Guia da Semana

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Se você sofre ao ver seu filho no colo de outra pessoa, não gosta quando ele sorri mais para o pai e não deixa que ninguém chegue perto dele, é preciso ter cuidado, pois esse tipo de comportamento possessivo pode prejudicar o desenvolvimento da criança. Especialistas no assunto afirmam que algumas mães podem apresentar um ciúme além do esperado, o qual pode ser extremamente nocivo para toda a família. Sentir uma certa insegurança é normal, o problema é quando esse sentimento ultrapassa os limites aceitáveis.

De acordo com a psicóloga clínica de crianças, adultos e famílias, Rita Romaro, a mãe ciumenta quer ser insubstituível. Em geral, ela acredita que ninguém é capaz de cuidar de seu filho e isso é algo perigoso. "Se o bebê não tem o hábito de ter outra pessoa por perto, vai ser muito difícil ficar longe da mãe caso algo aconteça com ela. À medida que essa criança cresce, as relações vão ficando mais difíceis, pois ela não amplia o contato com outras pessoas. E cada um contribui de uma forma diferente para o seu desenvolvimento", explica.

Eterno grude

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A psicóloga diz que é importante que o pequeno possa sair de perto dos pais e se relacionar com outras pessoas, pois isso aumenta o senso de segurança e de independência. "O ciúme é uma possessividade, é não aceitar que é possível gostar de mais de uma pessoa", afirma. Há mulheres que não permitem que nem o pai chegue perto da criança, e isso é uma patologia. "Ela vai se sentir culpada de gostar de outras pessoas, como se estivesse abandonando a mãe. Então, começa a manifestar vários sintomas, como medos, ansiedade e dificuldade de sono", completa.

Rita explica que o filho de uma mulher ciumenta pode se tornar uma alguém que não consegue se afastar da mãe. "Isso também provoca problemas na relação com as outras crianças e no ingresso na escola. Além disso, ele pode ser tornar muito medroso e apresentar dificuldades em aceitar limites. Na puberdade, esse comportamento materno pode desoertar atitudes agressivas no adolescente, pois ele quer se libertar da mãe", afirma.

Segundo Alexandre Bez, psicólogo especialista em relacionamentos, ansiedade e síndrome do pânico, alguns comportamentos são normais e fazem parte do cuidar. O ciúme deixa de ser aceitável quando é exagerado e passa dos limites. "O cuidado excessivo da mãe em relação aos filhos é muito perigoso, pois pode prejudicar seriamente a estrutura de personalidade da criança. Essa danificação pode ter resultados permanentes que vão ser exibidos ao longo da vida. Ciúme em demasia pode prejudicar a criança em todos os aspectos", diz.

Ciumenta, eu?

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Para o especialista, primeiro, é preciso identificar se a conduta materna denota um ciúme excessivo ou se é somente uma apreensão demasiada. Em altas doses, os dois podem ser destrutivos e demandam acompanhamento psicológico. "Esse tipo de pessoa não consegue enxergar os próprios limites e os da criança. Geralmente, ela possui muitos traumas. Nesse, caso ela tem que procurar um atendimento. Caso contrário, a criança vai ser extremamente ansiosa e não vai conseguir ter uma vida saudável", pontua.

De acordo com Bez, o apego excessivo em relação ao filho também pode gerar uma ruptura entre o casal. "Geralmente, a criança vai estreitar o elo de ligação com a mãe de uma maneira muito mais forte, em uma relação bilateral, e não triangular entre pai, mãe e filho. Isso é mais complicado quando se trata de um menino, pois ele começa a adquirir os gostos da mãe e isso pode gerar transtornos sexuais no futuro. Desde bebê, ele deve ter uma relação saudável com toda a família".

Para superar o ciúme, é preciso buscar auxílio e sempre refletir sobre as atitudes possessivas. Por meio de psicoterapia, é possível diminuir a insegurança e, assim, melhorar a vida de todos os membros da família. "A mulher deve procurar saber o motivo de ser tão insegura em relação ao filho. É importante entender por que todas as relações devem ser de exclusividade. Seria interessante participar de um grupo de mães também. Esse ciúme excessivo é difícil de ser superado sozinha", aconselha Rita.

Atualizado em 6 Set 2011.