Guia da Semana

Ilustração: Wellington Marques
Mula-sem-cabeça, Curupira e Saci, personagens bastante famosos no Brasil

Você provavelmente já ouviu falar em Saci-pererê, Mula-sem-cabeça, Caipora, Cuca. Pois é, tudo isso faz parte do folclore brasileiro, um conjunto de mitos e lendas contadas de geração em geração que surgem da mistura de fatos históricos com a imaginação popular.

Quem nunca ouviu alguém bem mais velho dizer: "Isso é história da Carochinha". A própria expressão vem de uma lenda dessas, e muita gente nem sabe. Segundo a história, Carochinha era uma moça que encontrou uma moeda ao varrer a casa e ficou rica. Logo, quis arranjar um marido e depois de debochar de vários pretendentes, encontrou um por quem se apaixonou. Após se casarem e viverem uma vida feliz, um dia enquanto ela cozinhava, seu marido que era muito guloso, atraído pelo cheiro da comida, chegou tão perto do caldeirão que caiu e morreu. A viúva contou isso por anos e anos, dando origem à antiga e conhecida expressão.

Assim como essa, algumas lendas são contadas com o objetivo de transmitir uma mensagem, tanto pela forma como são narradas, como pelo fato de envolver pessoas normais.

Mas, será que com tantas mudanças de comportamento na sociedade, os ensinamentos, brincadeiras e histórias têm realmente sido passados a diante? O Guia da Semana foi às ruas perguntar para as crianças o que elas sabem sobre o folclore brasileiro. Confira algumas respostas:

"O folclore tem muitos personagens, tem a Iara que vive no mar, a mula sem cabeça e o lobisomem. Eu li no livro que o Saci foi preso dentro da garrafa. Quando tira o gorro do saci, ele perde a coragem." Bianca Christianini Grigio, 5 anos.

"O folclore é legal por que tem muitos jogos, brincadeiras, "pega-pega", "o que é o que é", eu gosto! O saci é muito esperto, ele vem meia-noite, corta as cordas, rouba as coisas ou mexe sem autorização." Gilson Gabriel Freitas Freire, 5 anos

"Eu tenho muito medo da mula sem cabeça, porque ela era uma pessoa má que cortaram a cabeça e explodiu fogo." Gabriela Murgel Buffo, 4 anos.

"Eu já conheço muitos livros de folclore, acho legal. Na capoeira a gente brinca de Saci, eu gosto!" Yago Silva e Silva, 5 anos.

"A vovó me ensinou uma brincadeira de roda , Ciranda-cirandinha e eu já assisti um filme do Saci." Julia Barauna Paes de Barros, 5 anos.

"No folclore tem o saci, ele tem uma perna só!" Tomoki Kamo, 6 anos.

"Só conheço o Saci, ele é um menino pretinho com uma perna, chapéu vermelho, roupa vermelha e cachimbo de fumaça." Melissa Mazzo Moreira, 4 anos

"São brincadeiras muito antigas", Gabriel Costa Mina, 6 anos

"Eu não gosto muito, dá muito medo do monstro, só gosto de bola." Igor Massola, 5 anos



A diretora pedagógica da Escola Girassol, Maria de Fátima Pupo, afirma que o Folclore ainda faz parte do nosso repertório cultural. "Nas escolas de educação infantil é muito presente em cantigas de roda, brincadeiras de pular corda, amarelinha e até como recurso para o desenvolvimento das inteligências.

Ainda segundo a educadora, as figuras mitológicas exercem fascínio nas crianças, mesmo com as tecnologias e inovações. "Elas ainda gostam das histórias dos personagens e se divertem com livros e fantoches. Mas, o papel dos pais e educadores é fundamental, devem preocupar-se com a qualidade dos livros e desenhos, dando prioridade à cultura brasileira", conclui a diretora.

Em homenagem ao Dia do Folclore, reunimos algumas lendas para lembrar da vovó e saber mais sobre o rico Folclore brasileiro.

Saci Pererê
É um garotinho negro, possui apenas uma perna, usa um gorro vermelho e está sempre com um cachimbo na boca. Muito brincalhão, sua principal característica é a travessura. Tudo que acontece de ruim em uma casa é sempre considerado arte do Saci. Ele diverte com pessoas e animais, causando transtornos como quebrar pontas das agulhas, esconder objetos, embaraçar crina de cavalos, botar moscas na sopa, queimar o feijão e quando encontra um prego, logo vira de ponta pra cima para que alguém espete o pé. Segundo a lenda, ele está nos redemoinhos de vento e pode ser capturado com uma peneira. Após a captura, deve-se retirar seu capuz e prendê-lo em uma garrafa.

