Guia da Semana

Foto: sxc.hu/


A icterícia, chamada popularmente de amarelão, é um problema comum em bebês e se caracteriza principalmente por deixar a pele amarelada.

Mais da metade dos recém-nascidos apresenta icterícia neonatal. Isto acontece porque, nos primeiros dias de vida, temos excesso de células vermelhas no sangue (hemácias). Este número precisa ser controlado pelo organismo. O encarregado do trabalho é o fígado, que deve recolher as hemácias e dividi-las em algumas partes menores. O que ainda pode ser usado é "reciclado" pelo sistema, o resto é descartado. Uma substância amarela, a bilirrubina, resulta deste processo e precisa sair do organismo pelo sistema digestivo.

Nos bebês, os órgãos ainda não estão totalmente formados. O fígado e o intestino podem não conseguir sintetizar toda a bilirrubina, então, esta se acumula nas veias e deixa o recém-nascido com a pele e outros tecidos amarelos.

É importante que o médico faça um acompanhamento diário para verificar se está tudo bem com o bebê. Caso seja detectada a icterícia neonatal, o tratamento é simples. Bastam algumas horas de banho de luz para solucionar o problema. A luz do sol ajuda a dissolver a bilirrubina acumulada ou, em casos mais graves, é realizada fototerapia com luz florescente especial. Muitas vezes o tratamento não é necessário e o corpo do pequeno resolve tudo sozinho.

Não tratar a icterícia traz conseqüência graves para o bebê. A bilirrubina pode ser absorvida pelo cérebro e causar Kernicterus, uma doença que gera danos neurológicos como cegueira e surdez, algumas vezes pode levar a morte.

Casos

Apesar de ter um tratamento simples, os pais acham difícil ver seu bebezinho enfrentando problemas desde cedo. Amaro, pai de Giovanna, diz que buscou informações e ficou tranqüilo com relação aos procedimentos. Mas, além de não poder levar o neném para casa, achou triste ver sua pequena passando por sucessivos exames de sangue, ele comenta "Mal veio ao mundo e já teve que levar agulhadas que são difíceis mesmo para nós, adultos"

Alguns fatos aumentam o risco de icterícia em crianças, como prematuridade, incompatibilidade sangüínea com a mãe e dificuldade de amamentação, algumas vezes o próprio leite materno pode facilitar a concentração de bilirrubina.

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Um exemplo de icterícia provocada por incompatibilidade de sangue é o da portuguesa Anabela. Apenas algumas horas após seu nascimento, foi detectado o problema. Todo o sangue de seu corpo foi trocado por sangue que seu pai doou. Aproximadamente um mês depois, enquanto estava sendo amamentada, se arqueou para trás, sua mãe ficou assustada. Retornou ao hospital e descobriram que os índices de bilirrubina estavam altos. Ao final dos três meses de tratamento, ela pôde voltar para casa.

Anabela recorda, "Quando tinha 4 anos, eu não falava e não ouvia. Foi-me detectada surdez em ambos os ouvidos, resultado dos problemas de nascença. Ou seja, a icterícia provocou lesão do oitavo nervo cerebral, responsável pelo ouvido interno". Felizmente sua surdez não é profunda, desde os 6 anos, ela ouve com ajuda de aparelho. A família de Anabela diz que a doença se agravou por um erro médico.

Fontes:
Armando Pironel, pai de Giovanna
Anabela Costa, professora
Departamento de Anatomia - Unicamp
Dra. Elisabete Almeida, pediatra, em http://www.lincx.com.br

Atualizado em 6 Set 2011.