dele e música de filme de terror. Como eu disse, uma babaquisse.

Por que eu deixaria de ir a uma banquinha e comprar um DVD pirata? Não me venham com argumentos de que a pirataria causa um prejuízo anual de tantos bilhões ao mercado brasileiro de, sei lá, entretenimento. Estou andando para isso, tenho certeza de que temos problemas bem maiores. Pior ainda quando tentam me convencer que o comércio de filmes piratas está relacionado à máfia e ao tráfico de drogas. Mentira. Hoje, qualquer um pode fazer esse tipo de coisa com um computadorzinho mais ou menos.

De qualquer modo eu não compro. Prefiro alugar ou descolar um original quando está mais baratinho. Nenhuma questão moral aqui, simplesmente os filmes piratas - em sua maioria - ainda têm uma qualidade de imagem ruim. Isso porque alguns são capturados por filmadoras dentro dos cinemas e outros foram extremamente compactados para caber em mídias mais baratas como CDs. Há também os que são baixados pela internet.

Falando nisso, apesar de não comprar pirataria na rua, não tenho nenhum pudor em baixar filmes pela web, principalmente os mais difíceis de encontrar. Nos últimos tempos assisti coisas como La Jetée, Breaking the Waves, Save the Green Planet, Eraserhead e Sympathy for Mr Vengeance, tudo da internet. Se eu quisesse ver essas obras de outra forma, a opção seria ir a uma locadora especializada e pagar uns R$ 10,00 pelo aluguel. Não sei se ando muito pobre, mas acho caro. Dependendo do dia, dá até para ir ao cinema por esse valor. E mesmo que se queira pagar, há alguns filmes que não são encontrados em locadora nenhuma. Então, se você for boy, compre-os pela Amazon.com. Como para mim não dá, valho-me da rede mundial de computadores mesmo e rezo pelo perdão de Deus.

Esses filmes baixados são inclusive uma maneira bonitinha de presentear seus amigos. Você grava algum deles num DVD, escreve o nome com aquela canetinha bacana e dá para a pessoa que gosta. Ganhei um Rocky Balboa (bom filme!) nesse esquema esses dias. É uma coisa até meio melancólica, faz a gente se lembrar do tempo em que gravava as músicas do rádio para fazer uma supercoletânea em fita cassete.

Além do mais, a pirataria fez inegáveis contribuições aos cinéfilos. Um exemplo: num passado não muito distante, precisávamos esperar meses e meses até que um lançamento dos Estados Unidos chegasse por aqui. Agora, há até estréias simultâneas. Isso tudo por medo de que todo mundo já tenha visto o filme antes mesmo dele chegar aos cinemas. As distâncias estão ficando menores e o acesso à sétima arte mais fácil. Tento não questionar, apenas aproveitar.

Leia a coluna anterior do Robinson:
? Invasões bárbaras: Como o comportamento alheio tira a paz de qualquer cidadão no cinema

Fotos ilustrativas: www.sxc.hu Quem é o colunista: : Robinson Melgar, 29, não estudou e por isso ganha a vida escrevendo sobre informática. Seu sonho é virar a maior autoridade em cinema de sua rua.

O que faz: é jornalista.

Pecado gastronômico: x-calabresa.

Melhor lugar de São Paulo: Rua Augusta.

Acesse o site dele: www.morfina.com.br.

Atualizado em 6 Set 2011.