Guia da Semana

Em cartaz no Memorial Minas Vale, integrante do Circuito Cultural Praça da Liberdade, até o dia 2 de agosto, a exposição "De Pai pra Filha - Fotografias de Ilana Lansky”, de Ilana Lansky, é um convite para o visitante conhecer a memória afetiva-subjetiva da artista; apreciar belíssimas fotografias de moda, pintadas à mão, fotojornalísticas e publicitárias que simbolizam a trajetória profissional de Ilana.

O amplo recorte pode ser compreendido como uma tentativa de evidenciar a todos o caráter múltiplo da artista: Ilana trilhou praticamente todos os caminhos que sua profissão oferece. Abaixo você pode conhecer mais sobre a vida da fotógrafa, sua principal influência para escolher a fotografia, um pouco de cada uma das áreas de atuação e, claro, mais sobre a exibição que leva seu nome e faz uma homenagem a seu pai. Confira e não deixe de visitar esta fascinante exposição!

Sobre Ilana Lansky

Ilana é uma daquelas artistas cuja vida pessoal exerceu e continua exercendo muita influência em seu trabalho. Nascida em Rehovot, cidade de Israel com cerca de 100 mil habitantes, Ilana passou apenas quatro anos em sua terra natal e, depois disso, mudou-se para o Brasil acompanhando sua família.

Na juventude o universo da construção chamou a atenção da artista, levando-a a ingressar no curso de Arquitetura na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). E, embora tenha terminado o curso na instituição entre os anos de 1975 e 1979, a paixão pelas imagens falou mais alto e, mesmo antes de terminar a graduação, procurou capacitação na área de fotografia ao participar dos curso oferecido pelo Sistema Photour (atual Image) e do Curso Técnico de Fotografia - The Neri Bloomfield - Haifa Comunity College (Israel). Anos mais tarde, aperfeiçoaria todo o seu conhecimento no Institute of Contemporary Photografy de Nova York, em 1987.

Versatilidade no olhar


Em 1981 entrou de vez para o mundo da fotografia com sua primeira exposição individual no Salão da Escola de Arquitetura da UFMG. As imagens do início de sua carreira já apontam para uma curiosidade para além dos frames expostos.

Provavelmente foi essa curiosidade pelo mundo que levou Ilana a trilhar os diversos caminhos dentro dessa arte. Além da fotografia de moda, que a tornou conhecida internacionalmente — teve suas fotos publicadas em periódicos como “Vogue” e “Interview” —, Illana dedicou-se a outras áreas da fotografia, com fotojornalismo, casamento, propaganda e fotografia industrial.

Depois disso, participou de importantes exposições. Entre elas a “Coletiva de Nove Fotógrafos Brasileiros sobre o Nu”, patrocinado pela Funarte do Rio de Janeiro e sediada tanto pelo Palácio das Artes, em Belo Horizonte, quanto pelo Museu da Imagem e do Som, em São Paulo.

Na área do fotojornalismo, teve seu trabalho reconhecido por imagens registradas de índios do Pará, Goiás e Maranhão, que ganharam as páginas da extinta “Revista Manchete” e da “Revista de Domingo”, além do diário “Jornal do Brasil”. Ainda nessa área, fez um longo registro sobre a Serra Pelada, famosa serra no estado paraense que recentemente deu origem ao filme homônimo de Heitor Dhália.

Basta uma rápida passagem no site oficial da fotógrafa para notar que seu talento se espalha em diversas direções. Como a própria Ilana costuma dizer: “sou fotógrafa de quase tudo”.

A principal influência da artista

É comum que pais inspirem seus filhos a seguirem determinadas profissões. Tratando-se de carreiras artísticas, essa situação é ainda mais intensa, pois a infância desses filhos geralmente acontece em ambientes familiares carregados de influências. Não faltam exemplos que ilustrem casos como esse: Chico Buarque é escritor assim como foi seu pai Sérgio Buarque de Holanda; Nana Caymmi é cantora assim como seu pai Dorival Caymmi e, por fim, Fernanda Torres é atriz assim como sua mãe Fernanda Montenegro.

Assim como esses, Illana Lansky foi diretamente influenciada por seu pai Moyses Lansky. A própria artista descreve que, quando criança, sempre via seu pai, um fotógrafo amador, revelar fotos no kibutz (pequenas comunidades israelenses onde as pessoas vivem de forma coletiva) em que viviam. Encantada com o processo, nunca mais deixou de ter a fotografia como fonte de seus desejos, tendo, mais tarde, transformado o amor em sua profissão.

A exposição "De pai para Filha - Fotografias de Ilana Lansky"

Devido à importância de seu pai em sua trajetória profissional, Ilana resolveu homenageá-lo na exposição no Memorial Minas Vale. Grande parte das fotos são em preto e branco e mostram cenas da artista ainda pequena ao lado de seu pai em diversas ocasiões caseiras no kibutz.

A intimidade revelada nas fotos, de certa forma, aproxima o espectador à artista. Ao ver essas imagens a sensação é de que você está vendo um álbum de família de uma pessoa que não conhece pela primeira vez. A intenção da artista é mostrar um pouco do que ela é pelo meio que melhor se expressa: a fotografia.

Em geral, todas as imagens da mostra servem como uma ponte para o restante de obras expostas. Nessa segunda parte, uma gama de imagens representa seu o vasto trabalho de Ilana e atesta a pluralidade do conjunto de sua obra, com destaque para a fotografia de moda que contribui para descatá-la no cenário nacional.

Embora todas fotos em exposição mereçam aplausos, um dos destaques é, com certeza, a foto da noiva sob a água segurando um buquê com rosas coloridas. A imagem apresenta um aglomerado de elementos muito bem executados, como reflexo, distorção na água acompanhada de extrema nitidez do corpo da mulher e movimento — mesmo sendo uma foto —, que comprovam a competência da fotógrafa.

Também vêm chamando atenção do público que já passou pela mostra as fotografias pintadas à mão. Utilizando uma técnica do início do século XX, Ilana reforça ainda mais seu desejo por explorar todas as possibilidades da arte fotográfica.

E você, ficou interessado em ver de perto o trabalho de Ilana Lansky? Lembramos que a exposição segue até 2 de agosto, no Memorial Minas Vale. Boa visita à exposição!

Serviço

Data: de 6 de maio a 2 de agosto de 2015

Horário de visitação: terças, quartas, sextas e sábados, das 10h às 17h30, com permanência até as 18h. Quintas, das 10h às 21h30, com permanência até as 22h. Domingos, das 10h às 15h30, com permanência até as 16h.

Preço: grátis

Onde: Memorial Minas Vale

Praça da Liberdade, s/n, esquina com rua Gonçalves Dias.

Atualizado em 2 Jul 2015.