Guia da Semana

Fotos: Getty Images

A cultura dos dias de hoje mudou muito e os diabeticos já vivem muito melhor

Ter que se obrigar a ficar sem comer um chocolate, tomar sorvete ou saborear um hambúrguer com os amigos são situações que adolescentes com diabetes, nos dias de hoje, não precisam mais viver. A doença pode, sim, se tornar uma grande inimiga, mas não precisa mais ser encarada como um bicho de sete cabeças. Em meio a fast-foods e às tentações gastronômicas que vivem os jovens, surgem cada vez mais alternativas para driblar esse mal e ajudar aos portadores dessa deficiência do organismo a levar uma vida normal - e o melhor de tudo, saudável.

Sem medo

Não é difícil entender como a diabete se desenvolve. A glicose é uma das substâncias que faz com que o corpo produza toda a energia necessária para funcionar perfeitamente. Porém, para que ela passe por todos os órgãos do corpo e faça com que eles funcionem bem, precisa da ajuda de um hormônio produzido no pâncreas: a insulina. E a falta desse transmissor é a causa da diabete. A vilã atinge hoje cerca de 246 milhões de pessoas em todo mundo e vem crescendo em média 3% ao ano entre crianças e adolescentes, segundo a Associação de Diabetes Juvenil.

Ela pode se manifestar de duas formas bem diferentes, classificadas como Tipos 1 e 2. A primeira é detectada por meio de diagnóstico, como uma doença auto-imune. Ou seja, o organismo reconhece as células que produzem o hormônio como se não fossem partes dele e começa a atacá-las, gerando a necessidade de inserção de insulina. Já o Tipo 2 é diferente, pois está relacionada ao sedentarismo, à obesidade e também à questão genética.

Ela geralmente desenvolve-se em jovens que já têm à pré-disposição para a doença, como explica a endocrinologista Denise Reis Franco: "Geralmente o Tipo 2 é fácil de prever pois, se existirem casos na família, a maioria aparece em jovens obesos. Hoje em dia, devido ao grande número de crianças e adolescentes com obesidade, é muito mais fácil identificar quem possui".


Em média, 3% das pessoas com diabete no mundo são crianças e adolescentes

Superação

Mesmo atingindo um grande número de jovens em todo mundo, de uns tempos para cá, a diabete vem sendo bem controlada pelos portadores. Exemplo disso é o ídolo teen Nick Jonas, da banda Jonas Brothers, que declarou ter diabetes Tipo 1 e encara tranquilamente a doença. Já outro caso é o piloto de kart André Salmoria de 18 anos, que afirma que a doença nunca o impediu de buscar nenhum de seu objetivos. "O esporte é fundamental na minha vida. Tenho que ter o controle da glicemia para sempre ter um rendimento 100%. Não que seja algo tão grande, é realmente mais um cuidado para eu poder me preparar melhor para a corrida e não ter tanto desgaste físico. Durante a corrida ou treinos preciso medir o controle, mas nada fora do normal", afirma o jovem.

Nada de neura

Na adolescência, além das próprias barreiras da fase, o jovem que se depara com a diabete pode se sentir podado em determinadas ocasiões. De repente, comer no fast-food três vezes por semana e tomar refrigerante todos os dias não são mais hábitos que ele adotará no seu estilo de vida. "O plano alimentar dos diabéticos de hoje não é mais da cultura de não pode, mas sim no fracionamento da alimentação e melhorar a qualidade do que ele come. A dificuldade é melhorar o plano alimentar e aumentar a frequência de atividades físicas em casos como o Tipo 2.", esclarece Denise.

Embora surjam diversas tentações no dia a dia, como um brigadeiro de panela entre amigos ou uma pipoca com manteiga no cinema, o segredo é não abusar. Nessa hora, o ideal é utilizar o sistema de troca, aconselha a endocrinologista. "O jovem diabético pode comer um doce e fazer trocas depois. Come de tarde e à noite diminui o carboidrato para evitar aumento de peso e controle da glicemia".


A obesidade e o sedentarimso são as principais causas da diabete Tipo 2

Sabendo bem o que é passar por essas ocasiões, o piloto de kart André, que sempre praticou esporte, tira de letra as restrições alimentares e afirma que o autocontrole e a boa alimentação são fundamentais para um diabético. "Eu não tenho nenhuma restrição, só preciso ter controle do que eu for comer alguma coisa e não exagerar. Nunca fui muito de usar a alimentação como válvula de escape. Se eu sentir vontade de comer um chocolate eu vou comer, só me controlo depois", afirma o jovem.

Não se assuste

Muitos mitos surgem em torno da doença, porém, é importante saber que dá para se viver bem e de diferentes formas com ela. Para alguns jovens, a diabete pode ser inclusive um fator de ajuda, pois pode resultar em uma fase adulta muito mais saudável. "No fast-food, ao invés de pegar tudo que engorda, opte por um hambúrguer simples e um refrigerante diet. Depois, se perceber que exagerou, faça uma atividade física, com uma caminhada, por exemplo", aconselha a médica.

A prática de esportes é fundamental para o tratamento da diabete e contribui na questão de controle de peso, nível glicêmico e, principalmente, na qualidade de vida. Outra saída para lidar melhor com a imunodeficiência é procurar outras pessoas que compartilhem experiências com você em comunidades no Orkut, trabalhos em grupo, blogs, bate papos. Dessa forma, é possível encontrar dicas que possam colaborar com seu dia a dia. "Sair com os amigos é a questão mais tranquila, afinal, seus verdadeiros amigos vão entender e saber o que você pode ou não. O importante é aceitar isso e procurar estar em dia com a saúde e controlar sua diabete. Com o controle da doença a aceitação vem por si só", recomenda André.

Atualizado em 10 Abr 2012.