Guia da Semana

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Quem é que nunca viu seu filho acordar chorando no meio da noite e dizer: "Fiz xixi na cama"? Muitos pais ficam em dúvida sobre como reagir quando essa situação vem à tona. A repreensão pode resultar em uma queda brusca da auto-estima e a compreensão exagerada pode dar à criança a impressão de que esse tipo de comportamento é normal.

Se acontece uma vez isoladamente, a incontinência urinária noturna pode ser considerada normal; mas, se a criança começa a fazer xixi na cama constantemente, algo de errado está acontecendo.Muitas vezes, se os pais não respeitam o tempo da retirada da fralda dos pequenos, a enurese noturna começa a ser vista como um problema quando, na realidade, não é. Segundo a pediatra Marcia Cuminale, os problemas só podem ser avaliados no contexto de cada criança. "Pode ocorrer retirada de fralda precoce, falta de amadurecimento neurológico, etc. Cada criança tem o seu tempo e ele deve ser respeitado pelos pais. A celebre frase ´cada caso é um caso´ é a mais pura verdade".

O ato de fazer xixi na cama só pode ser considerado um problema e começar a ser investigado quando acontece mais de duas vezes por semana, em crianças maiores de 5 anos. Antes dessa idade, é comum que a criança deixe o xixi escapar algumas vezes, pois ainda não tem total controle da micção.

Graus de enurese

Há dois tipos de enurese noturna: a primária e a secundária.

A enurese primária é aquela que se manifesta em crianças que nunca conseguiram deixar a cama seca por um período maior do que seis meses. Estes casos são vistos como mais leves, pois, a criança ainda não conseguiu dominar a micção.

E a enurese secundária é aquela que se manifesta em crianças que já conseguiram controlar a micção por mais de seis meses e, de repente, por conta de algum fator físico ou psicológico, perdem o controle desta função. Estes casos costumam ser mais preocupantes, já que a criança tinha domínio sobre a micção e o perdeu repentinamente.

O que fazer?

Antes de mais nada, os adultos devem conversar abertamente com os filhos sobre o que está acontecendo. Segundo a psicóloga Maria Laura Gomes, pai e mãe devem pensar o que mudou na família nos últimos tempos e o que pode ter alterado a rotina do pimpolho. "É preciso nomear essa mudança para a criança e explicar o que está acontecendo, para que ela entenda que pode estar expressando suas emoções ao fazer xixi na cama".

Em uma primeira investigação, os pais devem buscar justificativas psicológicas para o problema. A chegada de um irmão, a mudança de escola, o excesso de atividades diárias e a falta de atenção são somente alguns exemplos dos possíveis motivos que levam os pequenos a perderem o controle da urina durante a noite.

Nesse momento, a ajuda de um profissional é de extrema importância, pois além de ajudar a criança a lidar com um sintoma de sua dificuldade de expressar seus sentimentos, o psicólogo também ampara os pais, ensinando-os a agir nessa situação. "É interessante que os adultos façam sessões de terapia para falar sobre essa dificuldade dos filhos; só assim eles conseguirão superar o ´onde foi que eu errei´ e baixar a ansiedade para lidar com a situação", diz Laura.

Uma técnica interessante para que a criança comece a lidar com a causa da enurese e entenda que pode mudar isso é os pais colocarem limites na hora em que o ´xixi na cama´ acontece. Se os adultos pedirem para que os pequenos ajudem a trocar o lençol sujo e, enquanto isso, explicarem o que aconteceu, responsabilizando a criança (sem brigar com ela), esta tem grandes chances de superar o problema. "Os pais nunca devem fingir que não estão vendo o que está acontecendo. Poupar a criança e esconder a realidade, só agravam o incômodo".

Se após todas as tentativas de conversa e tratamento psicológico o problema persistir, é importante que os pais consultem o pediatra da criança e investiguem a possibilidade de causas orgânicas. Afinal, a enurese noturna pode indicar problemas de saúde mais graves, como uma infecção urinária.

"Quando uma criança chega ao consultório com enurese é realizado um exame clínico e, se existir necessidade, são solicitados os exames urina 1, urocultura e ultra-sonografia , diz Marcia Cuminale. Em caso de manifestação de alguma alteração em qualquer destes exames, o pediatra indica um urologista para fazer o acompanhamento mais específico da enurese e de suas causas.

Seja qual for a causa da enurese noturna, o importante é que os pais estejam sempre atentos ao comportamento dos filhos, deixando claro que estes podem contar com o apoio materno e paterno e que têm total liberdade para expor seus problemas, sentimentos e necessidades. Os pequenos não devem ser recriminados; têm que viver em um ambiente com muita conversa e sinceridade.

Profissionais consultados:
Marcia Cuminale - Pediatra - Consultório: (11)3845-8011 - [email protected]
Maria Laura Gomes - Psicóloga - Rua Doutor Franco da Rocha, 488 - Perdizes - Das 8h às 22h

Atualizado em 6 Set 2011.