Guia da Semana

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"Ficar sozinha, com seus pensamentos, transforma a criança em uma verdadeira realizadora de filmes de terror, enchendo sua cabeça com imagens assustadoras". A frase é da psicóloga Selma Fisch e ilustra o que acontece com os pequenos quando chegar a hora de dormir. A criança não tem companhia e com as luzes apagadas não há distrações. Sua imaginação fica livre e diversas idéias vêm à mente.

Mas isto não acontece apenas com os pequenos. Algumas vezes, quando os pais se deitam, também afloram muitas idéias. A diferença é que são outros medos, o salário que está curto, as contas a pagar, problemas com emprego, criação dos filhos... Porém, adultos sabem diferenciar aquilo está apenas no imaginário do que acontece na realidade. A doutora Alaídes Olmos explica, "Inicialmente existe um pensamento - no escuro aparecem fantasmas, monstros, ladrões - que criam posteriormente sentimentos de insegurança, incerteza, pavor".

Dormir vendo televisão é uma técnica para não pensar demais, ocupar a mente com imagens e conseguir pegar no sono. Mas, ouvir estórias ou ver filmes de terror pode atrapalhar, aquelas personagens da ficção entram na imaginação infantil. De acordo com a doutora, "se a nossa mente é alimentada com pensamentos perturbadores que não somos capazes de dominar, eles nos dominarão".

Geralmente, o medo do escuro começa a partir de um ano e meio de idade e pode durar até a adolescência. Mas, é importante lembrar que na infância as pessoas se preparam para a maturidade. As coisas vivenciadas nesta época formam caráter e personalidade. Se o medo não for superado, pode continuar existindo e interferir no cotidiano do adulto.

Solução

Os pais podem tentar ajudar. Para isto, devem observar e conversar com a criança, falar que tudo o que existe no escuro, também existe no claro. O fundamental é descobrir a causa do medo, saber quais os monstros e fantasmas aparecem quando tudo está apagado. Às vezes, o problema não é o escuro, na verdade, a criança pode temer ser abandonada pelos pais no quarto. Neste caso, o problema pode ser angústia de separação.

Deixar um foco de luz aceso pode dar mais segurança à criança, é uma forma de acabar com o medo. Acima de tudo, é preciso ter paciência e compreensão. Caso não consigam ajudar, podem tentar um especialista. De acordo com Fisch, "nos casos em que a criança acorda aterrorizada durante a noite, sofre com seus pesadelos, e seus medos são intensos e freqüentes, é positivo que os pais procurem a ajuda de um psicólogo".

Não é só o escuro

Outros problemas também atrapalham o sono dos pequenos. É o caso do Terror Noturno, que atinge cerca de 3% das crianças e pode assustar os pais. É uma parassônia, distúrbio benigno do sono. Durante a crise, a pessoa parece estar desperta e assustada. Treme e demonstra muito medo, como se estivesse vivendo alguma situação pavorosa. Na realidade, ela está semi-acordada e não reconhece rostos. Dra. Olmos complementa, "apesar das manifestações serem muito fortes, no dia seguinte a criança não lembra do ocorrido".

O grande problema de quem sofre do Terror Noturno é não ter um sono restaurador. Normalmente, o tratamento é simples e acontece com "medidas de higiene do sono", por exemplo, ter horários fixos para dormir e acordar. Apenas em alguns casos, é necessário tomar remédios.

Mais uma parassônia complica o sono das crianças, o sonambulismo. Dormindo a criança pode realizar atividades cotidianas, como conversar, sentar na cama e tomar banho. Raramente é necessária medicação, "devem ser tomadas medidas para que a criança não se machuque ou machuque aos outros - guardar facas, fechar as janelas e portas, esconder as chaves", diz a médica. Se estes cuidados forem tomados, o sonambulismo não prejudicará em nada a criança. Saiba mais sobre sonambulismo.

Fonte:
Dra. Alaídes Fojo Olmos, neuropediatra, especialista em sono
Hospital Pequeno Príncipe - Curitiba/PR
Telefone: (41) 3310-1010.
www.HospitalPequenoPríncipe.com.br

Selma Royzen Fisch, Psicóloga Clínica
Telefones: (11) 2848-2851 / (11) 9201-6677
Clínica-Psico.com

Atualizado em 6 Set 2011.