Guia da Semana

Pediatras e educadores são unânimes em afirmar: nem sempre o choro é sinal de sofrimento ou dificuldade. Já nos primeiros dias de vida, a única forma de comunicação de um bebê é através do choro. Por meio dele, a criança se comunica com os pais, demonstrando estar com fome, sede, dor ou tédio. E essa se torna a primeira grande aprendizagem quando, instintivamente, a criança percebe a grande arma que tem em suas cordas vocais, como forma de conseguir o que quer.

Com o passar do tempo, a criança vai aprendendo e refinando essa "técnica" de conseguir o que quer, até chegar à fase em que, frente à primeira negação a algo que deseja, põe-se a chorar desesperadamente, gritando e esperneando, algumas vezes se jogando no chão - é a famosa "birra". Este é o momento de ser firme e seguro, deixar a ansiedade de lado e agir. As crianças entendem tudo, inclusive se estão certas ou erradas. É, simplesmente, uma questão de impor limites.

Vejo no dia a dia com crianças várias cenas que comprovam isso, como, por exemplo, a menina que quer levar para casa o brinquedo que não é dela. Os pais preferem deixá-la levar, justificando que, se não fizerem a sua vontade, ela vai "abrir o berreiro". Isso significa que, se ela quiser levar um objeto delicado e de valor da casa de um conhecido, ela também poderá fazê-lo, certo? É claro que não!

Gente: choro não mata! A criança só chora porque ainda não tem vocabulário suficiente para argumentar. E não aceitar o choro e estimular a conversa também é uma forma de ensiná-la a resolver uma situação. Sabe aquele seu colega de trabalho que não consegue conversar direito e, perante uma dificuldade, se fecha, fica de cara amarrada e se queixa com outras pessoas pelos corredores da empresa? É isso... Colocar limites e ensinar atitudes corretas é fundamental. Se a criança é tão inteligente para manipular adultos experientes para conseguir o que quer, por que, então, essa insegurança em dizer "não"? Se os pais agirem corretamente desde o início, esse tipo de cena acontecerá muito menos. É trabalhoso, sim. É um "trabalho de formiguinha", um pouquinho a cada dia mas, no final, valerá a pena.

Outra situação: há uma grande confusão dos pais que confundem dificuldade com sofrimento. As dificuldades fazem parte da vida e é dever de quem educa (pais e educadores) ajudarem a criança a criar meios de resolver suas situações e problemas. É muito comum pais fazerem tudo pela criança e, ainda, criticarem quando a criança passou por alguma dificuldade. Na versão deles, o correto é não deixar que a criança passe pela dificuldade, pois "coitadinha, ela é tão pequena e indefesa, não sabe como agir". Bem, a notícia é que, se ela soubesse resolver todas as situações (e nem adultos têm esse poder), ela poderia pular todas as etapas e ingressar diretamente em uma empresa multinacional.

Uma criança somente aprenderá a resolver suas dificuldades passando por elas no dia a dia. É claro que os adultos devem ajudar, mas nunca fazer por ela e, muito menos, "sumir com o problema", pois a vida real não é assim. E isso passa longe do termo "sofrimento". Sofrimento é não ter o que comer, é perder tudo em uma enchente ou terremoto, é perder entes queridos... Crianças que têm de tudo, posses, amor, carinho, boas escolas e pais presentes, não sofrem.

Portanto, é hora de deixar as inseguranças de lado e investir em uma criação que dê à criança a chance de tornar-se um adulto capaz, proativo, seguro, criativo e, acima de tudo, feliz. Seus filhos agradecerão!

Colaborou:

Cláudia Razuk - Pedagoga

Atualizado em 1 Dez 2011.