Guia da Semana

Foto: Divulgação TV Cultura/Luciano Piva

Anos após o sucesso de Confissões de Adolescente, a TV Cultura volta a apostar no público jovem, com o seriado Tudo o que é Sólido pode Derreter. Mas ao contrário da abordagem de problemas cotidianos de outros folhetins do gênero, a proposta agora é criar uma atmosfera mágica, levando obras de nomes da literatura brasileira e portuguesa às telinhas.

Com direção assinada por Rafael Gomes e Esmir Filho (do curta Tapa na Pantera), a série foi dividia em 13 episódios e vai ao ar todas as sextas, às 19h30. Em cada um deles, estão presentes livros e poemas escritos entre os períodos do pré-classicismo e do modernismo nacional. O primeiro capítulo foi ao ar recentemente, apresentando Thereza (Mayara Constatino), aluna do primeiro colegial que vive conflitos típicos da adolescência, agravados pela ausência do seu falecido tio (Luciano Chirolli).


Conquistando espaço

A série é resultado de um projeto anterior dos diretores, que produziram um curta homônimo para o Festival de Cinema da Cultura Inglesa. "Eu tinha acabado de sair da faculdade e mandei o roteiro para o concurso. Um dos critérios era que o personagem central tivesse uma relação com uma obra britânica. Foi então que escolhi Hamlet, de Shakespeare, com uma personagem adolescente passando por momentos dramáticos, assim como a obra", conta Rafael Gomes.


Após o concurso, o projeto foi apresentado na emissora para uma avaliação, no final de 2005. "O curta tem 15 minutos e quando terminava, eu via na plateia aquele gostinho de quero mais. Eles se envolviam com a personagem. Então pensamos que a TV Cultura seria o parceiro ideal. Sempre tive vontade de levar literatura para a televisão, não foi somente por causa do festival. É um assunto que interessa aos jovens que estão no colegial ou que farão vestibular", explica o diretor.

Foto: Divulgação TV Cultura/Luciano Piva
O primeiro episódio contou com a participação da atriz Maria Alice Vergueiro

As obras literárias


Nas aulas de literatura, Thereza aproxima o seu cotidiano para as histórias dos livros passados pelo seu professor, como se seus amigos e família fossem os personagens. No primeiro episódio, o livro escolhido foi O Auto da Barca do Inferno, de Gil Vicente. "O mais legal da personagem principal é que toda vez que ela se envolve com algum tipo de livro, ela transforma seu cotidiano em algo mais poético", diz Luciano Chirolli.

Entre as obras que estão previstas para aparecer nos roteiros, estão diversos clássicos da língua portuguesa, tais como Sermões (Padre Antônio Vieira), Macunaíma (Mário de Andrade), Quem Casa Quer Casa (Martins Pena), O Guardador de Rebanhos (Fernando Pessoa) e Quadrilha (Carlos Drummond de Andrade).


"Não há nada nesse nível voltado para os adolescentes e a TV Cultura é pioneira em programas para esse público, como o antigo Confissões de Adolescente. Sem contar a tradição que a emissora tem com programas educativos. Acredito que os adolescentes vão se identificar com as histórias e aprender com elas", completa o ator.

Foto: Divulgação TV Cultura/Luciano Piva
Atores de diferentes gerações trocam experiências nos bastidores

Experiências

Mas produzir um programa para o público jovem relacionado ao hábito da leitura não é fácil, levando em conta a concorrência com outras mídias mais modernas, como videogame e computador. "Acredito que pelo fato de termos focado justamente em livros que fazem parte do currículo escolar, que também que são leituras obrigatórias para os vestibulares, podemos chamar a atenção do nosso público-alvo", comenta Rafael.

Já para Chirolli, o "tiozão" do elenco, a maior novidade fica por conta de trabalhar pela primeira vez em um programa teen. "Sou o mais velho do elenco fixo. A moçada tem entre 15 e 22 anos. Adorei tudo, até porque tenho vários pontos em comum com eles. O gosto musical deles bate com o meu e sempre trocamos ideias. É uma experiência de troca muito legal. Eles sempre me pedem conselhos e sugestões", completa o ator.

Atualizado em 6 Set 2011.