Guia da Semana



A educação é um processo contínuo, cujo objetivo é levar a criança a um desenvolvimento que possa torná-la uma pessoa capacitada, com conhecimento das virtudes morais, transmitindo os valores da sociedade a qual pertence.

Dessa forma, é importante analisarmos a influência que a televisão exerce neste processo. Ela não é simplesmente mais um eletrodoméstico dentro de nossas casas, mas um aparelho que fala, transmite ensinamentos e que difunde modos de cultura.

A criança está mais sujeita a tal influência, uma vez que, inicialmente, tende a considerar tudo o que vê na televisão - desenhos animados, filmes, propagandas, notícias - como reais. A realidade é o pano de fundo sobre o qual se destaca a fantasia. E o tempo em que a maioria das crianças passa diante da tela é imenso. Pesquisas revelam que crianças entre 6 e 11 anos ficam mais de 20 horas semanais assistindo à TV, sem muita possibilidade de sair da ilusão do pensamento mágico. Isso permite que se tenha a falsa idéia de que os desejos possam ser concretizados, sem a necessidade de que seja feita alguma ação, bastando somente a mentalização.

O excesso de tempo na manutenção da criança nessa situação faz com que ela se detenha na infantilidade, com medo de crescer. A capacidade de imitação que a criança tem deve ser orientada para o conhecimento de personalidades reais e não para "heróis imaginários" e inexistentes.

Além do excessivo tempo de exposição aos programas de TV, a assimilação por esse veículo se dá bem mais rapidamente e em maior quantidade de informações, porque utiliza as capacidades audiovisuais em conjunto. Aprende-se sem grandes esforços. Assim, o aprendizado se dá de maneira acelerada e mais prazerosa. O problema é o conteúdo e o valor daquilo que se aprende. Os sentimentos de envolvimento com personagens, identificados com o poder, com a agressividade neles contidos, ficam presentes, desviando a criança das tarefas rotineiras, principalmente escolares. Assim, o uso sem critério da televisão pode causar defasagem no rendimento escolar, uma vez que a criança fica habituada às respostas prontas, à lei do menor esforço.

Esses aspectos, agregados aos novos modelos familiares, geram, algumas vezes, sentimento de abandono por parte da criança e culpa por parte dos pais. Esta situação acaba, muitas vezes, por incitar a criança a ficar no controle do que acontece a sua volta, com dificuldade para lidar com as frustrações, retendo-a em um estágio de compreensão da realidade aquém de sua idade cronológica. O fato de ambos os pais trabalharem fora de casa não os impossibilita de participarem ativamente na educação de seus filhos e sequer de estabelecerem regras mais restritivas ou comedidas quanto ao uso da TV pelos filhos. Apontamos algumas sugestões sobre como usar a televisão de modo que não prejudique, mas auxilie na educação da criança:

  • Não se deve "ver televisão", mas sim ver programas de televisão. Desse modo, pode-se evidenciar e enfatizar a capacidade de seleção e discriminação, que habilitará a criança a assistir aquilo que convém ver.

  • Ajudar a criança na escolha dos programas mais adequados para ela e assisti-los em sua companhia. Falar com a criança sobre os programas de TV pelos quais ela tem mais interesse e escutar seus comentários.

  • Combinar com ela quanto tempo se pode dedicar à TV. É conveniente ter um horário pré-estabelecido para ver programas de televisão.

  • Procurar não colocar uma TV em cada quarto. Este costume incentiva o isolamento e provoca uma dependência da televisão que é contrária à vida de família.

  • Evitar a utilização da TV como babá, dado que ela não cuida verdadeiramente da criança, especialmente se é permitido que veja "o que está passando".

  • Ver ou não ver televisão não deve constituir para as crianças uma questão de prêmio ou castigo.

  • Desencorajar o uso do controle remoto para realizar um multiprograma. Para criar um critério de seleção, devemos evitar ficar presos à televisão quando não se está assistindo um determinado programa.

  • Dar o bom exemplo. Se existir a mediação do adulto, ou seja, se ele estiver presente para conversar sobre os assuntos abordados em determinado programa, pode ser uma ótima oportunidade para apresentar o mundo e discutir.

    Quem é a colunista: Quézia Bombonatto.

    O que faz: psicopedagoga, fonoaudióloga, terapeuta familiar e presidente da Associação Brasileira de Psicopedagogia - ABPp.

    Pecado gastronômico: profiterole.

    Melhor lugar do Mundo: Ilhas Gregas.

    Como falar com ela: ou [email protected]

  • Atualizado em 6 Set 2011.