Guia da Semana

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Na nossa vidinha jovem, temos dois momentos de deprê pós-formatura: quando acabam o ensino médio e a faculdade. Quando eu estava no terceiro ano do ensino médio, há oito anos, minha mãe dizia: "Aproveita bastante, pois o ano que vem é a época da reflexão". Eu não entendia ao certo o que ela falava, mas fui entender isso em fevereiro do ano seguinte, quando as férias de janeiro acabaram e eu não tinha um rumo traçado. Não, eu não entrei na faculdade com 18 anos. Fiz vestibulares, cursinhos, cursos e mais cursos, viajei, mas fiquei super depressiva por não fazer nada de importante naquele ano.

Na minha cabeça, isso não era importante, mas hoje eu sei que tudo foi válido, pois todas as experiências, de alguma forma, são boas. Foi um ano de separações de amigos, mas foi um ano de muita reflexão e curtição também. Curti muito meus 18 anos por aí. No ano seguinte, eu entrei na faculdade de jornalismo. Era tudo o que eu queria. Queria ser fluente em inglês também, queria ser uma super webdesigner e não deu para abraçar tudo, mas aprendi muito com os cursinhos que fiz no ano dos 18. E depois lá estava eu, prestes a fazer 19, perambulando pelos corredores da faculdade com uma manual de redação e um dicionário de português na bolsa, toda feliz. Mal sabia eu o que me esperaria ao longo dos anos que viria.

Você pensa que é só entrar na faculdade que tudo se resolve? Muito pelo contrário. É só o começo da ralação. Quando alguém lhe disser que a faculdade só te dá 5% para você ser um bom profissional, acredite! Todo o resto é com você, amiguinho ou amiguinha. Foi aí que resolvi correr atrás, escrevi para a revista e site da faculdade e comecei a procurar estágios. Logo depois eu estava pulando de um estágio para o outro, até que me firmei em um e fiquei até completar a faculdade. Na verdade, foi no local do qual mais gostei e foi onde eu tive certeza de que o jornalismo estava ali, pulsando em meu sangue.


Faltando 20 dias para eu entregar e apresentar meu TCC (trabalho de conclusão de curso), recebi uma carta do RH da empresa onde eu trabalhava. O documento dizia que, na seguinte data, teria que devolver o crachá, pois estaria me desligando da empresa devido à minha formatura (era uma empresa pública onde os estagiários não eram efetivados). Encarei a realidade e fiquei até o último dia. Tentei fazer algumas entrevistas, mas não consegui sair do estágio com um emprego. Fiquei até 19 de dezembro na empresa, peguei contato de todos os amigos e supervisores, ganhei vários presentinhos e festinhas de despedida. No último dia foi um chororô só, mas eu saí de cabeça erguida. Minha ex-chefe me deu um abraço e um beijo no rosto e disse: "Vai e voa! Você será uma boa jornalista". Desci pelo elevador com o peito preenchido de esperança e com um vazio enorme, pelo fato de eu ter virado uma página em minha vida.

Janeiro chegou e a procura por um emprego começou a apertar. Fiz várias entrevistas e nada. "Meu Deus!", eu dizia. "Como é difícil o início de carreira!". Pedem-se carro, alemão, francês, viagem para Disney (te juro, me pediram isso). Fora isso, a tristeza de não ter a faculdade, as risadas, o bar e o estágio à tarde. Uma solidão chata, mas eu compensava no fim de semana com alguns amigos que eu reencontrava. Devo muito à minha melhor amiga Aline. Foi um anjo em minha vida. Mas eu sempre pensava: "Poxa ! Eu só quero trabalhar!" Demorou, mas consegui um trabalho na área. Depois comecei escrever para algumas revistas e sites. Conheci muitos jornalistas e estagiários. Viajei, produzi matérias e troquei de emprego.

E, hoje, estou aqui escrevendo uma coluna para o público teen que eu amo tanto, com muitos planos para realizar nesse novo ano e com propostas para escrever em veículos que um dia, lá trás, quando eu tinha a idade de vocês, eu sonhava em assinar qualquer texto.


Cada história é uma história, e cada talento é um talento. Tenho muitos amigos de faculdade e colegas de trabalho que ainda buscam oportunidades. Cada um tem a sua sorte, você precisa encontrar o caminho e andar, correr, pedalar e saltar se for preciso, mas nunca pule. Toda etapa é uma experiência válida para sua carreira. Invista no seu autoconhecimento. Procure conversar com profissionais de sua área, com seus pais e amigos. E lembre-se: ter certeza do que se quer já é meio caminho andado! Enfrente tudo e todos e um dia vocês terão histórias para contar!


Leia as colunas anteriores de Joyce Müller:

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Ser independente é preciso

Quem é a colunista: Joyce Müller. Ama São Paulo. Uma jornalista por formação. Uma escritora por amor. Por esporte escreve crônicas. Gosta de tudo um pouco e adora misturar. Blogueira. Ama o mundo teen, coisas fofas e cuties.

O que faz: Sou Jornalista na área de beleza, saúde, cultura, decoração, teen e o que mais me permitirem falar.

Pecado Gastronômico: Doces ! Quindim e Brigadeiro de panela.

Melhor lugar do mundo: Minha casa e meu jardim. Sou uma Alice no meu país das maravilhas!

Fale com ela: [email protected], a siga também no twitter (@joymuller) ou acesse seu blog.

Atualizado em 1 Dez 2011.