Guia da Semana

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Pode parecer absurdo, mas há quem ganhe a vida como lutador de vale-tudo. A prática não é fácil e, como qualquer modalidade, exige dedicação integral. O cachê médio pago a um lutador no Brasil gira em média dos R$ 5 mil por luta, além dos contratos de patrocínio e exploração de imagem. Já para quem luta em Las Vegas ou Tóquio, no Ultimate Fighting ou Pride, a bolsa pode chegar até a R$ 500 mil.

No vale-tudo também existe caminho para a vitória, o sucesso e a fama. Porém, logicamente, reservado somente aos mais fortes.

MMA ou Vale-Tudo?

Por não se tratar de uma arte marcial, não existe uma história exata sobre a origem do Vale-Tudo. A modalidade surgiu de combates que permitiam lutadores de diferentes modalidades se enfrentarem. Do inglês, Mixed Matial Arts. Traduzindo para o português, vale-tudo.

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O primeiro combate oficial de MMA que se tem registro aconteceu em 1887. Na ocasião, o boxeador peso pesado John Sullivan adentrou o ringue com seu treinador, o campeão de luta Greco-Romana, Willian Muldoon.

Já os torneios de vale-tudo moderno, resultam da união de duas escolas, localizadas uma em cada extremo do mundo.

Em 1920, Carlos e seu irmão Hélio Gracie lançaram o "Gracie Challenge", evento que fez escola, iniciando o clã da família e a lenda dos irmãos Gracie.

Do outro lado do mundo, Antonio Inoki, em meados dos anos 70, aproveitou a tradição nipônica em artes marciais e o apetite dos japoneses em assistir a lutas para criar os primeiros espetáculos de wrestling em arenas no formato conhecido na atualidade. Aqui os padrões se invertem. Se a tradição ficou por conta dos brasileiros, aos japoneses coube o marketing e o showbizz.

No meio de tudo isso, um outro oriental de aspecto franzino divulgou ao mundo através do cinema que o melhor lutador não era um boxeador, um carateca ou um judoca, mas sim aquele que fosse capaz de se adaptar a qualquer estilo. O nome dele? Bruce Lee.

Desenhado este cenário, só faltava o estopim para que o vale-tudo tivesse uma exposição global. E ele veio em 1993, quando Royce Gracie venceu o Ultimate Fighting Championship. A vitória de Royce deu início a uma explosão que envolveu a exibição de lutas via TV a cabo, criação de revistas especializadas e toda uma indústria envolvida com a realização de eventos e patrocínios.

A hora certa para se tornar um competidor

Foto:Vinicius Aguiari
O professor de vale-tudo Adriano Verdelli

Quem vê as tatuagens espalhadas pelo corpo todo definido de Adriano Verdelli - professor e lutador de vale-tudo, não imagina que por trás do tronco robusto existe um cara tranqüilo, atencioso e bem articulado.

Para Verdelli - ou Bad-Boy como é conhecido nos ringues -, não existe uma idade correta para se tornar um lutador. Porém, maturidade é importante na hora de escolha. "Quanto mais jovem a pessoa começar a praticar uma modalidade, melhor para aproveitar a flexibilidade. Agora, para decidir ser um lutador de verdade é bom ter uns 15, 16 anos e um discernimento do que quer dá vida", afirma.

Verdelli alerta que, para um atleta profissional, a prática é extrema e pode causar desgaste físico. "Praticar esporte três vezes por semana é saudável, agora no caso de um lutador, vive-se no limite, no extremo da capacidade física", alerta o professor, sobre a importância de alimentação e acompanhamento médico adequados.

Apesar de parecer um esporte praticado somente por profissionais, o vale-tudo também pode ser praticado por pessoas que não almejam ser lutadoras. Por envolver golpes de boxe, muay-thai, kickboxer e jiu-jitsu, a modalidade é uma das mais completas do ponto de vista aeróbico.

"É muito mais interessante que academia. Você treina, aprimora, desenvolve um golpe. Isto é um estímulo, além de ser uma terapia" diz Fabrícia Helena, 28, única garota presente em meio aos rapazes da aula de Verdelli, no dia da reportagem.

Na hora do confronto, o clinch (luta corporal, o agarrão entre os dois lutadores, comum no judô e jiu-jitsu) sempre é feito contra o professor, o que reduz segundo ele, reduz a zero as possibilidades de uma lesão.

Para o futuro

O mercado do vale-tudo deve continuar crescendo nos próximos anos no Brasil. Empresários de diferentes ramos têm enxergado potencial financeiro na modalidade e investido. "Recentemente, um empresário do ramo de usinas investiu R$ 700 mil para a organização de um evento" informa Verdelli, que ostenta em seu calção patrocínios que vão de R$ 3 mil a R$ 5 mil em suplementos e assistência médica especializada.

Contribuiu:
Adriano Verdelli - professor da Arena Fight Gold Team

www.arenafight.gigafoto.com.br

Atualizado em 6 Set 2011.