Guia da Semana



ue atire a primeira pedra aquele que nunca presenciou - ou até viveu - um caso de indisciplina dentro da sala de aula, seja como professor ou aluno. Situações como bate-papo durante as aulas, trocas de bilhetinhos, desrespeito, agressões ao docente e faltas em excesso, infelizmente, são uma realidade comum nas escolas brasileiras, segundo levantamento da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o qual indica que os professores perdem em média 35 dias letivos apenas tentando colocar ordem na classe, um total de 17,8% do tempo disponível para aulas.

Para a educadora Carla Aparecida, do Colégio Passionista Santa Maria, a raiz de tal situação está em falhas na educação dos alunos por parte de seus pais. Segundo ela, a omissão das famílias somada à quantidade de crianças indisciplinadas em classe, contribuem para o aumento das dificuldades enfrentadas pelos professores, diretores e educadores nas escolas.



"As famílias, em geral, delegam para a escola os problemas de educação que são resolvidos no núcleo familiar. Com isso, quando vários alunos estão juntos, esses comportamentos que não foram sanados em casa, aparecem de maneira gritante", afirma a psicóloga, que também aponta o despreparo dos professores como outro fator. "Alguns (professores) não interagem com os jovens, outros não conseguem estabelecer regras e limites. A questão é: estabelecer vínculo com rigor", completa.

"O aluno, quando excluído do grupo, pode reagir de formas diferentes", aponta a psicóloga Eliana de Barros Santos, do colégio Global. "Ele pode buscar seguir as regras da sala em oportunidade próxima ou se sente mal diante da exclusão, mas não percebe a necessidade de se adaptar às normas e espera que estas sejam modificadas para lhe favorecer. Em muitos casos, esta indisciplina é uma forma de pedir ajuda para resolver seus conflitos ou carência".

Para sanar tal problema, cada instituição tem suas diretrizes. Para evitar o "convite a se retirar", ou, em outras palavras, a expulsão, especialistas recomendam um processo de recuperação através de medidas como acompanhamento da rotina escolar do aluno, quantificar os atos de indisciplina e, em casos extremos, encaminhá-lo a um profissional que possa avaliar seu estado emocional e orientar os pais quanto ao que fazer para ajudá-lo.



De modo geral, para que se possa cobrar respeito e colaboração, o colégio precisa ser claro na apresentação de seu regimento interno e das medidas punitivas para cada infração. Mais do que isso, o aluno deve ser mantido ocupado e motivado com a aula apresentada pelo professor.

"É importante que o professor esteja atualizado e conheça o mundo do seu aluno, para que possa utilizar uma linguagem adequada e ter recursos para despertar o interesse de todos em sala de aula", diz Eliana de Barros Santos, destacando a participação dos pais neste processo. "Os pais devem apoiar a escola incondicionalmente perante o filho, falando a mesma linguagem para não confundí-lo ainda mais. Quanto ao professor, seu papel é buscar recursos e descobrir a forma de entrar em sintonia com o aluno indisciplinado para que ele sinta-se aceito e consiga se comunicar melhor. Respeitar a individualidade de cada um é o princípio", conclui.

Fotos: Getty Images

Atualizado em 10 Abr 2012.