Guia da Semana

Por Larissa Coldibeli


Deixar de ser menino e virar homem em apenas nove meses. Esse é o desafio dos garotos que se tornam pais adolescentes. Apesar de não passarem por mudanças físicas, a cobrança que sofrem faz deste momento um teste de caráter. O aborto, muitas vezes, aparece como única solução para uma gravidez indesejada. Mas o que fazer quando o casal recusa essa possibilidade?

Geralmente, os meninos são vistos como vilões pela família da garota: se aproveitaram dela, que agora vai sofrer com a gestação. Para a própria família, são irresponsáveis, pois não usaram camisinha e vão perder a juventude. Tanta pressão abala o psicológico e o emocional desses jovens, que se vêem sozinhos num momento em que todas as atenções estão voltadas para a futura mãe.

Eles são obrigados a assumir responsabilidades e a mudar hábitos de sua rotina. A companhia constante dos amigos é substituída pelas visitas ao médico com a namorada. Isso, quando a paternidade é assumida e o relacionamento continua, pois alguns não resistem ao impacto da notícia. Ao contrário da garota, que é coberta de mimos pelos pais quando a barriga começa a crescer, a maioria dos meninos tem que trabalhar para sustentar a criança que vem por aí. Uma brusca transição afeta a postura dos jovens, que interrompem seus sonhos e projetos de vida para assumir o papel de chefe de família. Até no colégio, a flexibilidade com as garotas é bem maior para provas e faltas. Com os meninos, é quase nula.

Segundo o Ministério da Saúde, nascem cerca de 485 mil crianças no Brasil filhas de mães com menos de 19 anos. Entretanto, não há dados que dêem conta da quantidade de pais adolescentes. Entre as conseqüências da paternidade precoce, a mais preocupante é a evasão escolar. O Ministério da Educação informa que 25% dos jovens que abandonam a escola o fazem para assumir as responsabilidades de ter um filho.

Para que isso não aconteça, o apoio dos avós é fundamental. Num momento em que o adolescente está com a auto-estima abalada, é necessário que alguém o acompanhe e oriente nessa fase de adaptação. Sem falar na ajuda financeira, que é sempre bem-vinda para quem ainda não tem estabilidade econômica.

Lucca e Davi: o pai participa e se diverte

É o que acontece com Lucca Marmorato. Quando ele tinha 16 anos, sua ex-namorada engravidou durante uma recaída do casal: "Quando soube, pensei que minha vida ia acabar. Agora vejo que não, que eu amadureci muito com o nascimento do Davi". Ele e Ana Luiza D´Avila, 17 anos, voltaram a namorar e, praticamente, moram juntos: "Eu durmo na casa dela e ela na minha, mas moramos com nossos pais". Eles também se revezam nos cuidados com o bebê. Quando ele está na escola de manhã, é ela quem cuida de Davi. À noite, é a vez dela ir para a escola.

Mesmo com o amparo e o apoio da família, a transição de filho para pai é brusca. Os meninos interrompem seus sonhos e projetos de vida para assumir o papel de chefe de família. A única forma de evitar esse baque emocional é se prevenindo. A camisinha deve ser usada sempre, pois também protege das DSTs e pode ser combinada com outros métodos, como a pílula ou o diafragma.

Atualizado em 6 Set 2011.