Guia da Semana

Foto:Sxc.Hu


Em um churrasco de família, muita conversa circula. Se fala de crianças, moda, beleza, dinheiro, emprego, crise, política... Porém, meus ouvidos estão sempre em alerta quando o assunto é educação.

Estava ouvindo uma conversa sobre o atraso de crianças no horário de entrada nas aulas. Minha sobrinha dizia que a filha chegava sistematicamente atrasada, mas a culpa não era da criança, mas sim dela e do marido. Fui me interessando e perguntei por que ela chegava atrasada todos os dias. A resposta foi "é porque chegamos tarde do trabalho em casa e queremos ficar um pouco com ela. Acho errado que ela receba uma notificação pelos atrasos. A culpa não é dela..."

Fico pensando como esta criança entende esses atrasos. Qual é o lugar que ela ocupa diante do seu grupo/classe? Como esta família lida com regras? Como julgamos as famílias e as famílias julgam as escolas por suas regras e rotina?

Acredito ser importante trabalhar a "culpa" de quem está ausente o dia inteiro e tem pouco tempo para ver os filhos à noite. Será que este tempo a mais não excita a criança, prejudicando o seu sono e por consequência, dificulta o acordar? Se a "culpa" não estiver resolvida, talvez seja importante fazer uma troca do horário escolar, para o período vespertino, assim eliminando um possível atrito.

Precisamos também alertar os pais de que, desde pequenas, as crianças deixam suas marcas de como querem ser conhecidas. Há os que são esportistas, leitores, bagunceiros, engraçados, estudiosos e também os atrasados. É importante lembrar que estar no início das aulas favorece a escolha do lugar para sentar, de um amigo para o trabalho de grupo e, principalmente, do encontro com a professora. A criança que atrasa perde esses momentos preciosos, começando seu dia, muitas vezes, com a sensação de perda e confusão.

E quanto às regras estabelecidas pela escola? Como ensinamos aos pequenos a terem consciência de que eles existem? Que tipo de exemplo os pais dão aos filhos quando dizem que podem descumprir uma regra clara de organização? Exceções sempre podem acontecer e, no caso de atrasos como estamos falando, pode haver um motivo justificável, como o pneu que furou ou o relógio que não despertou. Mas quando os atrasos se tornam hábitos, é preciso rever a questão.

Quando um casal opta por uma escola, penso que eles fazem esta opção com muito critério, reconhecendo que a instituição escolhida é uma parceira importante na formação de seus filhos. Se forem parceiros, como não cumprir os acordos pré-estabelecidos? Que mensagem a criança percebe desta parceria?

Este é um assunto que merece atenção. Favorecer encontros de conversação pode facilitar o estreitamento das relações família e escola.


Quem é a colunista: Anete Hecht.

O que faz: Diretora de Colégio I. L. Peretz e membro do Grupo Escuta

Pecado gastronômico: Chocolate

Melhor lugar do Mundo: Tahiti.

Fale com ela: [email protected]

Atualizado em 6 Set 2011.