Cuca
É sem dúvida, um dos principais seres do folclore brasileiro. Ela se originou através de uma lenda trazida para o Brasil na época da colonização. Segundo a história, a Cuca é uma velha feia em forma de jacaré que rouba e prende as crianças que desobedecem aos mais velhos.

Boto Cor-de-rosa
Acredita-se que nas noites de lua cheia, próximas da comemoração da festa junina, ele saia do Rio Amazonas e se transforme em metade homem. Muito atraente e com um belo porte físico, o boto sai pelas comunidades próximas ao rio e encanta a moça mais bonita. O belo rapaz leva as moças até a margem dos lagos e as engravida. Depois, volta a ser um boto cor-de-rosa e por esse fato, as pessoas que vivem em comunidades próximas aos rios, não o comem acreditando que ficarão enfeitiçadas pelo resto da vida.

Negrinho do Pastoreio
Nos tempos da escravidão, havia um fazendeiro que maltratava seus funcionários. Em um dia de inverno ele mandou que um menino fosse vigiar seus cavalos que acabara de comprar. No final da tarde, o fazendeiro sentiu falta de um dos animais, então com seu chicote deu uma surra muita grande no pequeno garoto que foi à procura do potro, mas não conseguiu trazê-lo de volta. O patrão ficou ainda mais irritado e amarrou o menino sobre um formigueiro. No dia seguinte, tomou um susto, pois o garoto estava lá, sem nenhuma marca de chicote. Ao lado dele, havia uma Santa e mais adiante o cavalo sumido. O fazendeiro se jogou no chão pedindo perdão, mas ele nada respondeu, apenas montou no cavalo e partiu. Portanto, ele é chamado para ajudar a encontrar coisas perdidas.

Foto: Marcos Penteado
Na série Castelo Rá-Tim-Bum, personagens como Caipora e Saci eram recriados na TV

Mula sem cabeça
É uma mulher que fez um mal e se transformou em mula-sem-cabeça, numa noite de quinta para sexta-feira, como castigo. No passado, diziam que mulher que namorasse padre tinha esse destino. Ela sai pelos campos soltando fogo pelas ventas e relinchando, apesar de não ter cabeça. Seu encanto, segundo a lenda, somente será quebrado se alguém conseguir tirar o freio de ferro que carrega. Em seu lugar, aparecerá uma mulher arrependida.

Boitatá
É uma gigantesca cobra de fogo ondulada, com olhos que parecem dois faróis, couro transparente que brilha nas noites e aparece deslizando nas campinas e beiras dos rios. Diz a lenda, que pode se transformar em uma tora em brasa para queimar e punir quem coloca fogo nas matas. Quem se depara com o Boitatá geralmente fica cego, pode morrer ou até ficar louco. Assim, quando encontrar com ele, deve ficar parado, sem respirar e de olhos bem fechados.

Curupira
Um anão de cabelos vermelhos com pêlo e dentes verdes. Como protetor das árvores e dos animais, costuma punir os agressores da natureza e o caçador que mate por prazer. É muito poderoso. Seus pés voltados para trás servem para despistar os caçadores, deixando-os sempre a seguir rastros falsos. Quem o vê, perde totalmente o rumo, e não sabe mais achar o caminho de volta. Para atrair suas vítimas, ele chama pessoas com gritos que imitam a voz humana. Pode ser visto montado em um Porco do Mato.

Iara
Uma linda sereia de pele morena, cabelos longos, negros e olhos castanhos que vive no rio Amazonas. Iara costuma tomar banho nos rios e cantar uma melodia irresistível, desta forma os homens que a vêem não conseguem resistir aos seus desejos e pulam dentro das águas. Tem o poder de cegar quem a admira e levar para o fundo do mar qualquer homem que ela desejar se casar. Os índios acreditam tanto no poder dela que evitam passar perto dos lagos ao entardecer.

Colaboradores:

Escola de Educação Infantil Girassol
Site: www.escolagirassol.com

Colégio Itatiaia
Site: www.colegioitatiaia.com.br

Ilustrações:

wwmarx.blogspot.com

Atualizado em 6 Set 2011.