Guia da Semana

Foto: Getty Images


Um garoto de apenas nove anos, filho único, leva uma advertência escrita da sua professora da escola, pois ele fingia que não escutava enquanto ela dirigia-se a ele. No dia seguinte, a professora chamou-o para checar a assinatura de um dos pais. Como não encontrou nada, além dos rabiscos do menino, ela chamou a mãe do garoto até escola e explicou o problema. "Coitadinho! Eu trabalho o dia todo", foram as únicas palavras da mãe.

Essa situação é um dos muitos exemplos que se pode observar no cotidiano das famílias, em que não há limites na educação dos filhos. A pedagoga Betina Serson contou o fato acima para exemplificar o artifício que alguns pais usam para justificar seus erros na educação dos filhos, por sua ausência ou até pela violência.

A arte de educar é muito mais árdua quanto parece. Assim, quando as atitudes de uma criança passam totalmente dos limites, é hora de se perguntar o que está errado e como mudar isso. Em primeiro lugar, os pais precisam se analisar e trabalhar internamente sobre as necessidades dos filhos e as responsabilidades que eles devem assumir de acordo com as fases que se encontram.

Não se culpe!

"Educação não combina com culpa", adverte a psicoterapeuta Fabiana Jurca Dadas. De acordo com ela, se os pais não podem educar, também não devem se culpar. Muitas vezes, por ficarem fora de casa o dia todo devido ao trabalho, pais e mães acabam fazendo as vontades dos seus filhos, impedindo-os de assumir as responsabilidades de acordo com sua idade.

Ao chegar em casa à noite, os pais precisam conversar com seus filhos, saber como foi o dia deles e dar a atenção que precisam. Mas, esse carinho também deve ser indicado com a demonstração de limites e cobrança dos deveres. Não é dando o presente que a criança tanto quer ou fazendo a lição de casa por ela, que estará ajudando-a. Os pais devem chegar depois do trabalho e conferir a lição de casa da criança, ajudá-la a fazer quando realmente for necessário, fazer questão da presença delas no jantar e somente dar presentes quando o filho merecer a gratificação.

Segundo Fabiana, uma criança que cresce sem limites, terá problemas posteriormente. "Se ela nunca escutou um não, será muito complicado assimilar qualquer rejeição quando adolescente ou adulta", explica. Como ela nunca precisou lidar com essas situações, as consequências podem ser bem ruins, como o desenvolvimento de uma depressão, o refugo na dependência química e torna-se agressiva.

Forte aliada

Se a escola tiver uma sólida proposta pedagógica, a educação dos filhos estará bem estruturada. Antes de deixar as crianças passarem o dia todo no colégio, os pais devem observar, pesquisar e visitar algumas escolas para escolher a ideal para seus filhos, ou seja, a que combine com os valores que você quer passar para eles.

"A escola é uma boa parceira, pois ela pode orientar as famílias em muitos casos", indica Fabiana. Os pais ficam presos aos seus filhos e podem não perceber os problemas que acontecem com eles, como demonstrar mais agressividade ou ficar mais tímido. Os pais acabam encarando com normalidade o que não deveria ser. Já a escola tem um grupo de alunos da mesma faixa etária, com quais pode se ter uma base de comportamento usual para a idade.

Além de que a escola é o primeiro lugar em que a criança vai sentir o gostinho de sua singela independência e das responsabilidades que vêm junto. Por isso, de acordo com Betina, os pais não podem fortalecer os "mimos" dos filhos e devem deixá-los ir à escola sem babá, carregando sua mochila e lancheira, por exemplo.

Foto: Getty Images


Limite = palavra chave

Em situações de passeios, é fácil encontrar crianças vestidas como mini-adultos. Meninas com saltinho, bolsinha, roupas curtas e maquiagem. Meninos com brinquinho na orelha ou até com roupas sociais. Os pais têm que deixar e incentivar as crianças a comportarem-se como tais, pois é preciso que vivam a sua idade. "Temos apenas 10 anos para sermos criança e o resto da vida para ser adulto", enfatiza Fabiana.

De acordo com a educadora, as aulas de línguas, instrumentos musicais e esportes, podem esperar um pouquinho mais. Não é necessário antecipar tantos conteúdos, se os pequenos ainda não possuem tanta responsabilidade para assimilá-los.

Os pais também não podem culpar os filhos por demonstrarem atitudes mais precoces, se os estimularem de alguma maneira. Se uma criança assistir a novelas com os pais diariamente, ela vai achar normal o apelo sexual que aparece nas telas.

Educar os filhos também requer uma auto-educação, pois, em certas ocasiões, os pais precisam abdicar do que gostam em pró da boa educação dos filhos. Se você quer que seu filho leia, estimule-o lendo historinhas à noite, por exemplo. Conforme isso virar um hábito, ficará implícito na personalidade e nos valores da criança.

Foto: Getty Images


Acompanhe a evolução dos pequenos!

A piscicopedagoga Betina Serson deu algumas dicas simples para os pais saberem se seus filhos estão adquirindo as responsabilidades certas de acordo com sua idade.

- De 1 ano e meio a 2 anos, as crianças já precisam começar a ir ao banheiro sozinhas, porém, sempre com supervisão de um adulto.

- Aos 3 anos, os filhos precisam aprender a usar colher e garfo e fazer as refeições sem os pais darem comida na boca.

- Com 5 anos, o pequeno deve tomar banho sozinho, mas com algum responsável por perto.

- Após os 6 anos, quando a criança for para a escola, os pais já podem começar a dar mesadas para o lanche e explicar que essa quantia de dinheiro deve durar para toda semana.

- Com 11, 12 anos os filhos precisam fazer a lição de casa sozinhos, sem ajuda dos pais, apenas com supervisão.


Atualizado em 6 Set 2011.