Guia da Semana

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Todos os dias, Cynthia Gouvêa dá ao seu filho Lucas, de 4 anos, algumas gotinhas de florais de Bach, essências elaboradas à base de plantas. Como muitas crianças, ele possui alguns medos, sofre de ansiedade e, às vezes, tem um sono agitado. Depois de recorrer a alguns tratamentos convencionais, Cynthia optou por tratamentos alternativos para equilibrar o organismo de seu filho. Além de usar os florais, ela também é adepta a massagens relaxantes, como a Shantala, e a exercícios de ioga. Para tratar as enfermidades mais graves, como uma gripe, por exemplo, ela prefere medicar Lucas com formulações homeopáticas em detrimento das alopáticas.

Hoje em dia, com o aumento dos estímulos, do stress e da correria da vida moderna, desde cedo muitas crianças já manifestam complicações emocionais, como impaciência, nervosismo, melancolia, traumas, oscilações de humor, ansiedade, timidez, entre outras. Tendo em vista essa realidade atual, muitas clínicas e institutos já oferecem terapias alternativas voltadas ao público infantil. Há também opções mais naturais para cuidar de problemas que corriqueiramente atingem os pequenos, como gripes, dores de garganta, dores de ouvido, problemas respiratórios, além de males crônicos.

Estudos recentes feitos em instituições da Europa e dos Estados Unidos mostram que cerca de 30% das crianças saudáveis e até 50% das que possuem doenças crônicas utilizam algum tipo de terapia alternativa. "Hoje em dia, os pais não têm muito tempo para ficar com os filhos, o que os tornam mais carentes e ansiosos. Além disso, crianças e adolescentes passam muito tempo no computador e dentro de casa. A falta de atividade, a alimentação desregrada, o stress de ficar sozinho, sem a atenção dos pais que trabalham o dia todo, geram ansiedade e nervosismo e tornam as crianças cada vez mais cedo obesas e com muitos problemas que antigamente só os adultos tinham", diz Blanch Marie, acupunturista, esteticista e professora de ioga.

Atualmente, há vários tipos de tratamentos alternativos para cuidar dos mais diversos males. Desde os primeiros meses de vida, os pais já podem administrar desequilíbrios emocionais e físicos com procedimentos naturais, como acupuntura sem agulhas, massagens, medicamentos fototerápicos, entre outras opções. De acordo com Geraldo Medeiros Jr., presidente-fundador do Instituto Medeiros de Pesquisas Avançadas e membro da Academia Internacional dos Profissionais da Saúde, as crianças respondem mais rapidamente a tratamentos alternativos, pois elas ainda têm o organismo mais "limpo", menos exposto à toxidade do dia a dia, o que facilita o tratamento de qualquer tipo de disfunção física por meio desses métodos.

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Saiba mais sobre algumas terapias que podem ser benéficas para as crianças:

Shantala

A shantala é uma técnica de massagem milenar desenvolvida na Índia. Geralmente ela é aplicada em bebês, mas não há restrição de idade para a prática. De acordo com Denise Gurgel Barboza, fisioterapeuta materno-infantil e especialista em shantala, esta técnica traz benefícios para a parte física, fisiológica e emocional. Mas o principal ponto positivo é o vínculo afetivo promovido pela massagem.

"A shantala favorece a ativação da circulação sanguínea e linfática, além de melhorar a atividade imunológica, pois propicia a liberação dos linfócitos T. Além disso, ela proporciona o estabelecimento de uma imagem corporal, já que a criança passa conhecer melhor o próprio corpo e, por isso, também consegue se desenvolver melhor. A massagem também favorece o ganho de peso, que está ligado ao bem estar emocional da criança, e o crescimento físico", explica.

Segundo Denise, ela também auxilia no tratamento de ansiedade e hiperatividade, pois promove um estado de relaxamento. "É uma ótima opção natural para o tratamento das cólicas do neném, pois favorece o peristaltismo do intestino e a eliminação dos gases", recomenda. Ela afirma que o método só pode ser aplicado a partir de um mês de vida, por causa da cicatrização umbilical e da descamação da pele do bebê. Essa prática deve fazer parte da rotina diária de cuidados com o bebê, assim como banhar e amamentar.

A massagem não tem nenhuma contra-indicação, mas há algumas situações em que ela não deve ser aplicada. "Ela não deve ser feita quando o bebê estiver de estomago cheio, para não atrapalhar a digestão, e nem vazio, para que ele possa se concentrar na massagem. O ambiente deve estar sempre aquecido, pois o bebê vai estar desnudo e sem fraldas. Se a criança estiver com diarreia, também é aconselhável evitá-la, pois ela favorece o peristaltismo do intestino. Se o bebê estiver com febre ou com alguma infecção, também não é indicada", afirma.

Acupuntura sem agulhas

A acupuntura pode ser usada para tratar desequilíbrios emocionais e doenças físicas, como rinite, sinusite, dores em geral, alergias, cólicas, intestino preso, retenção de líquido, entre outras. Também pode ser utilizada para controlar o consumo excessivo de doces, que pode ser causado por problemas psicológicos, e, assim, frear o aumento constante de peso e o efeito sanfona.

Nas crianças, pode ser feita com sementes, com esferas de cristais ou a lazer. "É importante salientar que esse procedimento não causa dor, hematomas ou qualquer desconforto para a criança. Em bebês, é utilizado um lazer específico para acupuntura, que não machuca e nem deixa a pele avermelhada. Ele só estimula os pontos", pontua Blanch.

Ioga

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Nas aulas de ioga são ensinados vários exercícios de respiração e posições que favorecem a concentração. Para prender a atenção da garotada, são utilizadas brincadeiras e linguagens adequadas a cada faixa etária. "Com a ioga, a criança passa a se concentrar mais, a prestar atenção naquilo que está acontecendo no presente. Assim, ela aprende a focar em uma coisa só e fica mais produtiva na escola. Ela passa também a entender a filosofia de respeito ao próximo. A ioga ainda auxilia no controle da ansiedade, pois trabalha com alongamento e relaxamento", diz Blanch.

Florais

Os florais são extratos líquidos naturais e altamente diluídos, feitos com plantas e flores imersas em uma solução à base de álcool. Essa terapia foi criada pelo médico inglês Dr. Edward Bach, entre 1928 a 1936. Segundo o conceito elaborado por ele, a atitude mental tem um papel vital na manutenção da saúde e na recuperação das doenças. Por isso, os florais tratam o doente e não a doença, pois trabalham com as emoções negativas. Eles são indicados no tratamento de distúrbios emocionais, como impaciência, nervosismo, melancolia, traumas, oscilações de humor, ansiedade, timidez, entre outros.

Avaliação médica

Apesar dos métodos alternativos trazerem diversos benefícios para os filhos, especialistas sugerem que os pais devem sempre consultar o pediatra antes de começar qualquer novo procedimento e utilizá-los de forma complementar aos tratamentos médicos convencionais. "É preciso sempre fazer os exames necessários para saber qual é a situação da criança e ter certeza que o problema não demanda um tratamento mais agudo", alerta a Drª Maria Fernanda Recchi, homeopata e pediatra.

Atualizado em 1 Dez 2011.