Guia da Semana


Nem todos os casamentos são perfeitos. Muitas vezes, aqueles que juraram amor eterno percebem que, no dia a dia, a vontade de estar junto pode acabar. Quando um casal decide se separar, a vida dos filhos pode virar de cabeça para baixo, e esta situação, muito comum hoje em dia, pode parecer um pesadelo.

Um em cada três jovens, de 16 a 25 anos, é filho de pais separados, segundo pesquisa feita pelo Datafolha no ano passado. E o número tem aumentado: em 1998, 78% dos entrevistados diziam que seus pais continuavam casados, contra 65% em 2007. Especialistas analisam que esta é uma conseqüência da vida moderna, da independência conquistada pelas mulheres, e de uma nova forma de estrutura familiar. Mas o fato é que o divórcio acaba afetando a vida dos adolescentes.

Meus pais se divorciaram quando eu tinha três anos, então não tenho muitas memórias deles ainda casados, mas me lembro de sempre ter sentido falta de uma união familiar. Anos mais tarde, descobri o quanto isso influenciou na minha vida, nos meus problemas e até na minha personalidade, incluindo, obviamente, os meus relacionamentos.

Quando você mora só com a sua mãe, ou com o seu pai, parece que falta alguma coisa. Sim, falta a outra parte do casal! Afinal, todos sabem que é preciso duas pessoas para gerar uma criança. O que a gente descobre mais pra frente é que nem sempre é preciso duas pessoas para criar um filho. Mesmo quando ambos são presentes, a separação representa uma perda enorme; em muitos casos, a primeira na vida do jovem. Esta ausência, ainda que meramente física, pode gerar uma insegurança em todas as áreas da nossa vida, além da quebra daquele conto de fadas em que o príncipe e a princesa vivem felizes para sempre.

A gente começa a questionar os relacionamentos humanos e a ter medo que o mesmo aconteça conosco quando formos adultos. Isso porque a sua referência de família agora está dividida em dois e isto pode ser extremamente decepcionante Apesar de hoje ser muito comum ter pais separados, a vontade de ter "uma família normal" continua presente, afinal, histórica e socialmente, a constituição "pai-e-mãe" é tida como o padrão, o que é certo.

Muitos jovens preferem que os pais não fiquem juntos, pois quando as brigas entre eles eram constantes e nenhum dos lados parecia mais estar feliz com a condição de casal. Alguns tentam segurar o casamento por causa dos filhos, mas quando isso se torna insustentável acabam se divorciando. Mas isso não acaba com o problema: as brigas muitas vezes continuam, até porque uma nova estrutura familiar surge, e com ela novas responsabilidades e formas diferentes de lidar com os filhos e com o ex-cônjuge.

Todo cuidado é pouco para ajudar um filho a entender e aceitar que seus pais já não querem mais morar juntos. É preciso muita conversa para que o jovem não se sinta culpado, ou rejeitado, e para que ele entenda que nem sempre um relacionamento dá certo, e isso não precisa ser uma tragédia. A minha família pode não ser "normal", ou dentro dos padrões, mas isso não significa que eu não sou feliz assim, e que não sou amada pela minha mãe e pelo meu pai. Às vezes é duro de aceitar, mas ser filho de pais separados pode ser mais fácil e menos doloroso quando a transição é feita da melhor forma para todos os integrantes da família.

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Quem é o colunista:Fernanda Carpegiani - Uma jovem enérgica que aproveita a vida de uma forma intensa e particular.

O que faz: Jornalista apaixonada.

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Melhor lugar do Brasil: Ubatuba - São Paulo.

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Atualizado em 6 Set 2011.